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Datafolha: Ricardo Nunes tem aprovação de 12%, similar a Pitta, Kassab e Haddad

Prefeito de SP ainda não tem marca clara; popularidade é pior entre os jovens e melhor entre evangélicos

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São Paulo

Após 11 meses no cargo, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) é aprovado por apenas 12% da população paulistana, mostra pesquisa Datafolha.

Antes dele, e considerando-se os limites da margem de erro, só Celso Pitta (então no PPB), com 15%, Gilberto Kassab (então no PFL), com 15% no primeiro mandato, e Fernando Haddad (PT), com 18%, registraram marca tão baixa no ano inaugural de suas gestões, segundo a série histórica iniciada em 1986.

O prefeito Ricardo Nunes, MDB, visita escola na volta às aulas, em fevereiro
O prefeito Ricardo Nunes, MDB, visita escola na volta às aulas, em fevereiro - Danilo Verpa - 7.fev.2022/Folhapress

O levantamento do Datafolha foi feito com 840 entrevistas realizadas na cidade de São Paulo com pessoas de 16 anos ou mais nos dias 5 e 6 de abril. A margem de erro é de três pontos.

Nunes, que assumiu após a morte de Bruno Covas (PSDB) em maio do ano passado, é entre os prefeitos avaliados pelo instituto aquele com a maior parcela de entrevistados que dizem não saber avaliar sua gestão.

São 12%, índice que também só empata, dentro da margem de erro, com o alcançado por Kassab no ano de estreia do primeiro mandato (7%), quando assumiu a prefeitura após José Serra (PSDB) deixar o cargo.

São também 12% os que avaliam a gestão Nunes como ótima ou boa. Outros 46% a classificam como regular, e 30%, como ruim ou péssima.

Se a taxa de aprovação não é boa em comparação à de seus antecessores, a de reprovação não está entre as piores.

Ela empata, na margem de erro, com as de Erundina (então no PT), Marta Suplicy (então no PT) e Kassab (então no DEM) no segundo mandato, e é maior apenas que registrada por Serra em 2005.

A comparação com o desempenho de Covas não é possível porque o tucano não teve sua popularidade avaliada após 12 meses na cadeira de prefeito.

Ricardo Nunes disputou a eleição de 2020 como vice em meio a uma campanha que trouxe à tona boletim de ocorrência de violência doméstica registrado por sua mulher em 2011, como revelou a Folha. Os dois, que continuam casados, negam ter havido agressão.

A Folha também mostrou ligações do emedebista com pessoas que alugavam imóveis para creches municipais com valores que ultrapassavam, na média, os parâmetros de referência da prefeitura.

Nunes afirmou na ocasião que eram vínculos com pessoas da sua região, a zona sul de São Paulo, feitos antes de ele ser vereador da cidade, a partir de 2012.

Após a eleição, Nunes manteve a postura discreta e assumiu a prefeitura com o agravamento da doença de Covas. Manteve boa parte do secretariado e até o momento não deixou uma marca clara, diferentemente dos antecessores do tucano a essa altura do mandato.

Doria, em seu primeiro ano na prefeitura, fazia aparições vestido de gari e já tinha lançado projetos que foram vitrines da sua gestão, como o Corujão da Saúde, voltado à redução da fila para exames e outros procedimentos.

Haddad, também nos primeiros meses, criou faixas exclusivas para ônibus, uma das marcas de sua gestão, após ter a popularidade derrubada pelos protestos de 2013.

Se o petista lançou projetos com apoio principalmente dos mais jovens, como as ciclovias, Nunes tem aprovação abaixo da média junto a esse segmento.

Na faixa etária de 16 a 24 anos (16% da amostra), só 5% o avaliam como ótimo ou bom, e 19% dizem não saber como classificar sua gestão.

A aprovação fica acima da média, chegando a 32%, entre os avaliam como ótima/boa a gestão Doria no estado. Nunes e o tucano são aliados.

Já a reprovação é maior entre idosos (39%) e entre os que também reprovam a gestão Doria (42%) e menor entre evangélicos —fica em 23% nesse público, ante 32% dos católicos e 34% dos espíritas.

Se ainda não tem uma grande vitrine na administração, Nunes vem acumulando vitórias nos bastidores.

Com bom trânsito na Câmara Municipal, ele tem conseguido aprovar projetos com celeridade, como mudanças previdenciárias e prorrogação de contratos sem licitação.

Também obteve aval do Legislativo para a cessão do Campo de Marte à União em troca de abatimento da dívida municipal com o governo federal. Se o acordo prosperar, poderá lhe dar fôlego para investimentos.

Por outro lado, não são pequenos os desafios da cidade após mais de dois anos de pandemia.

De 2019 a 2021, o número de moradores de rua em São Paulo aumentou 31%, chegando a 31.884. A quantidade de famílias nessa situação quase dobrou.

Para combater o problema, a gestão Nunes anunciou medidas que reciclam programas de Doria e Haddad, prometendo empregar sem-teto e lhes dar qualificação profissional.

Problema histórico da cidade, e não resolvido por administrações anteriores, a cracolândia mudou de lugar, para a praça Princesa Isabel, mas o volume da aglomeração não diminuiu.

Já a vacinação contra a Covid na cidade começou bem entre os adultos, atingindo a marca de 106,4% da população com duas doses ou dose única —o índice fica acima de 100% porque moradores de municípios próximos podem ter sido vacinados em São Paulo, por exemplo.

Por outro lado, o patamar dos que tomaram a dose de reforço cai para 73,3%, segundo dados atualizados neste sábado (9).

Entre as crianças, o desafio é maior. Em meio a informações falsas propagadas nas redes sociais, apenas pouco mais da metade (51,6%) da faixa etária de 5 a 11 anos já tomou as duas doses contra Covid em São Paulo.

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