A confirmação do português Antonio Oliveira como treinador do Athletico-PR faz subir para 13 os profissionais estrangeiros em times da Série A, apenas entre os contratados a partir de janeiro de 2020: Jesualdo Ferreira, Eduardo Coudet, Domenec Torrent, Gustavo Morínigo, Rafael Dudamel, Jorge Sampaoli, Ramón Díaz, Sá Pinto, Abel Ferreira, Hernán Crespo, Ariel Holan, Miguel Angel Ramírez e Antonio Oliveira.
A lista não inclui Jorge Jesus, contratado em junho de 2019, mas mantém Jorge Sampaoli, porque assinou com o Atlético-MG em março de 2020.
Incrível mesmo é perceber que 7 dos 13 não estão mais empregados: Jesualdo, Coudet, Dome, Dudamel, Ramón Díaz, Sá Pinto e Sampaoli. Por razões diferentes, Sampaoli e Coudet tiveram êxito e foram para a Europa. Sá Pinto e Ramón Díaz fracassaram junto com Vasco e Botafogo.
Os novos contratados têm também novas ideias. Ariel Holan fez o Santos controlar o Ituano com 71% de posse de bola e 14 finalizações. Pressiona o tempo inteiro a saída dos zagueiros adversários, mas abre espaços atrás, porque seu time ainda não está habituado a este estilo.
Com Cuca, a marcação era por encaixe. Com Holan, por zona e sempre no campo de ataque.
Campeão chileno pela Universidad Católica, Holan fazia de seu goleiro, Dituro, o líbero na saída de jogo com três homens. Pode fazer o mesmo com John (veja abaixo). Passe errado será arriscado, mas a médio prazo a tendência é funcionar.
Hernán Crespo é mais seguro, faz a saída de três homens, mas um zagueiro ou volante é o responsável pelo primeiro passe. O São Paulo já muda de sistema tático durante as partidas. Na goleada sobre o Santos e na derrota para o Novorizontino, melhorou na segunda etapa com um beque a menos.
A grande novidade é entender que cada time joga de um jeito e o cardápio de sistemas e estratégias aumenta, no Brasil. Muitos buscam o ataque.
Na quinta-feira, o lendário técnico Arrigo Sacchi, do Milan de Gullit e Van Basten, bicampeão da Europa em 1989 e 1990, escreveu na Gazzetta dello Sport que a Itália involui e se mantém defensiva, enquanto Espanha, Portugal e América do Sul mudam e escolhem estratégias de ataque.
Questionei o jornalista italiano Enzo Palladini, que trabalha com Sacchi, se ele concorda com o mestre sobre a América do Sul. Palladini respondeu que sim. “Menos o Uruguai.”
Com o Brasil incluído na análise de Sacchi, é possível mesmo ver times e técnicos querendo mais o jogo coletivo, propositivo, ofensivo. Os treinadores argentinos, portugueses e espanhóis ajudam nisso. Mas há brasileiros tentando ser inspiradores. Veja o caso de Maurício Barbieri, no Bragantino.
Chamado de estagiário no Flamengo, assim como Domenec Torrent e Rogério Ceni, Barbieri evidencia que o problema do Brasil não é apenas a qualidade de seus técnicos. Também é a impaciência de seus analistas, torcedores e dirigentes.
O Brasil tem 20 clubes na Série A, 10 deles tiveram técnicos estrangeiros nos últimos 15 meses e 7 já não estão aqui. Se a qualidade do futebol timidamente evolui por aqui, imagine com que velocidade isto acontecerá quando houver consciência de que montar uma equipe forte exige trabalho e paciência.
Três Porquinhos
O meio de campo dos três porquinhos, Patrick de Paula, Danilo e Gabriel Menino, deu ao Palmeiras paciência para vencer a Ferroviária. Dos 20 Paulistas do século, só 5 tiveram os quatro grandes nas quatro primeiras posições. A Ferroviária é candidata a surpresa.
Contradições
O futebol fecha nesta segunda e o cassino clandestino, no domingo de madrugada. O futebol ficou parado quatro meses. Governador, e os cassinos clandestinos? Quanto tempo ficaram fechados? Gabigol não foi flagrado em aglomeração. Foi flagrado em contravenção.
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