Grafiteiros
entram na USP
A Universidade
de São Paulo começou, nesta semana, a preparar
a primeira cooperativa brasileira de grafiteiros, tradicionalmente
desorganizados, alguns deles ex-pichadores. A maioria deles
nem sequer imaginava que aquela arte poderia tornar-se uma
profissão -até porque vivem perseguidos pela
polícia e são encarados como marginais, obrigados,
muitas vezes, a fazer suas intervenções de madrugada.
A experiência
será realizada com 18 grafiteiros, apoiados pela Incubadora
de Cooperativas, da USP, que, com alunos e professores de
diversas faculdades, prestarão assessoria gratuita
a quem quiser transformar a arte nos muros numa fonte de renda.
Grafiteiro
há mais de quatro anos, Paulo Ito, 24, formado em artes
plásticas pela Unicamp, aposta: "A cooperativa,
com habilidade em marketing e noções de administração,
além de usar ferramentas como mala-direta para a oferta
de serviços e recursos da internet, vai valorizar as
intervenções." Dali podem surgir subprodutos
como camisetas, copos, jogos americanos, quadros estilizados,
pôsteres, além das fachadas. Ito, no mês
passado, foi uma das estrelas de um projeto do badalado arquiteto
João Armentano, que fez do hall de um loft uma galeria
de grafitagens.
O patrono
da parceria é Paul Singer, professor da Faculdade de
Economia da USP e coordenador acadêmico da Incubadora
de Cooperativas. "A cooperativa está a serviço
não só de seus sócios mas também
da coletividade. Não é uma empresa, está
mais próxima de uma família."
Já
existem chances concretas de negócios. O empresário
João Paulo Diniz, do Grupo Pão de Açúcar,
encantou-se com a possibilidade de unir arte pública,
educação e recuperação urbana.
Comprometeu-se a preparar uma galeria exclusivamente para
grafiteiros e ofereceu gôndolas dos supermercados Pão
de Açúcar, onde seriam vendidos produtos com
os desenhos.
Imagens
à disposição não faltam. Os grafiteiros
estão em fase de planejamento da maior intervenção
de grafite já feita em São Paulo. Orientados
por professores de artes plásticas e designers, querem
entregar até o fim deste ano um desenho que ocupará
três quilômetros nos muros, hoje abandonados e
pichados, da avenida Sumaré, em fase de recuperação
pela comunidade em parceria com a prefeitura. O projeto ambicioso
já saiu do papel: numa ponta da avenida, sob o Instituto
Goethe, 14 grafiteiros entregaram uma obra conjunta que orna
um muro de 280 m2.
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