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Ucrânia acelera contraofensiva em área ocupada pela Rússia

Kiev usa tanques ocidentais contra posições em Zaporíjia, mirando ligação com a Crimeia

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São Paulo

A Ucrânia intensificou sua contraofensiva contra posições ocupadas pelos russos desde a invasão do país, iniciada em fevereiro de 2022, empregando principalmente os novos tanques e blindados que recebeu da Otan, a aliança militar ocidental, para a ação.

Segundo o Ministério da Defesa da Rússia, forças ucranianas concentram seus ataques no centro da frente de 1.000 km de batalha, em Zaporíjia, no sul. Houve também combates intensos mais a leste.

Bombeiros trabalham em prédio destruído por míssil russo em Uman, na região de Tcherkasi - Serviço Estatal de Emergência da Ucrânia/Reuters

O foco é a região da cidade de Tokmak. Ela fica a meros 80 km da costa do mar de Azov, o que ajuda a explicar a intenção presumida dos ucranianos: ir em direção ao litoral, cortando assim as ligações por terra que o Kremlin estabeleceu entre seu território e a península da Crimeia, anexada em 2014 pelo presidente Vladimir Putin.

Outro ponto fica a nordeste de lá, em Orikhiv, cidadezinha a 60 km da capital homônima da província de Zaporíjia, que ainda está sob controle ucraniano. Segundo a Defesa russa, os ataques da madrugada e da manhã desta sexta-feira (9) foram repelidos, mas é impossível saber a essa altura o que está acontecendo de fato.

"As tropas ucranianas falharam em atingir seus objetivos em todos os setores de combate, isso é claro como o dia", afirmou Putin em seu primeiro comentário sobre a contraofensiva. Não há acesso independente de jornalistas ou observadores nas regiões do conflito, e Kiev tem sido telegráfica —a ponto de tentar negar a contraofensiva, que começou no domingo (4).

Tanto é assim que a vice-ministra da Defesa, Hanna Maliar, escreveu no Telegram que "a situação é tensa em toda a frente, e o leste é o epicentro". Ela se refere a ações em torno de Bakhmut, Liman e Adviika, cidades de Donetsk, uma das quatro regiões anexadas ilegalmente por Putin em setembro. Bakhmut foi palco da mais sangrenta batalha da guerra até aqui, vencida pelos russos em maio.

Algumas imagens de drones militares russos mostraram, pela primeira vez com clareza, tanques alemães Leopard-2 e blindados americanos Bradley destruídos em combate. Sites de monitoramento com georreferenciamento validaram os dados.

No começo da semana, a Defesa russa havia passado vergonha ao divulgar uma imagem do que seria um tanque alemão sendo destruído, mas que análises detalhadas mostraram ser uma colheitadeira. Ao todo, a Otan disse ter fornecido 230 tanques para a contraofensiva, além de ter treinado e equipado cerca de 45 mil dos 60 mil soldados estimados para a ação.

Ao longo da madrugada, os russos promoveram diversos ataques com mísseis contra alvos em regiões como Tcherkasi e Jitomir. Já na Rússia, um ataque com drone ucraniano ocorreu em Voronej, importante centro com 1 milhão de habitantes a 180 km da fronteira.

Três pessoas ficaram feridas quando o aparelho atingiu um prédio, e a prefeitura local declarou estado de emergência.

Kiev volta a acusar Moscou por ataque a represa

Mais a oeste da ação militar, as preocupações se voltam para os efeitos do rompimento da barragem de Nova Kakhovka, ocorrido na terça (6). Nesta sexta-feira, a Ucrânia voltou a acusar a Rússia de ter explodido a represa, o que inundou vastas áreas à margem do rio Dnipro até a foz no mar Negro, a cerca de 100 km.

Segundo o SBU, o serviço interno de segurança de Kiev, uma ligação interceptada entre dois soldados russos na qual um deles fala que "fomos nós" os responsáveis pela explosão prova a culpa russa. Não é possível validar a gravação e suas condições.

Moscou nega, dizendo que quem disparou contra a estrutura, que servia de ponto de observação para soldados russos, foram os ucranianos. Em ambos os casos, é possível argumentar que o adversário teve alguma vantagem militar com a situação, embora a balança penda mais para o lado do Kremlin.

A hipótese de que a represa se rompeu devido aos danos sofridos ao longo da guerra, tanto por mísseis de Kiev quanto pela destruição de suas passarelas superiores pelos invasores, perdeu força nesta sexta. Relatório do serviço sismológico da Noruega mostra ondas de impacto compatíveis com a de uma explosão às 2h54 da terça na região de Nova Kakhovka, o horário em que a barragem rompeu.

Mas o texto não imputa culpas nem determina se a explosão ocorreu dentro da estrutura da barragem, o que joga a responsabilidade no colo russo, ou fora, o que sugere ataque que pode ser ucraniano.

As retiradas de famílias atingidas continuam dos dois lados do rio, com ao menos quatro novas mortes relatadas pelo governo ucraniano. Segundo o presidente Volodimir Zelenski, "centenas de milhares de pessoas estão sem acesso a água potável", naquilo que ele classifica de "ecocídio" por parte da Rússia.

Belarus recebe armas nucleares

Também nesta sexta-feira, Putin confirmou a data de entrada em operação de armas nucleares russas em Belarus, a ditadura vizinha e aliada do Kremlin. De acordo com o russo, entre 7 e 8 de julho as ogivas estarão operacionais.

O movimento foi amplamente condenado no Ocidente como uma escalada, ainda que Belarus não participe diretamente da Guerra da Ucrânia. Minsk permite, desde a invasão, que Moscou use seu território para mover tropas e lançar ataques.

Ao longo dos anos, a ditadura de Aleksandr Lukachenko alternou sua dependência de Moscou com namoros com o Ocidente, mas desde que grandes protestos desafiaram seu governo, em 2020, ele caiu progressivamente sob controle de Putin. O país vive em constante tensão com seus vizinhos da Otan, em especial Polônia e Lituânia, e é na prática um protetorado russo em caso de conflito com o Ocidente.

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