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A sociobiologia entrou em voga em meados dos anos 70. Seu expoente
foi Edward O. Wilson, biólogo americano para quem os comportamentos
humanos foram selecionados durante a evolução da espécie
e estão inscritos (prescritos) nos genes
A ovelha
Dolly, primeiro clone de mamífero adulto, foi a única
produzida no experimento do Instituto Roslin da Escócia,
de fevereiro de 1997, entre 277 tentativas
Quando
até um biólogo e ensaísta do porte de Richard
Dawkins só tem a dizer sobre clones humanos que eles serão
feitos, mais dia, menos dia, é hora de alarmar-se. Tudo bem
que ele não seja exatamente um humanista, tendo escrito o clássico
sociobiológico
"O Gene Egoísta", mas incomoda ouvi-lo fazer um juízo
tão despreocupado da questão -na entrevista
a Josélia Aguiar publicada na Folha- apenas três
dias depois de um certo Movimento Raeliano ter anunciado, no Canadá,
que vai produzir a primeira cópia de ser humano.
Os raelianos são uma dessas seitas ecléticas que pululam
no imerecidamente chamado Primeiro Mundo. Acreditam que a espécie
humana é descendente de clones criados por extraterrestres,
cultuam a nanotecnologia e a genética e têm um aguçado
senso financeiro-mercadológico (a sede de seu recém-lançado
serviço de clonagem, Clonaid, fica nas Bahamas). Estariam recebendo
US$ 500 mil de um casal para clonar sua filha morta, mas prevêem
economias de escala que rebaixariam o custo ao consumidor para até
US$ 200 mil.
Como bem observou
Rick Weiss, em reportagem do jornal "The Washington Post"
que tornou a heresia raeliana conhecida do mundo, vai ficando claro
que clones humanos provavelmente surgirão de uma dessas seitas,
não de laboratórios "mainstream" atados por
toda sorte de regulamentos e comitês éticos. Só
elas reúnem as dezenas ou centenas de pessoas teologicamente
motivadas para sacrificar princípios, óvulos, dúzias
de gravidezes e dinheiro no altar da ineficiente
técnica de clonagem por fusão celular.
Seja por fé ou cupidez, não faltarão técnicos
para pôr em prática um projeto de clonagem. As habilidades
necessárias estão provavelmente disponíveis em
qualquer clínica comercial de reprodução assistida,
como algumas aqui de São Paulo, capaz de realizar fertilização
"in vitro" (bebês de proveta). Não faltaram
químicos, por exemplo, para produzir o gás sarin usado
no atentado do metrô de Tóquio, em 20 de março
de 1995 (11 mortos).
No auge da histeria dos pitbulls e rottweilers, uma piada dizia que
o certo seria castrar os donos dos animais, não os próprios.
A clonagem humana é proibida por lei, no Brasil, mas, nos países
em que não vigora tal interdição, seria o caso
de perguntar se a probabilidade de que os primeiros genes clonados
sejam o de carolas pós-modernos como os raelianos não
representaria mais uma razão para introduzir tal proibição.
Imagem da semana
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O
DESABROCHAR DAS PROTEÍNAS - Essas 12 imagens são
representações tridimensionais de proteínas
obtidas da Methanobacterium thermoautotrophicum, entre as 1.871
que se acredita existirem na bactéria. Foi tudo que um consórcio
de pesquisadores dos EUA e Canadá conseguiu reproduzir depois
de mais de um ano de trabalho com uma linha de remontagem de proteínas,
a partir do genoma, de alta performance. Ou seja, não é
bem um início promissor para a chamada era proteômica,
ou pós-genômica. Leia reportagem de Isabel
Gerhardt na Folha de ontem.
Site da semana
Os americanos -natos ou naturalizados- arrasaram de novo no anúncio
dos quatro prêmios Nobel de ciência (Medicina ou Fisiologia,
Física, Química e Economia). Dos 11 agraciados, só
3 não pesquisam nos Estados Unidos (1 sueco, 1 russo e 1
japonês). Confira as biografias e as razões da escolha
na página
da Fundação Nobel.
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