Oi, tem alguém aí? Dá sempre um certo nervoso mudar de casa, ainda que seja para outro apê no mesmo condomínio —antes de vir para Comida, eu tinha a coluna Receitas do Marcão no F5. E escrevo o blog Cozinha Bruta, também aqui na Folha. Mas vamos falar de receitas.
Para quem pegou o trem andando, eu vou continuar neste espaço uma série temática de receitas dos países que vão participar da Copa do Mundo no Catar. A seleção escolhida para hoje é ninguém menos que a Coreia do Sul.
Os coreanos até que batem uma boa bola, mas se destacam mesmo é no cinema, na música e na culinária. O kimchi, símbolo dessa gastronomia, já se imiscuiu nas cozinhas dos melhores restaurantes do Ocidente. Trata-se de hortaliças fermentadas e apimentadas —a versão mais conhecida é a de acelga.
Toda refeição coreana tem um pouco de kimchi para acompanhar. É algo que até dá para fazer em casa, mas demora alguns dias e demanda ingredientes nem sempre fáceis de se achar. Em São Paulo e outras cidades grandes, compra-se kimchi em mercearias asiáticas e até em alguns supermercados.
A receita que eu vou passar é sucesso certeiro: bulgogi, ou churrasco coreano. Algo que, nos restaurantes, o cliente prepara na mesa enquanto come e bebe —um programa sensacional.
As casas especializadas em bulgogi têm, no centro das mesas, fogareiros a gás ou mesmo pequenas churrasqueiras a carvão. Esse é o caso do restaurante New Shin-La Kwan, no Bom Retiro (região central), o meu favorito de churrasco coreano.
Quando feito em casa, o bulgogi costuma chegar pronto à mesa, acompanhado de arroz japonês, alface para fazer charutinhos com a carne e os mais variados tipos de banchan —pequenas porções de conservas, entre elas o kimchi. É no banchan que fica a pimenta, o churrasco em si tem sabor bastante suave.
O bulgogi é bem tranquilo de fazer, e o único ingrediente meio encardido para encontrar é o óleo de gergelim.
A receita que eu apresento aqui me foi enviada por Lim Ki-Mo, ninguém menos do que o embaixador da Coreia, craque no caraoquê (canta Reginaldo Rossi perfeitamente), que eu entrevistei para o caderno Mundo.
O segredo está na marinada, no tempero em que as tiras de carne ficam pegando gosto. A receita do embaixador pedia um certo concentrado de pera, algo que talvez se encontre nos mercados coreanos. Para facilitar, troquei por uma pera batida no liquidificador com outros temperos.
Adaptei também algumas medidas, que vinham em gramas —algo comum na cozinha profissional, mas que pode atrapalhar na correria de casa.
Quanto à carne, você perceberá que a receita pede tiras de contrafilé com dimensões bem específicas. Não se preocupe demais com isso.
Os coreanos compram a carne já porcionada para o bulgogi; você pode cortar pedaços nem sempre uniformes. Só tenha em mente que a limpeza do bife, a depender da peça comprada, resulta numa perda de 20% a 30%.
Bulgogi (churrasco coreano)
Rendimento: 3 a 4 porções
Dificuldade: fácil
INGREDIENTES
6 colheres (sopa) de shoyu
2 colheres (sopa) de açúcar
1 pera pequena
2 colheres (chá) de mel
½ maço de cebolinha
3 dentes de alho
2 colheres (chá) de sal
1 colher (café) de pimenta do reino
2 colheres (sopa) de óleo de gergelim
2 colheres (sopa) de óleo vegetal
600g de contrafilé
1 cebola grande, fatiada em meia-lua
PREPARO
- Bata no liquidificador o shoyu, o açúcar, a pera, o mel, a cebolinha, o alho, o sal, a pimenta e o óleo de gergelim.
- Limpe bem a carne e corte-a em tiras com 5 cm de largura, 4 cm de altura e 0,3 cm de espessura. Numa tigela, misture as tiras de carne e o tempero. Deixe pegar gosto por meia hora.
- Aqueça uma frigideira com o óleo e frite a carne e a cebola, com um pouco do tempero da carne. Deixe por 3 minutos em fogo alto e mais 3 em fogo médio.
- Sirva com arroz japonês (cozido de acordo com as instruções da embalagem) e banchan a gosto.
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