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Falas de Tarcísio colaboram para abusos de policiais, diz ouvidor

Governador disse que relatos de violações são falsos, enquanto Derrite chamou de narrativas

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São Paulo

O ouvidor das polícias do estado de São Paulo, Claudio Aparecido da Silva, afirma que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) está "descontextualizado" sobre as mortes ocorridas em ações policiais em Guarujá e que as declarações dele podem colaborar para novos abusos.

O governador deu declaração se referindo ao ouvidor como "camarada" e afirmou que estão sendo divulgadas informações falsas. Já o secretário da Segurança, Guilherme Derrite, declarou que os relatos de abusos na operação são "narrativas".

A operação Escudo, em resposta ao assassinato de um policial da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), já causou 14 mortes. Os números podem ser maiores ainda, diz a ouvidoria.

Ouvidor das Polícias Claudio Aparecido da Silva
Ouvidor das Polícias Claudio Aparecido da Silva - Arquivo Pessoal

"Eu acho um absurdo essa movimentação para desacreditar denúncias que a ouvidoria não está inventando, que têm vindo da população do Guarujá", diz Silva, citando diversos relatos, que incluem policiais invadindo a casa de uma mulher que tomava banho.

"Tem todo tipo de arbitrariedade sendo denunciada, e como imagino que o governador Tarcísio de Freitas esteja descontextualizado sobre o que está acontecendo, quero convidá-lo a ir ouvir a população do Guarujá", completa.

Ele também destacou o caso simbólico do vendedor ambulante Felipe Vieira Nunes, 30, que foi encontrado pela família com queimaduras de cigarro no braço, um hematoma na cabeça e um corte no braço. "O patrão dele foi muito enfático em dizer que ele era um dos melhores profissionais que ele tinha lá [em uma barraca de praia] e tanto era que ele trabalhava inclusive na baixa temporada".

Para ele, declarações como as dadas pelo governador podem fazer com que as situações prossigam. "Eu acho que não só as declarações [de Tarcísio e Derrite] colaboram para o estímulo dos abusos como também a manutenção da operação colabora para que eventuais abusos continuem ocorrendo", disse, exemplificando que invasões de residências não fazem com que a população se sinta segura.

Silva também afirmou que, dos registros aos quais teve acesso, apenas em um caso consta o uso de câmeras corporais nos policias na operação. "Se se confirmar que a maioria dos policiais daquela operação estavam sem câmeras corporais, eu acho que a gente tem aí um elemento fundamental para determinar que intencionalidade se tem com essa operação", diz.

Silva citou que agora a ouvidoria vive "uma luta de Davi contra Golias" e que irá oficiar ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, e da Justiça, Flávio Dino, sobre o caso, além de convidar comissões de direitos humanos do Senado e da Câmara para visitas aos locais onde acontecem a operação.

A ideia, diz ele, é mobilizar o país em relação ao caso, uma vez que a SSP não consegue admitir arbitrariedades e o governador não está contextualizado sobre o tema. "Trata-se de um dos maiores episódios envolvendo a ação do estado em detrimento da vida das pessoas na história do estado de São Paulo".

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