A Sabiá, marca de azeite que se tornou uma das mais premiadas do país —em quatro anos, foram 57 prêmios nacionais e internacionais, incluindo a entrada no ranking dos dez melhores do mundo pelo concurso espanhol Evooleum—, está prestes a inaugurar um projeto grandioso.
Nascida em Santo Antônio do Pinhal, na porção paulista da Serra da Mantiqueira, onde mantém 5.700 oliveiras em 17 hectares, a empresa já vinha investindo em novos olivais no município gaúcho de Encruzilhada do Sul.
Lá, a lavoura chega a 110 hectares, com 31.400 árvores. Agora, o casal de proprietários Bia Pereira e Bob Vieira da Costa está investindo R$ 25 milhões na construção de um lagar com capacidade para processar 1.800 quilos de azeitonas por hora, a ser instalado em uma sede preparada para receber visitantes.
Tem mais: até 2024, a dupla lança o próprio vinho espumante. Já foram plantados dois hectares de uvas chardonnay, pinot noir e riesling itálico.
"Será um espumante leve, fresco, ideal para happy hour", adianta Bia, que ainda mantém segredo sobre a marca. "Só posso dizer que não vai se chamar Sabiá."
Projetado pelo arquiteto Marcelo Alvarenga, da Play Arquitetura, o novo edifício terá o setor industrial instalado no subsolo, para aproveitar o relevo do terreno e garantir temperaturas mais amenas.
Os equipamentos, que devem chegar a Encruzilhada do Sul em janeiro de 2023, foram desenhados sob medida pelo italiano Giorgio Mori, considerado o papa do setor.
"Além de analisar o projeto arquitetônico, ele degustou nossos azeites, extraídos em diferentes fases da colheita, e constatou tudo o que acontecia com os frutos ao longo do processo. A partir daí, dimensionou batedeiras, centrífuga, conexões e área de envase, tudo com o objetivo de reduzir ao máximo o tempo de extração", explica Bob.
Questões relacionadas à sustentabilidade também pautaram o projeto —segundo o engenheiro agrônomo Emanuel da Costa, mestre lagareiro da Sabiá, 100% dos resíduos industriais, como caroços de azeitonas e o bagaço resultante da extração, serão aproveitados para alimentação das caldeiras e adubação.
"O Giorgio Mori considerou nosso lagar um dos mais modernos do mundo", orgulha-se Bob.
Por cima do lagar, o espaço reservado aos visitantes inclui uma highline, de onde será possível degustar azeites e espumantes avistando o pôr do sol nos pampas e um lago, que vai se chamar Tomie Ohtake.
"Vamos instalar uma escultura dela no lago e, eventualmente, organizar mostras de suas obras. O outro lado do jardim vai homenagear Leonard Cohen, porque eu e Bob adoramos os poemas e músicas dele", diz Bia.
Encruzilhada do Sul não foi escolhida por acaso. Desde 2000, a cidade localizada a 171 quilômetros de Porto Alegre vem atraindo investimentos de grandes grupos vinícolas, como Chandon e Valduga, além de produtores de oliveiras. O que falta, por enquanto, é estrutura turística.
"Essa é a nova fronteira da olivocultura e do vinho no país. Quando a estrada for duplicada, o turismo vai vir rapidamente", Bob aposta.
O casal torce para que a próxima safra, colhida entre fevereiro e março de 2023, já seja extraída no novo lagar. Já os turistas terão que esperar até 2024.
Com a expertise de quem já recebe cerca de 500 visitantes por fim de semana em Santo Antônio do Pinhal, a dupla quer garantir que tudo esteja em ordem antes de cortar a fita inaugural —que promete ser só a primeira, diz Bob.
"Mais para a frente, pretendemos ter restaurante e, quem sabe, um hotel."
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