NOSSOS
COLUNISTAS

Amir Labaki
André Singer
Carlos Heitor Cony
Carlos Sarli
Cida Santos
Clóvis Rossi
Eduardo Ohata
Eleonora de Lucena
Elvira Lobato
Gilberto Dimenstein
Gustavo Ioschpe
Helio Schwartsman
José Henrique Mariante
Josias de Souza
Kennedy Alencar
Lúcio Ribeiro
Luiz Caversan
Magaly Prado
Marcelo Coelho
Marcelo Leite
Marcia Fukelmann
Marcio Aith
Melchiades Filho
Nelson de Sá
Régis Andaku
Rodrigo Bueno
Vaguinaldo Marinheiro

Gilberto Dimenstein
gdimen@uol.com.br
  17 de outubro
  Quem vai pagar pelas mortes da GM?
 
Uma experiência desenvolvida nos Estados Unidos mostra como ensinar ética a futuros executivos e empresários: levá-los para a cadeia. Nem que seja por algumas horas.

O estudo de ética nos negócios faz parte do MBA da Pepperdine University, na Califórnia. Para reforçar e ilustrar o conteúdo de sala aula, os alunos são convidados a visitar um presídio, onde conversam com empresários e executivos, presos por terem ferido a lei _ quase todos, a exemplo da audiência, com diploma de curso superior e MBAs, incompetentes em sua esperteza.

Depois do experiência na cadeia por algumas horas, os estudantes se mostraram, provocados mais pelo medo do que senso de honestidade, a encarar com ainda mais reverência a lei.

Vamos supor que tentássemos reproduzir tal experiência no Brasil. A primeira e óbvia pergunta: quantos empresários ou executivos estão na cadeia e poderiam dar uma aula prática sobre os perigos da transgressão?

A reposta é também óbvia. O curso seria, portanto, um fracasso por falta de material didático.

Assunto que predomina as eleições municipais, especialmente visível em São Paulo, ética ( ou melhor, a falta de tem uma notável falha didática _ a falta de punição às transgressões cotidianas.

Centralizam-se os alvos no poder público e, em muito menor escala, no poder empresarial. E muito menos ainda na esfera privada. Tipo: jogar papel no chão, furar fila, subornar guarda de trânsito, andar em alta velocidade, estacionar em fila dupla, e por aí vai.

O problema, difícil de admitir, é que a falta de ética na política é, em boa medida, apenas e tão-somente reflexo da falta de ética da sociedade, acostumada à impunidade.

Há poucos políticos, porque existem poucos empresários e executivos enjaulados. Ou pouquíssima gente multada por depredar ou sujar o espaço público.

Exemplo prático: a GM acaba de admitir que, devido a falhas em seu cinto de segurança, duas pessoas morreram. E, pior, suspeita-se que a falha já era conhecida. Quem, quanto e como vai pagar por isso?

Podem apostar que o tratamento à GM nos Estados Unidos seria mais duro do que vai ser aqui.



Leia colunas anteriores
10/10/2000 - Discussão do caráter é, na maioria das vezes, perda de tempo

03/10/2000 - A lição das urnas doeu
26/09/2000 -
Por que a eleição de São Paulo é uma boa notícia
19/09/2000 -
Quem suja a cidade não merece o voto
12/09/2000 - É óbvio que Marta torce por Maluf

| Subir |

Biografia
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A - Todos os direitos reservados.