Morreu nesta sexta (24) o chef espanhol Daniel Redondo, que abriu o restaurante paulistano Maní ao lado da chef Helena Rizzo, com quem foi casado. Aos 46 anos, ele sofreu um acidente de moto —ainda não há informação sobre o local em que isso ocorreu.
A notícia foi confirmada por Helena Rizzo neste sábado (25) e comunicada pela família Roca, que está à frente do premiado restaurante espanhol El Celler de Can Roca, em Girona. Redondo foi chef de cozinha do local aos 27 anos, onde conheceu Helena Rizzo, que havia ido estagiar na casa.
Em 2006, os dois abriram em São Paulo o restaurante Maní, que combinava, à época, as técnicas da cozinha de vanguarda espanhola, que teve Ferran Adrià como expoente, à pesquisa de ingredientes brasileiros.
"Me lembro que em 2008 recebemos todo aquele time de espanhóis aqui no Brasil, naquele momento em que a Espanha estava vivendo um momento especial, transmitindo a mensagem que cada lugar [país] deveria olhar seu entorno", diz Helena.
Essa diretriz era vista em ingredientes como taioba e tucupi, que ainda eram raridade em menus-degustação em restaurantes paulistanos ou cariocas –uma tendência que, quase duas décadas depois, o Maní ajudou popularizar. Redondo integrou o time até 2016, quando Helena assumiu a cozinha integralmente.
"Ele amava o Brasil, amava caipirinhas, amava uma cozinha genuína. Gostava de comer e de conhecer os produtores aqui. Quando viemos para cá [abrir o Maní], ele tinha essa vontade de fazer algo, de ser criativo. Quem conviveu com ele tem essa memória", diz Helena.
"Que talento descomunal. Nascido para cozinhar. Uma pessoa perseverante, talentosa", diz uma mensagem na conta de Instagram do restaurante El Celler de Can Roca, que acompanha uma foto de Redondo.
O El Celler de Can Roca foi eleito duas vezes o melhor restaurante do mundo segundo a lista do 50 Best, em 2013 e 2015 –desde 2009 estava na lista dos cinco melhores.
O espanhol Oscar Bosch, que comanda o Tanit e o Nit Bar de Tapas, nos Jardins, em São Paulo, trabalhou com Redondo no El Celler de Can Roca e também conviveu com o chef na capital paulista.
"Era um gênio, fazia combinações inusitadas de cabeça e era muito exigente na cozinha. Tenho três funcionários que trabalharam com ele e que dizem: ‘me ensinou muita coisa, mesmo que fosse bravo.’"
Redondo foi crescendo ao longo dos anos no El Celler, conta Bosch, mas foi no Brasil que teve a oportunidade de expressar sua personalidade na gastronomia de forma mais autoral.
"Aqui, fez uma cozinha com toda aquela bagagem espanhola somada ao conhecimento das frutas e dos ingredientes brasileiros. Ele amava o Brasil".
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