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3 dias em Manaus: veja roteiro para conhecer a cidade sem cair em armadilhas turísticas

Capital amazonense guarda relíquias da Belle Époque dos trópicos e dá um gostinho do que se encontra floresta adentro

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Manaus

Principal porta de entrada para quem visita a Amazônia, Manaus ainda é tida como um lugar de passagem para os turistas que vão dali para os rincões da floresta amazônica —grande parte deles, gringos.

Mas aos que topam ficar por mais alguns dias, a cidade se revela um destino agradável, que mescla o caos de uma grande capital com a tranquilidade de uma cidade do interior, com muita história e boa comida pelo caminho.

Embarcação leva turistas ao encontro das águas, em Manaus, onde o Rio Negro encontra o Rio Solimões - Folhapress

Conhecida no final século 19 como a Paris dos trópicos, Manaus hoje também é uma cidade de grandes distâncias, com deslocamentos que muitas vezes envolvem barcos, e com um turismo ainda não muito bem desenvolvido e organizado. Por isso, é também um lugar onde facilmente se cai em armadilhas, como passeios superfaturados e superestimados.

A principal dessas arapucas é a Experiência Amazônica, que leva o turista para ver o encontro das águas, para nadar com botos, pescar pirarucu e visitar uma aldeia indígena. Tudo em um dia, com almoço incluso. Mas não se engane: a interação com os botos não faz bem a eles, o almoço não é bom, e a visita à aldeia, que fica logo ali do outro lado do rio, parece mais uma encenação do que qualquer outra coisa. Por isso, esse roteiro não inclui esse passeio.

Veja a seguir um roteiro de 3 dias em Manaus.

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DIA 1

Se possível, chegue durante o dia, para ter uma vista aérea da imensidão da floresta amazônica. Se hospede no centro, onde está a maioria das opções gastronômicas e noturnas da cidade. Por lá há desde hostels a acomodações mais luxuosas, como o Villa Amazônia, e também opções no meio do caminho, como o Ibis Styles.

Para matar a ânsia de floresta, deixe as malas no hotel e siga para o Musa, o Museu da Amazônia. Ele fica numa reserva de 10 mil hectares de floresta virgem —um maciço verde que praticamente define o limite nordeste da capital. Por lá, a principal atração é uma torre de observação de 42 metros de altura, de onde se contempla o esplendor da floresta em todos os seus níveis: das árvores menores até as que formam a copa da floresta.

Exemplar de Angelim-pedra, a maior espécie de árvore da floresta amazônica, no Musa, o Museu da Amazônia, em Manaus - Folhapress

A vista do alto da torre faria o passeio valer por si só, mas o caminho também não deixa a desejar. Ele passa por vários pés de angelim-pedra, a árvore mais alta da floresta amazônica, que chega aos 80 metros de altura; e por 11 viveiros, onde é possível ver de perto e com segurança animais e plantas que vivem por ali, como borboletas, aracnídeos e serpentes, cogumelos, orquídeas e vitórias-régias. Tudo isso permeado pela exposição fotográfica "Amazônia Indígena", com registros da vida e dos costumes de 20 etnias.

Com calma, a visita ao Musa leva cerca de três horas. É obrigatório calçar sapatos fechados, mas quem não se atenta à regra pode alugar galochas e meias por R$ 20. O museu fecha às quartas.

Depois do Musa, volte ao centro e reviva o passado glorioso da cidade na visita guiada ao Teatro Amazonas, que acontece de hora em hora, das 9h às 17h. Passeando por todo o teatro, incluindo o salão nobre com seus lustres caríssimos, dá para ter uma noção pujança econômica do ciclo da borracha e dos costumes da época, já que o teatro era o grande ponto de encontro da elite, que tentava reproduzir ali a belle époque europeia.

Se tiver tempo, vale dar uma passada na Galeria do Largo, um centro de artes visuais que expõe artistas amazonenses do interior e da capital.

Almoce (ou almojante) uma banda de tambaqui com suco de cupuaçu no Tambaqui de Banda, que fica em frente ao teatro; ou, se o dia já estiver acabando, emende um happy hour no Bar do Armando, um patrimônio cultural imaterial do Amazonas, naquele mesmo largo. A poucos quarteirões dali, na praça da Saudade, bares um pouco menos turísticos concentram o agito jovem e LGBTQIA+.


DIA 2

O segundo dia será longo, então se dê o luxo de acordar mais tarde e tomar um café da manhã reforçado, com calma. Vista trajes de banho por baixo da roupa e, no final da manhã, peça um Uber para a Marina do Davi. É de lá que, de hora em hora, partem as lanchas que levam ao Museu do Seringal —e também às várias comunidades ribeirinhas do entorno, revelando um pouco da rotina dos locais. O trajeto de ida e volta custa R$ 48, e o ingresso do museu, R$ 20.

