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Veja o que já aconteceu na crise do PSL e entenda o racha dos bolsonaristas

Bolsonaro pediu desfiliação do partido, envolto em denúncias de candidaturas laranjas

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São Paulo

Da guerra de listas que envolveu a disputa pela liderança do PSL na Câmara à saída do presidente Jair Bolsonaro do partido, são muitos os capítulos do racha na legenda.

A crise, que vem se alastrando na esteira das denúncias sobre o esquema de candidaturas laranjas nas eleições de 2018, ganhou destaque quando foi revelado um áudio do deputado Delegado Waldir (GO) chamando Jair Bolsonaro de "vagabundo".

O presidente Jair Bolsonaro - Adriano Machado/Reuters

Nesta terça (19), Bolsonaro assinou a desfiliação do PSL

Ele mede forças com o presidente da sigla, o deputado Luciano Bivar (PE) —que está envolvido em esquema de laranjas em Pernambuco.

Abaixo, relembre os acontecimentos mais recentes relacionados à crise no PSL.

Denúncia de Álvaro Antônio
O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, foi denunciado sob acusação de organizar um esquema de candidaturas laranjas no PSL de MG nas eleições de 2018. Como mostrou a Folha, um depoimento e uma planilha apreendida pela PF sugerem que o dinheiro do esquema pode ter abastecido, por meio de caixa dois, a campanha de Bolsonaro.

Crítica a Bivar
A um apoiador, Bolsonaro disse, no dia 8 de outubro, que Luciano Bivar, presidente do PSL, estava “queimado pra caramba”. A declaração do presidente desencadeou um racha no partido.

Saída do PSL
Um dia depois, Bolsonaro disse a pessoas próximas que estuda soluções jurídicas para sair do PSL e levar consigo deputados aliados sem que eles percam o mandato —um deputado que deixa a legenda pela qual foi eleito, salvo poucas exceções, tem que abrir mão do cargo.

Pedido de transparência
Em 11 de outubro, Bolsonaro e mais 21 deputados encaminharam um pedido à direção do PSL para que forneça a prestação de contas do partido. A intenção, dizem, é realizar uma auditoria externa.

Ação da PF contra Bivar
No dia 15, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Bivar. Ele é suspeito de organizar esquema de candidaturas laranjas em Pernambuco nas eleições de 2018.

Guerra de líderes
Deputados bolsonaristas tentaram depor o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), que é ligado a Bivar, e substituí-lo por Eduardo Bolsonaro. O próprio presidente atuou nesse sentido. A tentativa naufragou, mas escancarou o racha entre a ala ligada a Bolsonaro e a ala ligada a Bivar. 

Implodir o presidente
Em áudio vazado, Waldir chama Bolsonaro de "vagabundo" e diz que vai "implodir o presidente". A conversa foi gravada no gabinete do deputado no dia 16 de outubro. No dia seguinte (17), voltou atrás e disse que é como mulher traída, que "apanha, mas mesmo assim volta ao aconchego".

Destituídos
Em retaliação à tentativa de substituir Waldir, Bivar decidiu destituir Eduardo e Flávio Bolsonaro do comando dos diretórios do PSL em São Paulo e no Rio. Bia Kicis, aliada ao presidente, foi removida do diretório do Distrito Federal. Bolsonaro, por sua vez, tirou Joice Hasselmann (SP) da liderança do governo no Congresso —ela apoiou a permanência de Waldir.

Suspensos
No dia 18 de outubro, o grupo bivarista anunciou que cinco deputados que assinaram a lista para tentar destituir Waldir serão suspensos das atividades partidárias. São eles: Carlos Jordy (RJ), Alê Silva (MG), Bibo Nunes (RS), Carla Zambelli (SP) e Filipe Barros (PR). Eles não poderão representar o PSL em nenhuma atividades da Câmara, incluindo a votação para líder da bancada. Com isso, o grupo ligado a Bivar espera neutralizar o movimento de substituição de Waldir.

Nota de R$ 3
Também no dia 18, Joice Hasselmann disse que Eduardo Bolsonaro é um menino que não consegue nada sozinho. Em retaliação, o deputado postou uma montagem nas redes sociais com uma nota de R$ 3 e uma foto de Joice, sugerindo que ela seria falsa. Joice, por sua vez, publicou em seu perfil no Twitter uma mensagem dizendo que não tem medo de milícia. "E não se esqueçam que eu sei quem vocês são e o que fizeram no verão passado", escreveu a deputada.

