Veja verdades e mentiras sobre a vacina contra Covid-19

Imunizantes obtiveram registro e começaram a ser aplicados em alguns países

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São Paulo

Com a aprovação de vacinas contra a Covid-19 por autoridades sanitárias em países como Estados Unidos, Reino Unido e Chile e a divulgação do plano nacional de imunização no Brasil, têm surgido dúvidas sobre os imunizantes em estudo ou já aprovados.

Em redes sociais e grupos de aplicativos de mensagens, circulam informações, áudios, vídeos, fotos e memes sobre o tema, muitos deles contendo informações incorretas ou fake news. A Folha reuniu as principais dúvidas ou informações sobre as vacinas e esclarece o que é verdade ou mentira (aqui há uma versão deste texto para compartilhar no WhatsApp).

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A vacina contra Covid-19 protegerá toda a população contra a doença

Em parte. Os imunizantes da Pfizer e Moderna mostraram eficácia acima de 90% em estudos publicados após a conclusão da fase 3 dos testes, na qual grande número de voluntários recebe a vacina ou um placebo. Para a vacina da AstraZeneca/Oxford, a eficácia foi de 90% entre os que receberam meia dose e depois a dose completa e 62% entre quem recebeu as duas doses cheias.

Esses resultados significam que, mesmo entre quem tomou a vacina, uma parte das pessoas ficará doente, o que não quer dizer que o imunizante não funcione. Como milhões de pessoas devem ser vacinadas, ainda assim pode haver milhares que adoeçam de Covid-19. O sucesso da vacina para toda uma população também depende do percentual de pessoas vacinadas: quanto mais gente for imunizada, menos o vírus circulará e assim menos pessoas pegarão Covid-19, beneficiando inclusive aqueles que não tomaram vacina ou aqueles para os quais ela não teve efeito.

As vacinas contra Covid-19 foram desenvolvidas rápido demais e não são seguras

Mentira. A gravidade da pandemia do novo coronavírus fez com que empresas e centros de pesquisa tivessem à disposição muito mais recursos para tentar desenvolver imunizantes.

Além disso, aumentou a colaboração mundial entre cientistas em busca de vacinas; e o fato de dezenas de milhares deles estarem pesquisando o mesmo assunto aumentou a chance de que algumas das pesquisas dessem certo. Por fim, agências reguladoras e governos agilizaram autorizações para os testes clínicos e foi mais fácil achar dezenas de milhares de voluntários para as pesquisas.

Esse esforço fez com que as vacinas pudessem ser criadas muito mais rápido que os imunizantes para outras doenças. Apesar disso, os imunizantes seguiram todas as etapas de testes clínicos e de segurança e de registro por autoridades sanitárias, no caso daquelas que já foram autorizadas em alguns países.

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Há riscos ao tomar as vacinas contra Covid-19

Verdade. Toda vacina tem riscos e causa reações adversas em uma pequena parcela das pessoas que a tomam. As reações mais comuns às vacinas contra Covid-19 são leves: dor e inchaço no local da injeção, dor de cabeça, cansaço, calafrios, febre e dor muscular. Mais raros são efeitos como reações alérgicas severas e náusea.

É importante lembrar que, mesmo que as vacinas tragam riscos, o objetivo é proteger a população mundial de uma ameaça muito mais grave. A Covid-19 causa em parte dos que pegam a doença sintomas severos como febre, tosse, falta de ar e dificuldade de respirar, podendo levar à morte. Idosos e pessoas com doenças cardiovasculares (por exemplo, hipertensão, doença cardíaca e derrame), doenças respiratórias crônicas, diabetes e câncer têm um risco mais alto de desenvolver quadros graves. Também existe o risco de sequelas após a doença, mesmo em que teve quadro leve.

Até 16 de dezembro, o coronavírus já havia causado a morte de mais de 1,6 milhão de pessoas no mundo e mais de 182 mil no Brasil. A título de comparação, as complicações relacionadas à gripe (influenza) matam de 290 mil a 650 mil pessoas no planeta por ano, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.

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As vacinas contra Covid-19 não acabarão com a pandemia

Em parte. Após a vacinação de toda a população mundial, ou boa parte dela, o que deve demorar muitos meses, a velocidade de propagação do vírus provavelmente cairá muito, assim como o número de casos e mortes. Ainda não se sabe, porém, quanto tempo a imunidade conferida pela vacina vai durar. Alguns especialistas acreditam que será necessário manter cuidados como usar máscaras, lavar mais as mãos e usar álcool em gel mesmo após a vacinação.

Quem não é do grupo de risco não precisa tomar vacina

Mentira. É provável que jovens saudáveis sejam um dos últimos grupos a serem vacinados, mas eles precisam, sim, receber o imunizante, já que, ao não pegarem e transmitirem a doença, ajudam a proteger os mais vulneráveis. Além disso, tem havido aumento de casos e mortes entre adultos mais jovens nas últimas semanas no Brasil, ou seja, não é certo que quem tem esse perfil não corra riscos devido à Covid-19.

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As vacinas desenvolvidas na China, como a Coronavac e a da Sinopharm, não estão sendo usadas na China

Mentira. Os dois imunizantes obtiveram autorização emergencial no país e estão sendo aplicados em grupos de risco. Segundo a BBC, 1 milhão de chineses já tomaram o imunizante da Sinopharm.

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A vacina contra Covid-19 causa câncer, problemas de fertilidade e altera o código genético

Mentira. Os imunizantes não têm capacidade de alterar o código genético nem de causar problemas de fertilidade ou mudança de gênero ou sexualidade. Também não há nenhuma evidência de associação entre qualquer vacina e câncer.

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Um voluntário do teste clínico da Coronavac morreu por causa da vacina

Mentira. Um voluntário que participava dos testes da Coronavac, uma das vacinas contra a Covid-19, em São Paulo, morreu em decorrência de intoxicação ou suicídio, em incidente que não tem relação com o imunizante.

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As vacinas causam danos neurológicos e levaram à morte de mais de 2.000 voluntários

Mentira. Comunicados das fabricantes e de órgãos oficiais mostram que as vacinas que estão em teste não causaram nenhum dano neurológico nem esse número de mortes de voluntários relacionadas a elas.

Com informações do Projeto Comprova, coalizão que reúne 28 veículos na checagem de conteúdos sobre coronavírus e políticas públicas. Conteúdos verificados por Folha, Jornal do Commercio, GZH, Marco Zero, Correio, Niara, Piauí e Estadão.

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