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Principal da política econômica de Lula foi o que não aconteceu, diz economista-chefe da XP

Caio Megale diz que governo teve mérito em mostrar que reformas recentes não seriam revertidas

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São Paulo

Em um balanço do primeiro semestre da política econômica do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Caio Megale, economista-chefe da XP, diz que o mais importante do período foi o que não aconteceu.

Segundo ele, o trabalho essencial da equipe econômica da gestão federal foi "desfazer a percepção de uma guinada na política econômica ou a reversão de avanços conquistados nos últimos cinco ou seis anos", como as reformas trabalhista e da Previdência, a privatização da Eletrobras e a autonomia do Banco Central.

"O que é positivo é que os riscos não se materializaram, as coisas não aconteceram como se temia, e a gestão econômica foi equilibrada. A principal coisa foram as coisas que não aconteceram", afirma Megale, que foi secretário do Ministério da Economia entre 2019 e 2020.

Caio Megale, economista-chefe da XP e ex-secretário do Ministério da Economia
Caio Megale, economista-chefe da XP e ex-secretário do Ministério da Economia - Alberto Rocha-16.abr.2019/Folhapress

"As pessoas olhavam para o presidente e tinham pouca ideia do que poderia vir de concreto na execução da política econômica. As reformas anteriores vão ser desfeitas ou não? O governo vai forçar para tirar o presidente do Banco Central? Vai aumentar a meta de inflação ou não? Vai ter uma referência fiscal ou vai ser gasto liberado? A gente foi vendo ao longo do tempo que a resposta foi não, o que é positivo", completa.

Como exemplo mais recente, Megale cita a meta de inflação, que Lula chegou a dizer que deveria subir para 4,5%.

"Isso nos preocupava, porque a inflação é um bichinho que você joga para cima e depois não pega mais. E o CMN [Conselho Monetário Nacional] acabou confirmando em 3% a busca da inflação baixa. Esse é o aspecto positivo", diz o economista, destacando que os votos do Executivo no conselho, Fazenda e Planejamento, foram pelos 3%.

Megale também destaca a participação do governo na aprovação da Reforma Tributária por meio de um "esforço focado".

"Trouxe um cara nota 10 no tema, Bernard Appy [secretário extraordinário da Reforma Tributária do Ministério da Fazenda], falou ‘a reforma é essa’ e foi com ela. Em outros momentos, vimos discussões muito difusas", avalia o economista, que foi secretário da Fazenda de João Doria na Prefeitura de São Paulo, e, portanto, sucedeu a gestão Fernando Haddad, atual ministro da Fazenda, na capital.

Entre as preocupações, ele lista a possibilidade de que o governo não consiga aumentar a arrecadação para alcançar um equilíbrio entre despesas e receitas (que têm crescido).

"Ainda que exista um arcabouço fiscal, a busca pelo equilíbrio é expansionista. Vai ter mais despesas, elas continuam crescendo, e o equilíbrio vem através de receitas. Será que o governo vai conseguir arrecadar tudo que tem sinalizado? Qual é o impacto nas empresas se conseguir aumentar a arrecadação em R$ 200 bilhões? Será que vai ter um impacto muito pesado sobre a atividade econômica? Se não vier, o buraco nas contas públicas vai continuar pressionando a dívida para a frente. E é muito difícil um país emergente ser equilibrado com a dívida crescente", diz.

Se o equilíbrio não chegar, diz Megale, ainda não está claro se os diversos agentes econômicos (BC com novos membros, Petrobras) terão liberdade para tomar medidas impopulares.

"Quais serão os graus de liberdade do BC, especialmente depois da troca completa dos membros do comitê? Vão poder subir juros? A mesma coisa a Petrobras. Se precisar subir a gasolina, vai subir ou vai absorver o prejuízo no balanço?", pergunta o economista.

"Os ventos estão favoráveis e tudo está indo na mesma direção. Se houver uma dinâmica claramente na direção contrária, vai haver ruído, e vai se implementar a medida dura ou não? O governo reonerou a gasolina, foi uma medida dura. Por outro lado, não chegou a quem deveria pagar a conta, que são as pessoas que usam, a Petrobras está assumindo parte disso. Ainda tem uma no cravo, uma na ferradura, em alguns temas", conclui Megale.

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