Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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As meninas já são adultas

Acabou a conversa sobre as garotas do Brasil. Agora elas viraram mulheres maduras

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Os espetáculos vistos no Beira-Rio e em Itaquera nas finais do Campeonato Brasileiro de futebol das mulheres marcaram o fim de uma era e o começo de outra.

Mais de 77 mil torcedores compareceram aos dois jogos, fora quem viu pela TV.

Quem assistiu só teve motivo para querer ver mais, para voltar a acompanhar os jogos, tamanha a qualidade dos dois jogos entre as Brabas corintianas e as Gurias coloradas.

Os apelidos dos dois times dizem muito, por sinal.

Maduras, as alvinegras chegaram ao tricampeonato seguido, o quarto alternado, na sexta final consecutiva que disputaram, para completar 13 vitórias nas 13 partidas que disputaram no estádio de Itaquera em toda a história do time e do palco, desta vez com 41 mil torcedores, novo recorde continental para jogos femininos entre clubes.

Brabas e Gurias duelam na final do Brasileiro - Adriano Vizoni - 24.set.22/Folhapress

Depois do 1 a 1 em Porto Alegre, o 4 a 1 em São Paulo frustrou um pouco os não corintianos que queriam ver a finalíssima mais equilibrada.

A experiência das Brabas falou mais alto, e as Gurias sucumbiram perante a Fiel em tarde de gala.

Tarde que, aliás, deveria ter começado duas horas depois e bem poderia ter sido no domingo, para aproveitar a parada do campeonato dos homens e dar à decisão o horário nobre do futebol, oportunidade desperdiçada pela CBF.

De qualquer modo, mudou-se o patamar do esporte a partir de agora.

As meninas do Brasil viraram adultas, mesmo as mais moças, como adultos são os jovens Vinicius Junior e Pedro.

Olhávamos para a geração da Formiga, ou da Marta, como se olha para heroínas —e elas eram, foram e são mesmo.

Ganharam medalhas olímpicas de prata, foram vice-campeãs mundiais.

Para tanto, enfrentaram mais que as rainhas estado-unidenses ou as fortes seleções europeias, mas, primeiramente, o preconceito e, depois, o descaso nacionais.

Vencidas as principais barreiras, novas conquistas se sucederam, e mais importante que ter uma seleção brasileira vencedora é ter clubes capazes de montar bons times e atrair o respaldo de seus torcedores. Até porque refletirá na seleção. Eis que as mulheres conseguiram.

Os principais clubes do país, os de maiores massas, hoje têm equipes competitivas, e, por mais que as campeãs alvinegras tenham goleado Palmeiras e Inter nos jogos de volta das semifinais e das finais, o campeonato recém-encerrado mostrou acirradas disputas entre os times.

Repita-se: as meninas viraram mulheres, as garotas são adultas, os espetáculos estrelados por elas valem a pena.

Caso as gaúchas tivessem quebrado a hegemonia paulista, teríamos visto mais um passo dado no sentido da nacionalização do futebol das mulheres, mas as Brabas, como se fossem os bávaros de Munique na Alemanha, não parecem nada dispostas a dar espaço à concorrência.

Tudo bem, faz parte.

Falta agora o empenho para forçar a Fifa a fazer também o Mundial de Clubes feminino, porque, se entre seleções o desnível aumentou nos últimos tempos, é inegável a curiosidade por ver um embate entre as campeãs europeias do francês Olympique Lyonnais e as tricampeãs da Libertadores do Corinthians.

No próximo dia 13 de outubro, as corintianas, além das palmeirenses e das afeanas da Ferroviária de Araraquara, estarão em Quito, no Equador, para começar a disputar a 14ª Libertadores, dez vezes vencida por brasileiras.

Passará na TV Pluto, canal de streaming da Paramount.

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