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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Daniel Alves joga e pensa bem, tocando em nossos pontos fracos

Melhor apenas dispensar as hipérboles e refletir sobre o que ele diz

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Daniel Alves deu uma longa e bela entrevista ao jornal inglês The Guardian. Ele sempre fala verdades. Às vezes, em tom exagerado. Pode ter sido o caso ao dizer que o Brasil é um cemitério de craques e técnicos, mas seu ponto de vista, a ferro e fogo, é para ajudar.

E, para ser justo, a conversa com o repórter Thiago Rabelo, do periódico inglês, começou por ponderações sobre ser brasileiro e surpreender-se no retorno ao país com o risco da fome. Até para quem nasceu num lugar pobre, no interior da Bahia, como Daniel Alves, impressiona viver num momento tão difícil neste país.

Na sua opinião, também no gramado, o futebol do Brasil se tornou um funeral de boas ideias. Tem razão.
Falou sobre as críticas por atuar no meio de campo e sobre Fernando Diniz: “Não é técnico para o Brasil.”

Julga ótimas as ideias do ex-treinador do São Paulo e que não estamos preparados para elas. Aqui há um exagero, que só será desmentido quando Diniz fizer sucesso na Europa ou na Ásia.

Homem de vermelho gesticula para homem mais velho, de preto
Daniel Alves conversa com o preparador físico Alejandro Kohan durante treino do São Paulo - Divulgação/saopaulofc.net

A tendência é muita gente usar a entrevista de Daniel Alves contra ele. Melhor apenas dispensar as hipérboles e refletir sobre o que diz. De fato, o Brasil enterra ideias tão rapidamente quanto elas nascem, como mostra o fato de 10 times da Série A terem contratado 14 técnicos estrangeiros nos últimos 15 meses e 9 deles já terem ido embora.

No fim da temporada 2020, Abel Ferreira era criticado pela dependência dos contra-ataques. Nos últimos jogos, mudou o sistema tático e desenhou sua equipe de modo semelhante aos melhores da Europa. Com a bola, é um 3-1-4-2, ou 3-2-5.

Em vez de haver debate sobre a tentativa de criar variações, discutimos se a eliminação do Palmeiras é vexame ou não. No início da campanha, e não apenas na semana passada, o diretor-executivo Anderson Barros disse que o Estadual serviria para lançar jogadores.

Há 20 anos, os debates esportivos reforçam que o Estadual não vale nada. Quando Palmeiras e Santos estão perto da eliminação, numa temporada emendada na anterior, julgamos uma vergonha. Não faz sentido. Por vezes, parecemos mais preocupados com a repercussão do que com a análise.

Daniel Alves fala alto e, eventualmente, parece querer deixar claro que conhece, por dentro, a elite do futebol mundial.

Mas seu desabafo toca em nossos pontos fracos. Daniel Alves foi criticado no meio de campo em 2019, elogiado quando o São Paulo era líder, e bastou começar a perder para o diagnóstico do erro de posição retornar.

Ele jogou bem com Fernando Diniz, anulou Gerson e foi o melhor em campo contra o Flamengo, na Copa do Brasil, quando atuava pela faixa central. Por outro lado, foi um técnico argentino, com vasta experiência na Europa, quem decidiu fazê-lo voltar para o lado direito.

No meio de campo, mas como ala, em função diferente da que fazia com Fernando Diniz. Neste novo lugar, já ofereceu quatro passes para gols. Daniel joga e pensa bem. Tem razão ao nos fazer pensar que o Brasil pode ser muito melhor do que é hoje. Tanto para transformar a qualidade dos jogadores nascidos aqui em grandes equipes, quanto para fazer quem vive aqui ter muito mais educação, saúde e comida.

Dois campos com esquemas táticos desenhados
Núcleo de Imagem

A força do povo

Desde 2005, a torcida do Manchester United não suporta os investidores americanos, da família Glazer. Explodiu neste domingo, com a invasão de Old Trafford e o adiamento do clássico contra o Liverpool. Na Inglaterra, a torcida quebrou a Superliga e mostra sua força.

Novo Santos

Não é provável que Marcelo Fernandes prossiga no comando do Santos, mas sua presença faz lembrar uma curiosidade. Em 109 anos, o clube só foi campeão com 11 técnicos. Marcelo Fernandes é o último da lista, com o Paulista de 2015.

Erramos: o texto foi alterado

Na fotografia, ao lado de Daniel Alves, está o preparador físico Alejandro Kohan, não o técnico Hernán Crespo. A legenda foi corrigida.

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