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  22 de agosto
  FHC II, a caída em si
  Experimente dar a um intelectual um salário, uma mesa, uma equipe de pesquisadores e um generoso naco de tempo. Ele logo erguerá um conjunto de teses. Tente dar a esse mesmo intelectual poder, um gabinete no terceiro andar do Planalto, uma equipe de ministros e dois mandatos. Não haverá tese capaz de se segurar de pé.
FHC vive uma experiência única. É o intelectual no poder. Quando estiver de volta aos livros, ele decerto escreverá sobre si mesmo. Não vejo a hora de lê-lo. Por mim, ele começaria tentando responder à seguinte pergunta:
Por que foram necessários cinco anos, sete meses, 20 dias, 15 horas, um Serjão, um Mendonção, vários escândalos, muitos acertos com o pefelê, alguns encontros com o Maluf, um almoço com o Quércia e um passeio do Eduardo Jorge no jatinho do Luiz Estevão para que o presidente se desse conta de que o governo dele reclamava a edição de um código de ética?
Enquanto aguardamos pelo retorno de FHC à rotina acadêmica, resta-nos comemorar o anúncio que fez ontem, em solenidade a que compareceram todos os ministros. Antes da posse, ele tinha mesmo avisado que mexeria em vespeiros. Não se sabia que demoraria tanto. Mas vá lá, tudo bem.
O importante é que, além do código de ética, o governo irá dispor de um engenhoso sistema de controle dos gastos públicos. Em resumo: será um outro governo, bem mais sério e zeloso. Um governo que jamais frangaria outro juiz Lalau.
Convém marcar a data em vermelho no calendário. Não, não. Melhor anotar na agenda: 21 de agosto de 2000, o dia da virada. O dia em que FHC caiu em si. O dia em que o professor descobriu que sua administração anterior foi boa enquanto durou, mas agora basta.
A oposição, sempre destrutiva, dirá que FHC não age por convicção ou por compromisso. Insinuará que ele apenas reage ao noticiário. Lembrará que o problema da violência também só se tornou importante para o governo depois que a TV mostrou quatro horas de horror dentro do ônibus tomado por aquele assaltante no Rio.
Maldade de oposicionista, sabemos todos. Mas não custa intensificar o noticiário sobre a emergência social. Quem sabe depois de uma bateria de reportagens e artigos FHC se convence de que dirige um governo social-democrata. Vamos lá, gente. Ânimo. Ainda está em tempo.

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