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  25 de setembro
  Ciência em dia
 
Quem é mais feroz, ianomâmis ou antropólogos?

Ormuzd Alves/ Folha Imagem
O ianomâni Davi Kopenawa

No caso do rififi antropológico desencadeado pelo livro "Darkness in El Dorado", do jornalista americano Patrick Tierney, não se pode pedir para esperar a poeira baixar -ela nem levantou. O livro ainda não saiu. Mas é tanta a sujeira jogada no ventilador da questão ianomâmi que está respingando aos montes pela Internet.

Em poucas palavras, Tierney acusa seu conterrâneo e antropólogo Napoleon Chagnon -que já não gozava de boa fama entre seus pares, digamos, à esquerda- de manipular ianomâmis da Venezuela (há 12 mil deles também no Brasil) para provar teses sobre a violência humana de forte teor sociobiológico. .


O mal-estar com Chagnon data de seu livro "O Povo Feroz" (1968), um retrato da etnia que se baseou na sua convivência de anos com os ianomâmis e alguns personagens duvidosos da vida venezuelana (e que se encontra num CD-ROM recém-lançado). Na virada dos anos 80 para os 90, andou pelo Brasil e ganhou espaço na imprensa para falar mal da outra turma de antropólogos e de missionários na Amazônia.

Tudo indica que o livro de Tierney é um novo lance nessa disputa entre "direita" e "esquerda" da antropologia norte-americana. Por essa razão, deve ser tomado com alguma reserva -quando sair (por ora, você pode ler trechos publicados pela Folha, acompanhados de reportagem, e texto de David Miller na newsletter "The Chronicle of Higher Education").

Entre as acusações mais graves do livro está a associação de Chagnon com o geneticista James Neel, que teria aplicado em ianomâmis uma vacina anti-sarampo suspeita de ser o rastilho de uma epidemia. Na obra inédita de Tierney, é pintado como a quintessência do vilão, oriundo da Comissão de Energia Atômica e seus obscuros experimentos com efeitos de radiação em humanos.
Neel, que morreu em fevereiro, foi enfaticamente defendido esta semana por uma dos maiores geneticistas brasileiros e seu colaborador no Brasil, Francisco Salzano, como se pode ler em reportagem de Claudio Angelo na Folha.

Ou Tierney e Salzano não estão falando da mesma pessoa, ou alguém foi enganado nessa história.

Mais Amazônia-1

Há bons indícios de que estão diminuindo as queimadas na Amazônia, apesar de ser este um ano eleitoral e de certo reaquecimento na economia (tradicionais combustíveis conjunturais das coivaras). Segundo reportagem de Thomas Traumann na Folha, o bom resultado deve ser atribuído a uma mistura de regulamentos (proibição de queimadas no Mato Grosso, por exemplo), fiscalização mais eficiente e trabalho de base realizado por ONGs como Ipam e Amigos da Terra.


Mais Amazônia-2

O fogo pode ter diminuído na floresta amazônica e seu entorno, mas não desapareceu nem vai desaparecer de lá tão cedo. Assim, não soa de todo anacrônica reportagem de capa da edição latino-americana da revista "Time" da semana passada, cujo título falava em "barril de pólvora". Ela alerta para o efeito desastroso previsto por ONGs como o Ipam, de Belém do Pará, e o WHRC, dos EUA, para o asfaltamento de estradas.

Não adianta procurar na Internet. Não há traço da reportagem nas edições americana, européia ou asiática da "Time". Mesmo tão globalizada, a revista parece acreditar a Amazônia só interessa a latino-americanos (e talvez seja melhor assim, pois há poucos anos os "hermanos" do Norte agiam como se só interessasse a eles). Quem é leitor da Folha, por outro lado, já ficou sabendo das previsões do Ipam e do WHRC. Reportagem publicada em 19 de março virou manchete do jornal e já avisava: "Obras federais ameaçam florestas".

Site da semana

Muita gente nascida por volta de 1960 que se interessa por ciência começou a admirá-la por causa de aventuras espaciais, reais (Apolo-11 et coetera) ou imaginárias (Jornada nas Estrelas et caterva). Quem quiser matar saudades daquele entusiasmo intergalático deve dar uma espiada no que rapazes e moças de hoje estão fazendo com ele, como na página Trekbrasilis.


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