A
cidade parece um queijo suíço remendado
Se
houvesse um campeonato, São Paulo certamente venceria:
é a metrópole mais esburacada do mundo.
Não há região, não há
bairro, não há via pública, preferencial
ou não, que deixe de ostentar buracos, irregularidades,
ondulações, cracas de concreto, poças
d´água, enfim qualquer coisa que nos leve à
constatação: sim, essa é uma cidade
malcuidada, vítima da ação do tempo
e do excesso de veículos aliados à negligência
e/ou incompetência do poder público.
Quando há um ano retornei do Rio de Janeiro, passei
a sentir diariamente o que já notara nas estadas
esporádicas por aqui, ou seja, a buraqueira generalizada.
Morei 8 anos e meio no Rio de Janeiro e estava acostumado
aos cuidados que a prefeitura de lá sempre tem com
as vias da zona sul, praias e do centro, locais por onde
circulava _ nos subúrbios, claro, a situação
era outra, me diziam.
No entanto, os carros rodavam por Copacabana, Ipanema, Leblon,
Gávea etc. sem que pneus, amortecedores e suspensões
sofressem como se estivesse trafegando sobre um queijo suíço,
todo remendado.
Não tenho nada contra o delicioso queijo, muito ao
contrário, mas ele é quase tão esburacado
quanto as ruas de São Paulo.
E uma coisa que me espanta é o seguinte: é
raro ver alguém reclamando da buraqueira, chiando
não só dos buracos em si, mas também
do serviço porco que normalmente é feito nos
"consertos", nos quais simplesmente é colocada
uma camada superficial e irregular de asfalto, transformando
o piso saliente e ainda defeituoso, quando não pior
do que estava.
Outro dia, circulando pela região mais nobre da cidade
(rua Oscar Freire e adjacências), onde se localiza
o comércio classe A, onde o IPTU é uma fortuna,
onde as lojas recolhem muitos impostos e onde circulam os
carros que pagam o IPVA mais caro, tentei fazer um teste:
contar os buracos de um determinado trecho. Impossível.
Os defeitos no piso eram tantos e tão variados (redondos,
compridos, rasos, fundos, laterais, ondulados, seqüenciais,
paralelos, triangulares, ufa!), que acabei desistindo.
E é assim também nas ruas de qualquer outro
bairro, por mais nobre que seja e de impostos caríssimos
para quem mora lá. Como o Morumbi, por exemplo. Outro
dia, procurando um endereço à noite, quase
perdi a roda dianteira do carro numa cratera.
Porém, como se pôde ler ma Folha recentemente,
a coisa não vai ficar assim, não. Até
o final do "governo" Pitta, vai piorar. O serviço
de tapa buracos está sendo suspenso, os contratos
com as empreiteiras não estão sendo renovados
e Marta Suplicy e sua equipe herdarão uma cidade
que com certeza terá mais orifícios que asfalto
nas ruas.
Dificilmente os transtornos desse governo desastrado só
nessa área serão eliminados em quatro anos.
Para recuperar a cidade toda (equipamentos urbanos destruídos,
repartições públicas abandonadas e
com móveis detonados, veículos quebrados,
coleta de lixo deficiente e o caixa vazio) será preciso
de dinheiro, competência do governo e muita, mas muita
paciência das vítimas desse caos.
Que somos nós, paulistanos, de quem Deus tenha piedade.
*
Sessão
Besteirol
Como
não há mal que sempre dure, deixe os buracos
e a tristeza de lado e divirta-se um pouco em mais uma sessão
do melhor do Besteirol da Internet.
Clique
na palavra assinalada e conheça o que circula pelos e-mails
da vida para fazer (ou tentar fazer) a gente rir:
Frases geniais
O
soldado
traído que deu a volta por cima
Só
mesmo na Bahia...
O faroleiro
preguiçoso e a natureza viva
Perguntas
idiotas, outras nem tanto
Histórias
de ovelhas, múmias, vacas e ouriços
Piadas
informáticas
Leia
coluna anterior
25/11/2000
- O
animal papou o velho Lobo
18/11/2000
- A volta da velha senhora
11/11/2000 - Não faça de sua
secretária uma arma
04/11/2000
- Viva a música pop do Brasil
28/10/2000
- O Futebol é uma caixinha preta
de surpresas