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Ciclocosmo - Caio Guatelli
Caio Guatelli

Ciclopassarela do parque Villa-Lobos, em SP, está pronta há 6 meses, mas segue fechada

Inauguração foi cancelada em setembro de 2023, após interdição causada por outra obra; nova data depende de auditoria

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São Paulo

Seis meses após ter sua abertura anunciada, a ciclopassarela que liga o parque Villa-Lobos à ciclovia do rio Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, segue fechada. A estrutura está pronta, mas vigilantes impedem o acesso em ambas as extremidades.

Responsável pela obra, a ViaMobilidade, concessionária que administra a linha de trem que passa sob a estrutura, comunicou que a ciclopassarela "foi concluída no prazo e está em fase final de validação de auditoria". O comunicado diz ainda que "esse processo está previsto para ser concluído em abril", mas não deu data para inauguração da obra.

Ciclopassarela que conecta o Parque Villa-Lobos à ciclovia do rio Pinheiros está pronta, mas a data de abertura ainda é incerta - foto: Caio Guatelli

A ciclopassarela é um projeto criado pela CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) em 2011. Na época, o plano era criar uma conexão entre o parque Villa-Lobos, a ciclovia do rio Pinheiros e o Campus da USP, no outro lado rio, ao custo de R$ 80 milhões.

Em 2012 a obra chegou a ser iniciada com a construção de 2,4 km de prolongamento cicloviário —entre o antigo ponto final da ciclovia, no acesso da ponte Cidade Universitária, e o ponto de acesso projetado, na altura do parque Villa-Lobos—, mas a iniciativa foi rapidamente abandonada. A estrutura pré-fabricada em aço, que já havia sido comprada e entregue ao canteiro da obra, passou anos amontoada na beira do rio. Desde então, o trecho de 2,4 km de ciclovia é um caminho sem saída, e serve apenas para lazer e treinamento esportivo.

Os constantes apelos pela conclusão da obra, feitos em grande parte por coletivos de cicloativistas, só surtiram efeito em 2019, quando a administração da ciclovia foi entregue à iniciativa privada.

"Vocês [cicloativistas] pediram, fomos na CPTM e resgatamos o projeto que estava desde 2011 parado, e enviamos para a ViaMobilidade. Eles aceitaram fazer a passarela", disse Michel Farah, CEO da Farah Service, empresa que tem a concessão da ciclovia do rio Pinheiros. "Depois teve todo um estudo para ver se aqueles pilares ainda aguentariam. Foi um trabalho bacana", completou ao elogiar a ViaMobilidade e o governo paulista.

Com a recuperação da estrutura metálica, a obra foi retomada em julho de 2023 para ser inaugurada em setembro do mesmo ano. Mas a entrega da ciclopassarela acabou frustrada pelas obras de contenção das margens do rio, que causaram uma série de interdições na ciclovia, inclusive no trecho da nova ponte.

A interdição da ciclovia durou até sábado passado. Ciclistas esportivos comemoram a volta da pista de treino, mas parte da população ficou insatisfeita quando viu a nova ponte fechada.

"Dá a impressão de que só vão abrir quando o prefeito tiver espaço na agenda para descerrar placa de inauguração ou coisa do tipo", disse inconformado o assistente jurídico Fernando Pereira de Araújo, 40 anos, morador do bairro Vila Jataí, na zona oeste. "[Quando abrir], meu plano é entrar na ciclovia pela ponte Cidade Universitária e chegar ao Villa-Lobos contemplando o rio e sua fauna com as crianças", completou.

A nova conexão está em área administrada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), e sua inauguração não depende do prefeito, como supôs Araújo. Contudo, cabe ao mandatário da cidade, atualmente Ricardo Nunes (MDB), a inauguração de duas outras pontes para ciclistas. Uma ainda não saiu do papel, e deve ligar o Brooklyn ao Morumbi, na zona sul. A outra, que em 2022 teve seu projeto rebatizado como ciclopassarela Jornalista Erika Sallum (em homenagem à criadora do Ciclocosmo, morta em 2021), demorou quase trinta anos para sair do papel, mas segue hoje em ritmo acelerado de obras e já foi vistoriada por Nunes na quinta-feira (21). Sua entrega faz parte das metas da atual gestão municipal e está prevista para dezembro.

Diferente da ViaMobilidade, que não respondeu quando questionada sobre a abertura da nova ciclopassarela, Farah já arriscou uma data: "dia 3 ou 4 [de abril]", logo após a correção "de algumas falhas" na instalação das grades de segurança.

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