Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Marcos de Vasconcellos
Descrição de chapéu China alimentação

Churrasco chinês movimenta o mercado

Segunda maior economia do mundo deve acelerar compras de proteína brasileira nos próximos meses

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Os responsáveis por carimbar as autorizações de exportação de carne do Brasil para a China devem estar prestes a entrar de férias… Nesta semana, tivemos uma habilitação recorde de frigoríficos, a maior já registrada em um único anúncio: 38 plantas autorizadas a vender para o mercado chinês.

A China já é o principal destino das exportações brasileiras de carne bovina, suína e de frango. Segundo dados do governo, em 2023, o país asiático importou 2,2 milhões de toneladas de carnes do Brasil, movimentando mais de US$ 8,2 bilhões.

O "carimbaço" para receber carne brasileira deixa claro que a segunda maior economia do mundo deve concentrar as compras de proteína brasileira nos próximos meses. E o setor entrou em disparada na Bolsa.

Cliente compra carne em mercado de Taicang, na província de Jiangsu, na China - Xinhua/Ji Haixin

Enquanto o Ibovespa, principal indicador do nosso mercado, fechou a semana com saldo negativo de 0,26% em seu rendimento, ações de empresas como Minerva (BEEF3), Marfrig (MRFG3) e JBS (JBSS3) registraram altas de 4,6%, 5,2% e 8,3%, respectivamente, nos mesmos cinco dias.

Para a JBS e a Minerva, ainda foi pouco, visto que, no ano, suas ações estão no vermelho, acumulando quedas de 7,6% e 4,2%. A Marfrig, pelo contrário, já entregou rendimentos de quase 4% para quem comprou seus papéis no dia 1º de janeiro.

Mas nem só de ações vive o mercado, muito menos os frigoríficos. Essa valorização, aliás, aumenta o valor de mercado das empresas, mas não gera, diretamente, dinheiro para elas. Engorda o preço das ações que tiverem caixa, mas não é um fato gerador de grana.

Por isso chama a atenção o fato de duas das gigantes aqui citadas, Marfrig e Minerva, terem emitido, nesses últimos dias, títulos de renda fixa para captar R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões, respectivamente.

O instrumento escolhido por ambas foi o CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio), títulos isentos de Imposto de Renda, pelos quais as empresas toparam remunerar os investidores com taxas atraentes, acima do CDI (referência de juros no mercado) ou acima da inflação (medida pelo IPCA), a gosto do freguês, daqui a cinco ou dez anos.

Essa emissão de títulos de renda fixa a boas taxas se dá durante o ciclo de corte de juros, no que experts chamam de últimas boas ondas da renda fixa. O movimento e os valores mostram planos de expansão da produção nos próximos meses, provavelmente de olho nessa ampliação da demanda chinesa pelo nosso churrasquinho.

Enquanto, por aqui, as empresas do setor começam a sentir o cerco se fechando à produção de alimentas ultraprocessados, com rótulos mais alarmantes nos supermercados, mudanças nos hábitos de consumo e até mesmo a possibilidade de tributação diferenciada para este tipo de alimento, a expansão para novos mercados exige altos investimentos, mas pode ser compensadora.

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