Sombra
e água fresca
O paisagista
Raul Pereira se incomoda ao passar pela avenida Sumaré
e ver que uma nascente que sai de um barranco é utilizada
para lavar carros, para encher de água os seus radiadores
ou para mendigos tomarem banho. "Um desperdício",
reclama.
Dali surgiu
a idéia de aproveitar a nascente para fazer um conjunto
de chafarizes, um deles a ser instalado no canteiro central
e transformado num ponto de encontro. "É uma das
ruas da cidade em que as pessoas fazem caminhadas. É
quase um ato de resistência em uma São Paulo
dominada pelos automóveis", afirma Raul.
O plano,
porém, ganhou dimensão maior: recuperar todos
os três quilômetros da avenida Sumaré,
com suas praças abandonadas e muros pichados, implantando
um projeto paisagístico. Novas árvores seriam
plantadas para produzir sombra aos caminhantes.
Raul conseguiu
o apoio das administrações regionais da Lapa
e de Pinheiros, da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização),
da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, das associações
comunitárias e da iniciativa privada. As obras começam
já no próximo mês em ritmo de mutirão.
A Fundação
BankBoston aderiu ao projeto por meio de seu programa de intervenção
urbana batizado de PraTiCidade, bancando a revitalização
da praça Ana Maria Popovic, que tem uma quadra de esportes
hoje abandonada; na avenida, há uma agência do
BankBoston. Umas das propostas em estudo é fazer ali
campeonatos de futebol e basquete para portadores de deficiência.
A Secretaria Municipal do Meio Ambiente se dispôs a
doar mudas de plantas.
A intervenção
vai seguir o ritmo de um mutirão. Com escritório
nas imediações, Rafic Farah, um dos maiores
designers brasileiros, propôs-se a doar uma escultura.
As centenas de praticantes de "jogging", os estudantes
das escolas da região e até os aficionados de
rapel, que usam o viaduto que passa por cima da avenida Sumaré,
participarão de oficinas de mosaico; as peças
serão usadas para adornar o canteiro central.
Grafiteiros,
que já recuperam o muro embaixo do Instituto Goethe,
combinando mosaicos com pinturas, vão fazer intervenções
em vários pontos, coordenados por artistas plásticos.
"Queremos
que todos se sintam donos do espaço porque ele vai
ter a cara e a alma de seus frequentadores", sugere Raul
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