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gdimen@uol.com.br
  24 de outubro
  Por que Martuf
 
Ao abrir minha caixa postal eletrônica, domingo de manhã, recebi um bombardeio de leitores, mesclando crítica, decepção, irritação e, em muitos casos, ofensas, com a minha coluna, publicada pela Folha, intitulada "Cala a Boca".

No geral, acusavam-me de "traição", "irresponsabilidade" e "falta de espírito" público, porque a coluna supostamente favorecia a Paulo Maluf.

Diante da caixa postal lotada, li e reli mais uma vez o texto, para saber se, por algum deslize, uma palavra mal colocada, teria sido parcial. Não vi, porém, parcialidade. Desculpem-me a arrogância, mas o problema é do leitor.

Tentei simplesmente identificar as fragilidades e virtudes dos dois candidatos, fazendo, sempre, as ressalvas, encaixadas no contexto.

Cercado de ressalvas, escrevi que teríamos um candidato melhor com a junção da sensibilidade social de Marta Suplicy, com seu apego à busca de parcerias com a sociedade civil, e a experiência administrativa de Maluf. Daí surgiria o "Martuf".

Por várias vezes no texto, relativizei a experiência de Maluf, que não é sinônimo de competência, mas de vivência: tanto que a cidade está quebrada, desgovernada, e, em parte, se deve ao ex-prefeito.

Defendi, no artigo, que um dos pontos vulneráveis da candidata do PT é a falta de experiência administrativa pública ou privada _ o que me parece óbvio. Não significa que alguém sem experiência não possa ser um bom administrador, afinal tem de começar em algum lugar. É apenas uma incógnita.

Significa, entretanto, que um candidato sai com vantagem se já tiver uma vida passada com realizações administrativas _ o que, mais uma vez, me parece óbvio.

Natural que, nessa disputa, tenha minhas preferências pessoais e, no íntimo, torça. Ilude o jornalista que afirmar que, diante de uma eleição envolvendo Marta ou Maluf, não tenha uma opção.

Mas o papel do jornalista não é ser chefe de torcida ou cabo eleitoral, por mais difícil que seja a objetividade em estado puro. Ainda mais numa eleição tão radicalizada.

Devemos tentar em nome justamente do leitor, que deseja informações, análises, críticas, para decidir com base em argumentos racionais e não emocionais _ ele necessariamente merecer saber quais são os pontos fortes e fracos dos candidatos.

O resto é discurso de palanque.


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