Deputado republicano: "Com a palavra, Sua Excelência, a representante do estado da Geórgia".
Deputada Marjorie Taylor Greene: "Obrigada. É uma satisfação participar da primeira sessão do Comitê de Segurança Interna, desde que a polícia Gaspacho de Nancy Pelosi perdeu o controle da Câmara".
Deputado republicano: "Sua Excelência se refere à Gestapo, a polícia nazista?".
Deputada Taylor Greene: "Vamos ao que interessa. Na pauta hoje, as inundações em curso na Califórnia. Se antes os Rothschilds e a cabala judaica dispararam lasers espaciais para incendiar florestas e abrir caminho para uma nova ferrovia, é urgente agora apurar os interesses por trás dessas inundações. Porque as inundações são ruins e sabemos que o aquecimento do planeta será benéfico".
Deputado democrata: "Peço o arquivamento nos autos do texto em que a deputada apresenta sua teoria sobre a conspiração judaica para queimar as florestas da Califórnia".
As palavras acima não foram escritas por redatores de comédia e, embora esse diálogo não tenha acontecido, é uma questão de tempo até uma variação dele se tornar realidade.
O novo presidente da Câmara, Kevin McCarthy, já deu as chaves do hospício a um punhado de lunáticos. Taylor Greene, até hoje, era a mais visível entre os propagadores de conspirações do QAnon, como "Obama é muçulmano" e "nenhum avião bateu no Pentágono nos ataques do 11 de Setembro".
Outro colega da deputada no Comitê de Segurança Interna é o dentista Paul Gosar, que, como ela, foi banido de acesso a qualquer colegiado na legislatura passada, por incitar a violência contra deputados democratas. A ideia dele para proteger a segurança nacional é dar indulto imediato aos quase mil indiciados pelo ataque terrorista ao Capitólio, em 2021. "Seria apenas um bom começo", explicou o legislador do Arizona.
Os comitês especiais da Câmara e do Senado americanos têm pesos diferentes sobre o destino do país. Uma preocupação expressa até por republicanos, nesse início de período legislativo, é se o líder McCarthy teria coragem de congelar o acesso do farsante George Santos a qualquer uma das comissões e a informações privilegiadas.
É preciso sofrer de otimismo incorrigível para usar a palavra "coragem" em qualquer referência a Kevin McCarthy.
Santos, o filho de brasileiros que inventou quase todo o seu currículo e tem prisão preventiva decretada em Niterói por estelionato, ganhou não só um, mas dois assentos nesses colegiados.
Ele vai participar do Comitê de Pequenas Empresas, responsável por supervisionar uma das maiores iniciativas de governo, o Programa de Proteção ao Salário, estimado em quase US$ 1 trilhão, criado no começo da pandemia de Covid.
Santos é especialista em proteger a própria remuneração quando desempregado, mesmo que isso implique penhorar joias de amigos, furtar um celular e ficar com fundos arrecadados entre conhecidos para custear o enterro da própria mãe, como aconteceu em 2016.
O segundo é o Comitê de Ciência, Espaço e Tecnologia, no qual o deputado republicano por Nova York poderá explorar os misteriosos lasers descobertos pela nova melhor amiga, Taylor Greene.
Até 2015, só 12% dos republicanos admitiam que votariam em alguém que mentiu para omitir mau comportamento. Agora, depois de Donald Trump, 55% dos eleitores republicanos dizem que topam eleger um mentiroso. George Santos é o representante que esses eleitores merecem.
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