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A educação social e o empreendedorismo para o desenvolvimento sustentável

Brasil precisa de ações concretas na oferta de qualificação para quem necessita de trabalho e renda

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Ana Carolina Almeida

Vice-presidente de Educação Social da Fundação Dom Cabral

São Paulo (SP)

Muito se fala sobre os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU. Estamos em 2023 e ainda temos um longo caminho a percorrer. O Brasil está longe de atingir as metas. Para virar esse jogo sabemos que é preciso "garantir acesso à Educação de Qualidade, de forma inclusiva e equitativa e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida": objetivo número 4.

Em um país com DNA empreendedor como o nosso, cerca de 40 milhões de pessoas fazem "seu corre" ou "seu bico" para sobreviver. A pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) identificou que 1 a cada 2 empreendedores abre seu negócio por necessidade.

A maioria dessas pessoas é da baixa renda e algumas vezes não entendem o significado do termo "empreender". Apenas o fazem. É o caso, por exemplo, de muitas mães solo que, com iniciativa, resiliência e "se-viração", acordam ainda de noite e trabalham arduamente para garantir o prato de comida dos filhos no dia seguinte.

Uma pesquisa realizada pelo Data Favela mostra que, dos quase 18 milhões dos brasileiros que vivem em favelas, 50% empreendem e 88% concordam que educação é a principal forma de subir na vida. A pesquisa aponta ainda que 6 milhões destes moradores pretendem ter um negócio dentro da própria comunidade em que vive.

Somam-se também aos empreendedores por necessidade, os refugiados acolhidos pelo Brasil, que encontram muitas dificuldades no início e acabam optando pelo empreendedorismo como uma alternativa para se estabelecer no país.

Dados recentes divulgados pela Acnur, agência da Organização das Nações Unidos (ONU) para Refugiados, mostram que quase 70% dos refugiados empreendedores no Brasil têm o negócio como principal fonte de renda. São pessoas em sua maioria da América Latina, mas também do Oriente Médio e África. Do total, 60,3% empreendem na área da alimentação, seja com produção caseira, restaurantes ou bares.

Recentemente, a Fundação Dom Cabral (FDC) em parceria com o World Economic Forum realizou a pesquisa "o futuro do trabalho" constatando que 16 milhões de pessoas perderão os postos de trabalho nos próximos cinco anos no Brasil, ou seja, até 2028!

E esse é número alarmante. Por isso, precisamos também lembrar dos brasileiros que muito em breve se tornarão empreendedores. É mais um contingente que precisará ser qualificado para ganhar autonomia e renda por meio de seu próprio negócio.

A realidade é que falta acesso à educação de qualidade e/ou ferramentas básicas de gestão para garantir a longevidade destes empreendimentos, que muitas vezes são informais.

Como a maioria dos empreendedores, eles tomam decisão de forma solitária, sem entender a importância de separar as contas pessoais do negócio ou mesmo que vender fiado nunca é um ‘bom negócio'.

Por isso é importante entendermos que só conseguiremos ter uma base para o crescimento e desenvolvimento econômico e social do país de forma sustentável por meio da educação para os menos favorecidos.

Ouso dizer que outras metas da ONU como "Erradicação da Pobreza", ODS número 1, e "Redução das desigualdades", ODS número 10, só se concretizarão quando setores privado e público se articularem junto ao terceiro setor para garantia de acesso à educação de qualidade a todos os brasileiros.

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