NOSSOS
COLUNISTAS

Amir Labaki
André Singer
Carlos Heitor Cony
Carlos Sarli
Cida Santos
Clóvis Rossi
Eduardo Ohata
Eleonora de Lucena
Elvira Lobato
Gilberto Dimenstein
Gustavo Ioschpe
Helio Schwartsman
José Henrique Mariante
Josias de Souza
Kennedy Alencar
Lúcio Ribeiro
Luiz Caversan
Magaly Prado
Marcelo Coelho
Marcelo Leite
Marcia Fukelmann
Marcio Aith
Melchiades Filho
Nelson de Sá
Régis Andaku
Rodrigo Bueno
Vaguinaldo Marinheiro

Elvira Lobato
elobato@uol.com.br
  5 de agosto
  Lindas e sujas
  "No poder, nas negociações, há coisas lindas e coisas sujas". A frase, dita por Eduardo Jorge Caldas em seu depoimento perante a subcomissão do Senado, na quinta-feira, ainda martela em minha cabeça.
O que terá ele querido dizer com isso? Que coisas sujas teria ele testemunhado ou, talvez, participado enquanto homem- forte do Palácio do Planalto?.
Seguramente, o conceito de beleza e de sujeira de quem está no poder é diferente do nosso, cidadãos comuns. O poder vicia e distorce a visão. Os que chegam lá não querem voltar à situação anterior. O poder inebria e, segundo Ulysses Guimarães, chega a ser orgásmico.
Eduardo Jorge ficou praticamente um mês sob investigação da imprensa, mas não se chegou a uma denúncia irrefutável contra ele, até porque, como já disse em outras ocasiões, os jornalistas dispõem de armas rudimentares e de baixíssimo alcance para investigação.
O fato de a imprensa não chegar a uma denúncia irrefutável não significa que não exista sujeira, aliás, como ele próprio admitiu em seu depoimento. O problema está em como apurar os fatos. É muito difícil, para não dizer impossível, comprovar denúncias contra pessoas do governo sem haver quebra de sigilo bancário. E a subcomissão já se comprometeu em manter intactas as contas de Eduardo Jorge.
O caso PC Farias teria sido apenas mais uma crise do governo Fernando Collor, se Pedro Collor, com sua fúria de irmão traído, não tivesse dado informações sobre o esquema de arrecadação montado por PC. Com o presidente enfraquecido, o Congresso quebrou o sigilo do núcleo alagoano do governo e vieram à tona os depósitos milionários em contas de fantasmas.
Tirando o senador Roberto Requião, que afirmou querer ver Eduardo Jorge atrás das grades, ninguém ousou ir fundo contra o ex-assessor de FHC. Há, pelo menos até agora, a crença de que existe uma distância abissal entre Collor e FHC. Mas tudo pode ruir, se aparecer um Eriberto (o motorista que apresentou as primeiras provas contra Collor) no meio do caminho.
Qualquer coisa se comprove contra Eduardo Jorge explodirá no colo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Não há como desvincular a imagem dos dois.
Depois do depoimento de EJ no Senado, o trabalho da imprensa fica mais difícil. Na tentativa de esfriar o ânimo investigativo da imprensa e de alguns congressistas, o Palácio do Planalto divulgou que o presidente ficou satisfeito com o desempenho de seu ex-assessor. Como se isso bastante para por um ponto final nas suspeitas contra o ex- assessor. A investigação jornalística vai continuar, mas terá que ser ainda mais rigorosa nas apurações pois Eduardo Jorge, aparentemente, recuperou o apoio do presidente.


Leia colunas anteriores
29/07/2000 - A revolta dos fundos de pensão
22/07/2000 -
Que país é esse?
15/07/2000 - O Público e o Privado
08/07/2000 - Um filho pra chamar de seu
01/07/2000 - Coronelismo eletrônico

| Subir |

Biografia
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A - Todos os direitos reservados.