No domingo, Inter e Flamengo fizeram uma belíssima partida, com muita qualidade individual e coletiva e muita inspiração e transpiração dos dois lados. O Flamengo se destacou mais pela inspiração, e o Inter, pela transpiração.

O tempo passa, e algumas coisas permanecem. Nos anos 1960, quando o Cruzeiro ia jogar em Porto Alegre, contra Inter ou Grêmio, sabíamos que seria diferente, que a marcação seria muito mais dura e que seria mais difícil ter o domínio da bola. Hoje, por causa da preferência dos técnicos, o Grêmio tem um futebol mais cadenciado, e o Inter, mais explosivo, como era no passado.

O Flamengo possui o melhor elenco do Brasil, mas não é nenhuma maravilha. Com a ausência de vários jogadores, Torrent tem usado bastante, durante as partidas, atletas como Michael e Lincoln, que estão muito abaixo dos outros. Os reservas dos dois laterais e o de Rodrigo Caio também são muito inferiores.

Se o Flamengo tiver todos os jogadores em boas condições físicas, qual será a equipe escalada? Diferentemente de Torrent, que gosta de jogar com um centroavante, dois pontas e um trio no meio-campo, Jorge Jesus preferia ter dois atacantes se movimentando, dois meias pelos lados e dois no meio. Bruno Henrique, da meia esquerda, e Gabigol, da meia direita, entravam em diagonal para decidir as jogadas.

O Flamengo possui oito excelentes jogadores do meio para frente, mais ou menos do mesmo nível (Arão, Gerson, Thiago Maia, Arrascaeta, Everton Ribeiro, Pedro, Bruno Henrique e Gabigol). Apenas seis vão começar o jogo. E ainda há Diego, Vitinho e outros. Pedro é muito bom, mas não é melhor que Lewandowski, como já disseram. Menos, menos.

Atlético perdeu vários pontos nos últimos jogos. O time sufoca o adversário e, com isso, ficam poucos espaços dentro e perto da área. Daí, o excesso de bolas cruzadas. Sampaoli quer outro centroavante.

O São Paulo tem jogos atrasados e é o time com menos pontos perdidos no Brasileiro. A equipe evoluiu, com a ascensão de vários jovens, especialmente Brenner, por causa da troca de zagueiros e da entrada do volante Luan, mais marcador, embora tenha limitações técnicas.

Daniel Alves caiu de produção, mas continua importante para a equipe. Discordo das críticas exageradas a ele. Muitas pessoas ainda confundem a função do meio-campista. Daniel Alves é o articulador, comanda e faz a equipe evoluir dentro de campo. Ele não é um meia ofensivo, para chegar mais perto da área e decidir as jogadas. É um construtor. Sem querer comparar, Xavi, um dos maiores meio-campistas do futebol, fazia pouquíssimos gols e não se destacava pelas assistências. Mas iluminava o time.

Até a seleção não tem um excepcional meio-campista. Faz muita falta. O time jogou as duas partidas pelas Eliminatórias com dois volantes, um ao lado do outro, Casemiro e Douglas Luiz, e mais cinco no ataque (Richarlison, Neymar, Coutinho, Firmino e o lateral Renan Lodi). Contra seleções mais fortes, deveria ser diferente.

Será que, no fim do Brasileiro, Palmeiras, Grêmio, Fluminense, que surpreende, e Santos, apesar da bagunça no clube, estarão na turma de cima da tabela? O Palmeiras melhorou com a troca de treinador. O time está mais leve, criativo. O jovem Wesley está cada dia melhor. O Palmeiras, com um bom elenco, é candidato também a outros títulos, como a Libertadores, desde que a diretoria não faça mais besteiras.