Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Tarde de futebol em dose dupla reconciliou torcedor com espetáculo

Tecnicamente, o jogo no Parque das Princesas foi melhor que o do Maracanã

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Feche os olhos e imagine um passe do capitão argentino Lionel Messi para a capitã americana Megan Rapinoe.

 

Não tenha dúvida. Ela amorteceria a bola com carinho e partiria para o gol. Muito provavelmente, faria o gol.

Agora pense numa tabelinha entre a volante francesa Amandine Henry e o centroavante portenho Sergio Agüero.

Ambos os dois, como diria Luís de Camões, têm competência para acabar nas redes.

Argentinos e americanas não deixaram por menos nos dez primeiros minutos das quartas de final da Copa América e da Copa do Mundo na última sexta-feira (28), no Maracanã e no Parque das Princesas.

A tarde no Rio já começou especial quando Messi cantou o hino de seu país, velha cobrança que recebe de seus conterrâneos.

E seguiu diferente por pelo menos dez minutos, quando a Argentina mostrou sua cara, sufocou a Venezuela e abriu o placar com Lautaro Martínez, o jovem artilheiro que faz trio com Messi e Agüero e gols como quem chupa um picolé, ou de letra, como se viu no Rio de Janeiro.

O argentino Lautaro Martinez comemora após abrir o placa contra a Venezuela
O argentino Lautaro Martínez comemora após abrir o placa contra a Venezuela - Carl de Souza/AFP

A seleção Vinho Tinto demorou para se reequilibrar, mas acabou por preocupar o adversário ainda no primeiro tempo.

Enquanto isso, simultaneamente, as americanas tratavam de calar o lotado estádio parisiense com gol de Rapinoe ao bater falta com perfeição e fazer 1 a 0 logo no quinto minuto.

Os 9.162 quilômetros que separam a Cidade Maravilhosa da Cidade Luz eram preenchidos por bom futebol de astros conhecidos, como os argentinos, ou de estrelas como as apresentadas agora, por americanas e francesas, para a torcida brasileira.

Tecnicamente, nem precisa imaginar ou pensar, basta acreditar: o jogo das mulheres foi melhor que o dos homens, com a ponteira francesa Kadidiatou Diani fazendo o diabo pela direita.

Sim, o espetáculo ficou por conta delas.

A francesa Kadidiatou Diani durante partida contra os Estados Unidos
A francesa Kadidiatou Diani durante partida contra os Estados Unidos - Lionel BONAVENTURE/AFP

Se a Venezuela não conseguia chegar ao empate, o gol da França parecia amadurecer a cada minuto da etapa final.

But, sempre tem um mas, Rapinoe não briga com Donald Trump, nem avisa que a Casa Branca ficará sem sua visita, à toa.

Tratou de matar a reação francesa ao fazer o 2 a 0 aos 65 minutos, embora a gigantesca zagueira gaulesa Wendie Renard tenha diminuído ao fazer seu but (gol em francês) quando ainda faltavam dez minutos para o fim do jogo e incendiado o Parque das Princesas que, frustrado com a prorrogação que não veio, retomou seu nome original, porque deixa de ser palco da Copa. As semifinais (2 e 3 de julho) e a finalíssima (7) serão disputadas em Lyon, com a disputa pelo terceiro lugar em Nice, no sábado (6).

A Copa América vai chegando ao fim ainda prometendo o melhor para os próximos jogos. A Copa do Mundo, ao contrário, já cumpriu com seu papel e deve ter encerramento apoteótico.

Final antecipada?

Chamar o jogo da terça-feira (2), no Mineirão, entre Brasil e Argentina de decisão precoce é um exagero, porque os dois times não mostraram nada que justifique.

A seleção brasileira é melhor na defesa, pior no ataque, e os dois meios de campo se equivalem em avareza criativa. 

Gabriel Jesus comemora cobrança de pênalti que classificou o Brasil para a semifinal da Copa América de 2019
Gabriel Jesus comemora cobrança de pênalti que classificou o Brasil para a semifinal da Copa América de 2019 - Juan MABROMATA/AFP

O trio Lionel Messi, Agüero e Lautaro Martínez tem mais condição de brilhar que, espera-se, Willian, e não Gabriel Jesus, Firmino e Everton.

O melhor jogador do mundo ainda não brilhou nesta Copa América e não será novidade se tiver deixado o brilho para Belo Horizonte.

Surpresa seria Neymar se apresentar para o jogo...

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