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  7 de agosto
  Lobby ao contrário
  "Faço lobby ao contrário. Auxilio as empresas a entende­ rem o processo de trabalho do governo para que possam se posicionar". Assim o ex-secretário-geral do presidente, Eduardo Jorge Caldas definiu, em seu depoimento à subcomissão do Senado, na quinta-feira, o papel que tem desempenhado junto ao empresariado desde que deixou o governo, em abril de 98.
Não tem sido este o entendimento de muitos empresários que, em conversas reservadas, afirmam que Eduardo Jorge era um homem de grande poder, mesmo depois afastado do governo. "Nenhum de nós teria coragem de recusar o pedido dele", afirmou um em­ presário do ramo de seguros que, obviamente, falou com a condição de que sua identidade fosse mantida em sigilo.
Lobby, no Brasil, sempre foi sinônimo de tráfico de influência. Basta ver a quantidade de ex-ministros, ex-parlamentares e ex-executivos de estatais que se tornaram "assessores" de em­ presas privadas assim que deixaram seus cargos públicos.
Vou citar um caso, a título de exemplo, mas há milhares deles por aí. O ex-ministro dos Transportes na primeira gestão de Fernando Henrique Cardoso, Odacyr Klein, é hoje vice-presidente do Syndarma, o poderoso sindicato das empresas de navegação.
Klein tem escritório em Brasília e seu trabalho é fazer lobby junto aos congressistas nas questões de interesse do setor naval e junto ao Ministério dos Transportes, onde ainda é chamado de "ministro" pelos funcionários.
Nas empresas recém-privatizadas, ex-dirigentes do período estatal costumam ser contratados para o cargo de "diretor de relações institucionais", para cuidar dos contatos com o governo.
Por vários motivos, eles valem ouro para as empresas. Em alguns casos, foram responsáveis pela confecção de normas que passaram a regulamentar as empresas, após a privatização.
Quem melhor para assessorar uma empresa a encontrar brechas na regulamentação do que o próprio autor do regulamento?
Na pior das hipóteses, um ex-dirigente de estatal vale ouro pelos amigos que deixou no governo. Pode dirigir-se ao burocrata do serviço público como seu ex-colega de trabalho, o que, certa­ mente, facilita muito o trânsito da empresa nas esferas oficiais. Não digo que ex-dirigentes público sejam contratados para corromper fucionários públicos. Falo de pequenos favores, de ambos os lados.
Lembro-me de que no período militar, grandes empresas tinham militares da reserva em seus quadros, para "facilitar" o acesso ao governo. É a mesma situação de agora, quando se discute a atuação de Eduardo Jorge.
Nada se provou de concreto, até o momento, contra o ex-assessor de FHC e, como a subcomissão do senado que o interrogou já disse que não pedirá a quebra de seu sigilo bancário, é provável que nada venha a ser provado e que caso vá para o limbo da história.


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