Descrição de chapéu chuva

Executivo da Enel diz que cidades da Grande SP deveriam criar plano de poda de árvores

Presidente da distribuidora na região defendeu a medida como forma de prevenção contra novos apagões

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São Paulo

O presidente da Enel Distribuição SP, Max Xavier Lins, disse nesta quarta-feira (8) que as cidades da região metropolitana de São Paulo deveriam realizar urgentemente um mapeamento da vegetação próxima a fiação elétrica e elaborar um plano para podar árvores.

Ele fez a sugestão após ser questionado sobre as medidas preventivas da empresa contra tempestades como a da última sexta (3), que deixou mais de dois milhões de pessoas sem luz apenas na área de cobertura da concessionária.

O executivo da Enel afirma que 95% das ocorrências de queda de energia na sexta-feira foram provocadas por quedas de árvore, o que justifica um planejamento metropolitano para mapear e podar árvores.

Às 10h desta quarta ainda havia cerca de 11 mil endereços sem luz há mais de quatro dias devido ao temporal. Para esses moradores afetados, o corte de energia já dura ao menos 114 horas. Além disso, havia um total de 56 mil no escuro há mais de um dia, devido a interrupções posteriores. A empresa disse que espera zerar o número de interrupções do serviço até o fim da tarde.

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Arvore caída e fiação elétrica rompida na rua Maria Figueiredo, no bairro do Paraíso, região central de São Paulo - Rubens Cavallari - 6.nov.2023/Folhapress

Lins disse que a Enel pretende fazer um "trabalho em conjunto" com prefeituras da região para intensificar as podas de árvores. Ele descartou a possibilidade de enterramento de fios elétricos em grande quantidade e curto prazo.

Isso porque as obras para enterrar fios são consideradas caras e costumam provocar greve transtorno. Segundo a TelComp, associação que reúne empresas de telecomunicação, as obras custam cerca de R$ 4 mil a cada metro de via em que fios aéreos são enterrados.

O custo para enterrar fios em toda a cidade pode passar de R$ 80 bilhões, segundo a entidade, uma das coordenadoras do programa São Paulo Sem Fios, da prefeitura.

Para Lins, é necessário combinar com o poder público uma forma de custear uma ampliação das obras de enterramento —na capital paulista, hoje todas as obras são bancadas por meio das tarifas que as concessionárias cobram dos consumidores.

"Precisamos ter a consciência de que essas coisas [eventos climáticos extremos] serão mais frequentes e mais intensas, portanto precisamos transformar nossa infraestrutura em algo mais resiliente", disse o executivo.

Lins também afirmou que as equipes da concessionária, a partir de agora, ficarão "um pouco mais mobilizadas" em relação ao efetivo normal de funcionários.

A empresa assinou recentemente um novo convênio com a Prefeitura de São Paulo para o serviço de poda de árvores. Segundo o executivo, o acordo ampliou os tipos de cores previstos e incluiu, pela primeira vez, um sistema de gestão virtual do serviço um banco de dados dos cortes em árvores já feitos —até então, as solicitações eram feitas por meio de ofícios de papel.

Ele diz que a Enel realizou, no ano passado, cerca de 350 mil podas de árvores nos 24 municípios da Grande São Paulo onde é concessionária dos serviços de distribuição de energia. Até agosto de 2023, foram 263 mil podas.

Lins lembrou que o enterramento de fios não é infalível contra quedas de energia, como mostrou reportagem da Folha . Cabos e caixas de luz também estão sujeitas a vandalismo e interrupção do fornecimento de energia devido a alagamentos, por exemplo. "Temos vários casos de caixas de luz subterrâneas vandalizadas", ele disse.

Empresa é alvo de prefeitura, vereadores, deputados e Ministério Público

Nos últimos dias, a concessionária de energia elétrica virou alvo de vários procedimentos em esferas do Executivo, Legislativo e Judiciário. A Prefeitura de São Paulo informou que vai processar a empresa por causa da falta de energia. Segundo a gestão Ricardo Nunes (MDB), a Procuradoria-Geral do Município entrará com ação civil pública por descumprimento de acordo da empresa com a capital paulista e de outras normas legais.

Já o Ministério Público de São Paulo propôs que a Enel pague uma indenização aos donos dos 2,1 milhões de imóveis atendidos pela concessionária no estado e que ficaram sem luz.

O presidente da Enel Distribuição SP foi convocado nesta quarta para depor em uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Assembleia Legislativa de São Paulo. Ele já havia participado da comissão no mês passado.

O presidente da Enel Brasil, Nicola Cotugno, também foi convocado. Os deputados estaduais devem questioná-los sobre a redução no quadro de funcionários da empresa.

Além disso, vereadores da Câmara Municipal de São Paulo também aprovaram abrir uma CPI para investigar a prestação de serviço da Enel na cidade. Isso ocorre apesar de a concessão dos serviços de distribuição de energia ser federal e regulado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

Em nota, a Enel diz que prestará todas as informações necessárias às autoridades. "A companhia acrescenta que mantém uma relação de transparência com seus clientes e todos os seus públicos e está fortemente comprometida em oferecer um serviço cada vez melhor à população", declarou.

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