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Chance desperdiçada

João Doria e Márcio França transformaram o segundo turno num duelo infantil

Os candidatos ao governo paulista Márcio França (PSB) e João Doria (PSDB) durante debate na Band - Fotos Eduardo Anizelli/Folhapress

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Os dois candidatos que disputam o segundo turno da eleição para governador de São Paulo chegaram ao fim da campanha praticamente empatados. A última vez em que os paulistas viram uma competição tão acirrada pelo Palácio dos Bandeirantes foi há 20 anos.

Segundo o Datafolha, o ex-prefeito João Doria (PSDB) tem 52% das intenções de votos válidos —sem contar os indecisos ou dispostos a votar em branco ou nulo. Seu adversário, o governador Márcio França (PSB), está com 48%. 

Como a diferença é de apenas quatro pontos percentuais, eles estão emparelhados no limite da margem de erro do levantamento. Ou seja, tudo pode acontecer quando os eleitores ainda indefinidos voltarem às urnas neste domingo (28).

A sondagem revela também que Doria e França despertam doses idênticas de antipatia na opinião pública, ambos com taxa de rejeição de 42%.

É certamente um reflexo da campanha beligerante que conduziram, com trocas de ofensas pessoais que testaram a paciência de todos e deixaram em segundo plano o debate sobre os problemas que afligem a população de São Paulo.

Administrado por mais de duas décadas pelo PSDB, o governo estadual mostrou resiliência diante da crise econômica que o país enfrentou nos últimos anos. 

Suas finanças estão equilibradas, funcionários e fornecedores recebem em dia e não houve disrupção na oferta de serviços como no Rio de Janeiro ou em Minas Gerais, estados que serão entregues arruinados aos próximos governadores. 

No entanto, o êxito alcançado por sucessivas gestões produziu também complacência e ineficiência em áreas essenciais, como educação e segurança pública.

Mesmo com os recursos de que dispõe, o estado mais rico da Federação tem alcançado resultados medíocres nos testes que permitem avaliar a qualidade do aprendizado na rede pública de ensino.

Apesar da queda acentuada das taxas de homicídios, não se verificou progresso semelhante no combate a roubos e outros crimes contra o patrimônio, e as autoridades se mostram incapazes de esclarecer a maioria dos casos reportados.

O ambiente parece propício para a busca de soluções inovadoras, mas Doria e França desperdiçaram a chance oferecida pelo segundo turno e preferiram se entregar a um duelo infantil e inconsequente.

Eles se aproximaram até em tentativas patéticas de se associar ao líder da corrida presidencial, Jair Bolsonaro (PSL), que preferiu se manter distante da disputa. 

O grupo político que sustentou os tucanos no poder por tanto tempo se esfacelou com o embate entre Doria e França. Caberá ao eleito juntar os cacos dessa coalizão e trabalhar para que sua vitória não represente apenas o triunfo da mesmice.

editoriais@grupofolha.com.br

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