A Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados voltou a ser usada por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para endossar discursos de direita pró-polícia e reafirmar teses que buscam responsabilizar o governo federal pelos atos golpistas de 8 de janeiro.
Na reunião realizada na última terça-feira (1º) foram aprovados requerimentos que remetem à Operação Escudo, que deixou ao menos 16 mortos em resposta ao assassinato do soldado da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) Patrick Reis no último dia 27 em Guarujá.
Um deles, do Coronel Assis (União-MT), foi uma moção de repúdio ao ministro Flávio Dino (Justiça) por ter chamado a resposta policial de desproporcional. Já Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho 03 de Jair Bolsonaro, aprovou uma moção de pesar aos familiares de Reis, enquanto Junio Amaral (PL-MG) teve apoio em um requerimento de moção de pesar pela morte do soldado da Rota.
Ainda sobre a Operação Escudo, o deputado Coronel Telhada (PP-SP) aprovou moção de aplausos e reconhecimento à Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, à Polícia Militar de São Paulo e à Polícia Civil de São Paulo pela ação, criticada por movimentos sociais.
Na mesma reunião, foram aprovados dois requerimentos que dialogam com a narrativa de bolsonaristas de que os atos de 8 de janeiro foram responsabilidade do governo Lula (PT). O deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB) aprovou moção de louvor ao coronel Jorge Eduardo Naime, ex-chefe de operações da Polícia Militar do Distrito Federal, "em reconhecimento ao laborioso esforço empregado nos atos do dia 8 de janeiro."
Naime, que está preso desde fevereiro, era o chefe do setor responsável por elaborar o plano de segurança na capital federal para evitar os ataques golpistas. Ele estava de folga no dia e foi exonerado do posto após os atos antidemocráticos.
Já o deputado Delegado Ramagem (PL-RJ) conseguiu aprovar requerimento para realização de uma audiência pública sobre supostas violações a direitos humanos de pessoas que estão presas em decorrência de atos e manifestações políticas.
Na justificativa, ele cita o inquérito do STF (Supremo Tribunal Federal) de atos antidemocráticos e fala que os processos decorrentes "deram e dão origem a centenas ou até milhares de prisões, e muitas delas repletas de reveses que beiram o absurdo e até mesmo o inacreditável."
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