Painel

Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Painel

Comissão do PSDB contraria Doria e propõe prévias com pesos diferentes para militantes e políticos

Texto ainda será debatido e terá a versão final aprovada pela direção do partido no dia 8

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

A comissão das prévias presidenciais do PSDB finalizou, nesta segunda-feira (31), sua proposta de eleições internas a ser entregue para a direção nacional do partido, que irá deliberar as regras sugeridas pelo grupo e aprovar o modelo final do pleito.

Em uma derrota para o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que defendia voto de todos os filiados e com o mesmo peso, a ideia é fazer a votação em quatro grupos, "todos com peso unitário de 25% do total de votos (observada a proporcionalidade)".

Os grupos são: um de filiados; um de prefeitos e vice-prefeitos; outro de vereadores, deputados estaduais e distritais; e o quarto grupo reúne governadores, vice-governadores, senadores, deputados federais, ex-presidentes e presidente do PSDB. Dentro de cada grupo, os votos têm o mesmo peso.

Isso significa que os votos de cada candidato dentro de cada grupo serão contabilizados dentro da proporção de 25%. Por exemplo, se um candidato receber 100% dos votos de um grupo, a contagem final será de 25% para ele.

Outro exemplo: no grupo um, o candidato A tem 60% dos votos e o B, 20%. Na conta final, o A soma 15% e o B, 5%. Primeiro, é feita a apuração em cada grupo e, depois, se chega ao resultado final com a somatória.

A proposta de que políticos com mandato tenham mais peso beneficia Eduardo Leite (PSDB), governador do Rio Grande do Sul, que defendia um modelo federativo para limitar a vantagem de São Paulo —segundo o TSE, o estado concentra a maior fatia (22%) dos 1,3 milhão de filiados do PSDB pelo país. Em nota, Leite afirmou que o modelo proposto é positivo e equilibrado.

A data sugerida é o dia 21 de novembro, um adiamento em relação à data inicialmente marcada pelo presidente do PSDB, Bruno Araújo, em 17 de outubro —outro revés para Doria, que queria a manutenção das prévias na data prevista. Se houver segundo turno, seria em 28 de novembro.

Os candidatos poderão se inscrever em 20 de setembro, e os debates internos ocorrem a partir de 18 de outubro.

0
João Doria, Eduardo Leite, Tasso Jereissati e Arthur Virgílio, prováveis candidatos nas prévias do PSDB - Divulgação

Na terça-feira (1º), o parecer da comissão será entregue à executiva nacional do PSDB, que irá deliberar e aprovar, na próxima semana, no dia 8, a versão final do texto.

"Nesse intervalo, o partido e os pré-candidatos à presidência manterão os diálogos e entendimentos para homologar a versão definitiva do relatório", afirma o presidente do PSDB, Bruno Araújo, em nota.

Para membros do PSDB consultados pelo Painel, a proposta final garante que todos os presidenciáveis tenham cance de vencer —desde que articulem dentro de cada grupo— e não entrega nenhum favorito logo de cara.

Doria tinha minoria na comissão das prévias, coordenada pelo ex-presidente do PSDB e ex-senador José Aníbal. Seu representante era Marco Vinholi, secretário do governo e presidente do PSDB em São Paulo.

Também fizeram parte da comissão Lucas Redecker, deputado gaúcho aliado de Leite, Cinthia Ribeiro (prefeita de Palmas-TO), Izalci Lucas (senador), Marcus Pestana (ex-deputado) e Pedro Vilela (deputado).

Na reunião desta segunda, apenas Vinholi demonstrou contrariedade com a proposta de grupos de mesmo peso, que foi aprovada pela maioria.

Segundo o relatório do encontro, "a criação de um colégio eleitoral único formado apenas pelos filiados do partido, com voto paritário" foi proposta, mas não aprovada.

A justificativa para o adiamento para novembro é a preocupação com a pandemia do coronavírus e a previsão de que a vacinação estará mais avançada até lá. Por outro lado, pesou a avaliação de que as prévias devem ocorrer ainda neste ano, já que outras candidaturas, como de Jair Bolsonaro (sem partido), Ciro Gomes (PDT) e Lula (PT), estão em clima de campanha.

"A comissão conseguiu ajustar um modelo que dá equilíbrio federativo, contemplando também o tamanho que o partido tem nos estados. O candidato que emerge das prévias precisa ser entendido como um candidato para o Brasil, não apenas para o partido. O modelo parece apropriado para isso”, afirma Leite.

Na avaliação de tucanos, a pressa de Doria pelas prévias em outubro faz parte de uma estratégia do governador de viabilizar sua candidatura ao Planalto em outro partido, caso perca a votação interna do PSDB.

José Aníbal afirmou ao Painel que considera a proposta de prévias democrática, por ser aberta à participação de todos os tucanos. "Vai estimular o debate e a ação de mobilização e conquista de votos pelos pré-candidatos e a construção de uma candidatura para tirar o Brasil da deriva, com liberdade, democracia e combate às desigualdades", disse.

Pestana afirma que as prévias têm três objetivos —unificar o partido em torno de um nome; apresentar os presidenciáveis tucanos aos eleitores por meio da campanha e dos debates internos; e construir um programa de governo a ser apresentado no pleito de 2022.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.