|
|
A
eleição à Presidência dos Estados Unidos, a ser decidida hoje,
mostrou dois candidatos ávidos por convencer a opinião pública
de que, em seu mandato, a educação vai estar, permanentemente,
no topo da agenda.
As promessas envolvem cifras inimagináveis para um brasileiro.
O candidato democrata Al Gore se propôs a despejar U$ 15 bilhões,
por ano, em escolas primárias e secundárias. Mais U$ 5 bilhões
anuais seriam drenados para ajudar os jovens a cursar faculdades.
A campanha do republicado George Bush foi, em larga medida,
sustentada no desempenho das escolas do Texas, onde é governador.
Ele apresentou o modelo texano como modelar, sinal do que
faria no resto do país.
Os republicanos atiçaram o debate com a proposta do "voucher",
tema importado para o Brasil por Paulo Maluf, na sua derrotada
campanha à prefeitura.
A família de baixa renda ganharia do poder público um "voucher"
para manter os filhos numa escola privada e fugir da baixa
do ensino público.
Numa família com dois filhos, a proposta custaria, por mês,
cerca de U$ 1 mil, perto dos R$ 2 mil. Um aluno de escola
pública sai, por mês, em média, R$ 500 mensais _ mais do que
o valor pago em todo um ano a um aluno brasileiro do ensino
fundamental.
O recado extrapola a realidade dos Estados Unidos e chega
diretamente ao Brasil. Na era do conhecimento, a pessoa vale,
no mercado de trabalho, quanto sabe; e quanto sabe está diretamente
associado à cadeia escolar.
A tradução é imediata e generalizada: o "meu preço" vai depender
da eficiência dos governantes em ajudar os mecanismos de transmissão
do conhecimento, dentro ou fora da sala de aula. O de colegial
já deixou de ser passaporte para ser classe média, e faculdade
virou demanda popular.
Os sinais americanos foram vistos, com igual intensidade,
embora muito menos dinheiro, na eleição municipal brasileira.
A maioria dos programas prometidos de Marta Suplicy, como
renda-mínima, bolsa-trabalho, Começar de Novo ( emprego para
idosos) e alfabetização de adultos, estão fincados na temática
do treinamento educacional.
Não é modismo, desses que entram e saem na agenda dos candidatos.
Mas apenas uma questão de sobrevivência dos eleitores.
Se a nação mais rica do planeta, berço da maior produção mundial
de ciência, que gasta U$ 500 mensais por aluno primário, faz
da educação seu tema mais relevante, imagine-se o grau de
urgência e fragilidade no Brasil diante do despreparo generalizado.
Leia colunas anteriores
31/10/2000 - Urbanista vai virar
novo guru
24/10/2000 - Por que Martuf
17/10/2000 - Quem
vai pagar pelas mortes da GM?
10/10/2000 - Discussão do caráter
é, na maioria das vezes, perda de tempo
03/10/2000 - A lição das urnas
doeu
|
|
|
|
|