Museu do Seringal, em Manaus, remonta a dura vida dos seringueiros, que viviam em situações análogas à escravidão -um outro lado da riqueza da Paris dos Trópicos - SEC-AM

Com todas as instalações de um seringal do começo do século 20 (incluindo a casa do coronel, o aviamento, a capela e os locais de produção da borracha), o museu remonta a dura vida dos seringueiros, que eram atraídos para lá com promessas de grandes ganhos e acabavam em situações análogas à escravidão –um outro lado da riqueza da Paris dos trópicos.

Tudo foi construído para a gravação do filme "A Selva" (2002) e, depois, doado ao estado, que transformou em museu. Só as seringueiras, é claro, são reais –é possível, inclusive, ver como era feita a extração do látex.

Ao final da visita, a lancha retorna à Marina do Davi. De lá, peça um Uber para a praia da Ponta Negra, que fica ali pertinho. Já na chegada, almoce tacacá ou um bom açaí com farinha no trailer da simpática Tia Socorro. Em seguida, desça para a praia e mergulhe nas águas quentes e escuras do rio Negro, que contrastam de maneira única e especial com o pôr do sol dali.

Pôr do sol visto das águas do rio Negro, na praia da Ponta Negra, em Manaus - Folhapress

Se o calorão manauara estiver muito forte para uma tarde toda na praia, peça um Uber de volta ao centro um pouco antes do pôr do sol e veja se ele topa fazer um bate e volta cruzando a ponte sobre o rio Negro. Inaugurada em 2011 com 3,6 km de comprimento e 190 metros de altura, ela é a mais alta do Brasil. Lá de cima, no fim da tarde, o pôr do sol é cinematográfico –e ainda mais inesquecível na garupa do mototáxi, se você tiver coragem.

À noite, um rolê imperdível é o Sarará, um charmoso bar em um casarão azul no centro, que até mesmo às segundas-feiras recebe rodas de samba cheias de energia e muito frequentadas por locais.

Bar Sarará, no centro de Manaus, recebe rodas de samba cheias de energia e muito frequentadas por locais - Folhapress

DIA 3

Não dá para ir embora de Manaus sem ir ao famoso encontro das águas. A dica é chegar logo pela manhã ao porto do Ceasa e, lá, negociar com os barqueiros uma ida somente até o encontro.

O passeio dura pouco mais de uma hora, e pode custar entre R$ 100 e R$ 150, a depender do seu poder de barganha. O valor pode ser dividido com outros turistas ou com o seu grupo de amigos. Abuse das fotos, mas não deixe de perceber a diferença entre as águas dos rios Negro (quente e escura) e Solimões (mais fria e barrenta).

Na volta, peça um Uber para o centro. É hora de bater perna. Estão lá a charmosa praça Heliodoro Balbi, com seu coreto de ferro todo adornado e importado da Europa (como tudo da belle époque tropical); o Palacete Provincial, que foi sede do governo no Império e hoje abriga cinco museus; o Palácio Rio Negro, outra importante ex-sede de governo; e a catedral Nossa Senhora da Conceição. Nesses locais, o grande barato é observar a arquitetura, que mescla o estilo colonial com soluções para adaptá-lo ao calor amazônico.

Quando a fome bater, almoce no Biatuwi, um restaurante de comida indígena que fica na primeira rua da cidade, a Bernardo Ramos. Não deixe de provar as formigas, o peixe puquecado e o caxiri, um fermentado de mandioca levemente alcoólico e delicioso. A poucos passos dali, vale dar uma passada no mirante São Vicente, que oferece uma linda vista da ponte —o pôr do sol ali também é encantador.

Tambaqui puquecado servido na casa de comida indígena Biatuwi, em Manaus, acompanhado de farinha de uarini, beiju e sapó, um guaraná natural ralado na língua do pirarucu - Folhapress

Na parte baixa do centro, há ainda o mercadão municipal Adolpho Lisboa, ótimo para comprar artesanatos e provar o x-caboquinho, um sanduíche tradicional que leva tucumã, banana, queijo coalho e manteiga. Se você prefere lembrancinhas de comer, dê uma passada na Feira Manaus Moderna, onde produtores de todo o interior do estado vendem suas mercadorias. Prove também o baré, o guaraná local.

Antes de tomar o rumo do aeroporto, encerrar sua viagem em grande estilo no Caxiri, o restaurante da chef Débora Shornik, que fica em um casarão tombado com vista para o Teatro Amazonas. Tudo ali é uma delícia, mas o arroz de tacacá com camarões e a mandioca prensada com queijo coalho dão vontade de pedir uma marmitinha para viagem.

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