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Base de Lula resgata denúncia contra Torres por tortura e 'atuação golpista' em dossiê para CPI

OUTRO LADO: Acusação de violação, feita há mais de uma década, foi rejeitada por juiz

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Deputados e senadores governistas que integram a CPI do 8 de janeiro têm em mãos um dossiê reunindo informações sobre toda a trajetória do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, seus feitos no governo de Jair Bolsonaro (PL) e ações que indicariam seu envolvimento em uma tentativa de golpe no pleito de 2022.

O documento, que contém 21 páginas, servirá de apoio para que os parlamentares formulem perguntas durante a oitiva de Torres pela comissão, marcada para esta terça-feira (8). Ele traz seções como "atuação golpista", "agravantes", "segundo turno das eleições", "depoimentos" e "atos de 8 de janeiro".

Jair Bolsonaro (PL) e seu ex-ministro da Justiça Anderson Torres - Adriano Machado - 5.out.2022/Reuters

O material inclui, por exemplo, uma denúncia de tortura feita contra o ex-ministro, então delegado, e seis policiais federais em 2012. "Segundo a acusação, em 2007, os policiais teriam sequestrado —à luz do dia, diante de testemunhas— e torturado dois rapazes suspeitos de cometerem um furto na casa dos agentes Roberto Matsuuchi e Ana Cristina Matsuuchi", diz o texto, entregue aos parlamentares.

"A denúncia também afirma que o delegado Anderson Gustavo Torres abriu uma investigação paralela para descobrir os ladrões, mesmo sem ter competência legal para isso —por lei, investigar crimes como esse é trabalho para a Polícia Civil", diz ainda.

O episódio foi denunciado pelo Ministério Público Federal, mas acabou rejeitado por um juiz de primeiro grau. Para o magistrado, os laudos periciais eram "insuficientes à demonstração da existência de sofrimento físico ou mental" e incompatíveis com os relatos feitos pelas vítimas, "que narraram ter sofrido tapas, chutes, pontapés, socos e terem sido submetidos a sufocamento por uso de saco plástico".

Além de destrinchar a suposta participação do ex-ministro na elaboração daquela que ficou conhecida como a "minuta do golpe", o dossiê cita como "agravantes" o fato de Torres ter dito à Polícia Federal (PF) que esqueceu seu celular nos Estados Unidos, quando foi preso preventivamente, e de ter fornecido senhas inválidas à corporação para acessar dados em nuvem.

O documento ainda aponta episódios em que Torres teria contribuído publicamente para os ataques contra o processo eleitoral, entre 2021 e 2022, indo desde a sua participação em uma live de Bolsonaro ao inquérito aberto por ele contra institutos de pesquisas.

Méritos profissionais também foram incluídos no dossiê. "Foi responsável pela coordenação das principais investigações voltadas ao combate ao crime organizado em Roraima pela Superintendência da Polícia Federal, entre 2003 e 2005", diz um trecho.

"De 2019 até abril de 2021, esteve à frente da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, onde foi responsável pelos menores índices de homicídios da capital federal nos últimos 41 anos", afirma outro.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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