Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Descrição de chapéu Alalaô

Margareth Menezes deixa ministra em Brasília no retorno ao Carnaval: 'Estou no meu lado A, de artista'

Folia em Salvador teve dupla de rainhas em bloco, Arthur Lira folião e Ivete preocupada

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O clima árido da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, ficou para trás, dando lugar à brisa fresca que atravessa a baía de Todos-os-Santos e aplaca o calor intenso do verão de Salvador. Os terninhos executivos foram trocados por uma fantasia dourada, inspirada nos faraós do Egito.

Como uma espécie de Clark Kent da música, Margareth Menezes, 61, se despiu do figurino de ministra da Cultura e desembarcou no circuito Barra-Ondina por volta das 20h30 de quinta-feira (8).

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, no bloco Os Mascarados, em Salvador - Rafaela Araújo/Folhapress

"Hoje, estou no meu lado A, de artista", brincou, minutos antes do início do percurso do trio elétrico no Farol da Barra. Margareth fez uma participação especial no desfile de Os Mascarados, bloco que completou 25 Carnavais e que esteve sob seu comando por dez anos.

Com 37 anos de carreira, Margareth nunca havia ficado tanto tempo longe dos trios elétricos no Carnaval —foi um hiato de quatro anos, incluindo a pandemia e o primeiro ano no ministério. "Estava com saudade. Isso é minha história, minhas origens", disse ao repórter João Pedro Pitombo.

Neste sábado (10), a ministra participa do desfile do Trio da Cultura com Chico César em uma homenagem a Gilberto Gil, que fará uma participação especial. Como Margareth, os dois já foram gestores da Cultura. Gil foi ministro da pasta no primeiro governo Lula, e Chico, secretário estadual na Paraíba.

"Tanto Chico César quanto Gilberto Gil têm uma história na cultura brasileira. Chico vem trazendo aquele legado da música nordestina. Gil é meu mestre", derreteu-se a ministra, que iniciou o desfile cantando "Noite dos Mascarados", de Chico Buarque, e emendou com "Faraó", um de seus grandes sucessos.

O bloco Os Mascarados foi comandado pelo cantor Jau, que se disse honrado com a participação especial. Mas afirmou que a Margareth ministra ficou em Brasília. "Aqui não tem ministra. Aqui é Margareth Menezes, a cantora, a grande artista, a grande amiga que ela é."

O bloco teve como rainhas a atriz Nanda Costa e a percussionista baiana Lan Lanh, que são casadas. As duas usavam fantasias douradas que remetiam aos orixás Oxum e Oxóssi.

Foi a primeira vez em 25 anos que o bloco teve duas rainhas ao invés de um rei e uma rainha. "Foi preciso um quarto de século para que isso acontecesse", disse Lan Lanh. Tradicional, o bloco Os Mascarados sempre teve a diversidade como uma de suas marcas.

Horas mais cedo, a abertura oficial do Carnaval de Salvador foi realizada com um encontro de trios elétricos na praça Castro Alves, centro da cidade, com participações de Ivete Sangalo, Carlinhos Brown e BaianaSystem. Os artistas fizeram uma homenagem ao bloco afro Ilê Aiyê, que faz 50 anos.

Uma multidão acompanhou os desfiles, que não foram livres de intempéries. Ivete Sangalo parou de cantar duas vezes para pedir atendimento a foliãs que passaram mal com o aperto e o calor forte. Andaimes usados na transmissão da TV davam choques nos desavisados.

No lado direito da praça, uma faixa vermelha estendida na sacada da Ocupação Carlos Marighella cobrava do governo baiano moradias para famílias sem-teto que vivem no edifício. No prédio em frente, abastados com taças de espumante nas mãos se debruçavam no terraço do Hotel Fasano, um dos mais caros de Salvador.

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Ivete Sangalo durante abertura do Carnaval de Salvador, na praça Castro Alves - Rafaela Araújo/Folhapress

Um dos que curtiram a piscina do hotel foi o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), que foi à abertura do Carnaval de Salvador a convite do prefeito Bruno Reis (União Brasil). Ele acompanhou dos bastidores a cerimônia de entrega simbólica da chave da cidade para o Rei Momo.

"Estou feliz demais de estar aqui e fazer esse intercâmbio entre Rio e Salvador. É assim que o Brasil cresce, uma região apoiando a outra. Não há rivalidade nenhuma", disse Castro, que subiu no trio elétrico de Carlinhos Brown e mais tarde foi para o Camarote Salvador, no circuito Barra-Ondina.

Bruno Reis chamou Castro de amigo, mas não deve retribuir com uma visita ao Rio neste Carnaval. Disse ainda que não há como comparar as duas festas. "Tenho muito carinho pelo Rio, mas pela participação popular e pela dimensão da festa, não dá para competir com Salvador."

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), também fez troça. "É importante ter aqui o governador de outro estado. Eu também desejaria poder ir a Recife, a Aracaju. Mas aqui a pegada é grande."

Na sexta-feira (9), o governo baiano celebrou a queda dos indicadores de furtos e roubos no primeiro dia de festa. Mas enfrentou um susto no dia da abertura do Carnaval: um policial militar teve sua arma furtada em meio a uma confusão no circuito Mestre Bimba, no Nordeste de Amaralina.

A cerimônia de abertura do Carnaval foi palco de uma disputa por holofotes entre o prefeito Bruno Reis e o vice-governador Geraldo Júnior, que será candidato à prefeitura com o apoio do PT. O prefeito chegou acompanhado de uma claque, com cartazes e gritos de "continua Bruno."

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O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), e o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), durante abertura do Carnaval da capital baiana - Rafaela Araújo/Folhapress

Geraldo Júnior desdenhou da acolhida ao prefeito e sugeriu que era uma manifestação nada espontânea. "Eu avisei à turma nossa que ele ia fazer isso. Tinha certeza, eu conheço. Eu fui de lá, né, líder?", disse Geraldo, que até março de 2022 era fiel aliado de Bruno Reis.

O ex-prefeito ACM Neto (União Brasil) reapareceu no Carnaval depois de ter ficado longe da festa em 2023. Percorreu a sala de imprensa na praça Castro Alves, por onde circulava um Zé Gotinha fantasiado de Filhos de Ghandy.

Questionado sobre o governo Lula, disse ver mais erros do que acertos e defendeu uma gestão que não seja "só do PT, para o PT e pelo PT". Na contramão dos ministros indicados pelo União Brasil, defendeu a candidatura de Ronaldo Caiado ao Planalto em 2026: "É um puta quadro".

ACM Neto será pai pela terceira vez nos próximos meses. O menino, contudo, não será Antônio Carlos Magalhães como o pai, o avô e o bisavô. "Não vai ser ACM Bisneto. Coitado, ter ‘bisneto’ no nome. Eu, definitivamente, não faria isso."

Na sexta, a presença mais aguardada no mundo político era a do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), convidado pelo aliado Elmar Nascimento (União-BA). A programação incluiu o trio elétrico do cantor Bell Marques e o Camarote Villa, reduto dos agroboys e sertanejos. Neste sábado, Lira dará sequência aos dias de folia no Palácio de Ondina, onde tem um almoço marcado com o governador petista Jerônimo Rodrigues.

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