AGU
Ainda no mesmo dia, Bolsonaro acionou a AGU (Advocacia-Geral da União) para processar Waldir. A equipe do ministro André Mendonça estuda que medidas criminais são cabíveis contra o deputado por conta do áudio em que chama o presidente de “vagabundo”. 

Comissão de ética
Um grupo de deputados ligados a Bivar apresentou no dia 20 ao partido uma requisição pedindo que Eduardo seja suspenso e levado ao comitê de ética da agremiação. A estratégia foi revelada pela coluna Mônica Bergamo.

Novo líder
Depois de intenso desgaste em razão das disputas pela liderança do PSL na Câmara, Delegado Waldir abriu mão do cargo no dia 21. O posto ficou com Eduardo Bolsonaro, que destituiu todos os 12 vice-líderes do partido na Casa (a maioria era aliada a Bivar). A ala bivarista, contudo, ainda tem planos de retomar a liderança.

Os suspensos
Mais cedo, no mesmo dia, Waldir disse que suspensão de 5 deputados ligados a Bolsonaro seria cancelada. Parlamentares, contudo, entraram com pedido para que o STF barre a ação contra eles.

Vaivém
No dia 22, o PSL abriu processo de suspensão de 19 deputados alinhados a Bolsonaro, entre eles Eduardo. O grupo, porém, conseguiu uma liminar (decisão provisória) na Justiça para travar qualquer tipo de punição. A ala de Bivar estuda recursos contra a decisão

Expulsão
O diretório nacional procura brechas no regimento do partido que possam justificar a expulsão do grupo alinhado a Bolsonaro

Saída definitiva
No dia 12 de novembro, Bolsonaro reuniu deputados aliados no Planalto para anunciar que deixará o PSL. A tendência é que ele fique um tempo sem partido e, depois, migre para uma nova sigla, ainda a ser fundada.

Filiação a um novo partido é uma dos raros cenários em que um deputado pode deixar a legenda pelo qual foi eleito sem perder o mandato. 

Desfiliação
Nesta terça (19), Bolsonaro assinou a ficha de desfiliação do PSL. Um dia antes, seu filho Flávio tinha solicitado a saída da legenda. Como os dois ocupam cargos majoritários, não perdem o mandato se saírem da sigla pela qual foram eleitos.

Na quinta-feira (21), o presidente lançará uma nova legenda, a Aliança pelo Brasil. 

OS DOIS LADOS NO RACHA NO PSL

Bolsonaristas

  • Eduardo Bolsonaro (SP), deputado federal
  • Major Vitor Hugo (GO), líder do governo na Câmara
  • Helio Negão (RJ), deputado federal
  • Carlos Jordy (RJ), deputado federal
  • Bia Kicis (DF), deputada federal
  • Carla Zambelli (SP), deputada federal
  • Filipe Barros (PR), deputado federal
  • Bibo Nunes (RS), deputado federal
  • Alê Silva (MG), deputada federal (retirada da Comissão de Finanças e Tributação)
  • Daniel Silveira (RJ), deputado federal
  • Luiz Philippe de Orleans e Bragança (SP), deputado federal
  • Flávio Bolsonaro (RJ), senador (Senado)

Bivaristas

  • Delegado Waldir (GO), líder do partido na Câmara
  • Joice Hasselmann (SP), deputada federal e ex-líder do governo no Congresso
  • Junior Bozzella (SP), deputado federal
  • Felipe Francischini (PR), deputado federal (presidente da CCJ)
  • Sargento Gurgel (RJ) deputado federal (cotado para substituir Flávio Bolsonaro no diretório estadual do Rio de Janeiro)
  • Nelson Barbudo (MT), deputado federal
  • Professora Dayane Pimentel (BA), deputada federal
  • Delegado Antônio Furtado (RJ), deputado federal
  • Delegado Pablo (AM), deputado federal
  • Heitor Freire (CE), deputado federal
  • Major Olimpio (SP), senador

RAIO-X DO PSL

271.195 filiados (em ago.19)

3 governadores

53 deputados federais

3 senadores

R$ 110 milhões em repasses do fundo partidário em 2019 (estimativa)

O VAIVÉM PARTIDÁRIO DE BOLSONARO

PDC 
1989 - 1993*

PPR 
1993 - 1995*

PPB 
1995 - 2003*

PTB 
2003 - 2005

PFL 
2005 (atual DEM) 

PP  
2005 - 2016 (antigo PPB)

PSC 
2016 - 2018

PSL 
2018

*Fusões
Fonte: CPDOC-FGV

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