Restaurantes e bares da capital paulista seguem um costume de longa data de servir pratos fixos em cada dia da semana. Às segundas-feiras, por exemplo, é oferecido o virado à paulista, seguido por dobradinha ou bife a rolê às terças, feijoada às quartas, macarrão às quintas e peixe às sextas. Em muitos estabelecimentos, a feijoada também é servida aos sábados.
A sequência paulistana, no entanto, sofreu mudança na última quarta (7) nos restaurantes do Palácio dos Bandeirantes pelo governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos). Os espaços na sede da administração agora seguem o calendário gastronômico do Rio, terra natal do governador.
Isso significa que a feijoada passou a ser servida às sextas e o virado à paulista, tradicional das segundas, pulou para as quartas. Procurado pela Folha, o governo de São Paulo não explicou o motivo para a mudança na programação.
Segundo Dawilson Fonte, professor do curso de gastronomia da universidade Anhembi Morumbi, a tradição de se servir um prato a cada dia da semana remonta a influências da colonização portuguesa —em especial com a chegada da família real ao Brasil no século 19.
Esse costume foi reforçado com a industrialização décadas depois. Com o trabalho em fábricas, funcionários precisavam comer fora de casa na hora do almoço em estabelecimentos que inicialmente eram pensões, explica Fonte.
"As pensões e restaurantes seguiam essa tradição de prato do dia porque isso simplificava a operação e as compras. Não era necessário um cardápio, sabia-se que segunda-feira seria servido virado à paulista", diz ele.
Uma das explicações para a feijoada ser servida na quarta é que sua carne de porco era um item que sobrava e aguentava mais tempo conservado para ser repetido, afirma o professor de gastronomia.
"Isso acabou caindo no gosto das pessoas", completa. O prato do dia também é um hábito em outras capitais brasileiras, mas que seguem datas diferentes. No Rio de Janeiro e em Brasília, por exemplo, a feijoada é servida tradicionalmente às sextas-feiras, dia mais próximo ao fim de semana.
Segundo ele, o prato é geralmente consumido às sextas e sábados em locais como escolas de samba, quando há celebrações, o que pode ter ajudado a popularizar o estabelecimento dessa data.
Apesar da mudança do governo de Tarcísio de Freitas, nos cardápios dos restaurantes e bares paulistanos, a agenda segue a mesma.
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