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  16 de outubro
  Alta Fidelidade
 
O que faz um dos grupos mais tradicionais e respeitados do mundo, o norte-americano Fidelity, deixar uma das empresas que controla, a MetroRED, envolver-se em negociações mais do que suspeitas, com pessoas mais suspeitas ainda, num país estrangeiro?

Essa pergunta tem sido ouvida no Brasil e nos EUA depois que a Fidelity, numa atitude preventiva, denunciou três diretores da MetroRED ao Departamento de Justiça norte-americano por suposta corrupção no Brasil.

Segundo a Fidelity, diretores da MetroRED podem ter corrompido funcionários da prefeitura de São Paulo com o objetivo de esburacar a cidade para instalar um sistema de comunicação feito por cabos de fibras ótica.

Muito cuidadosa em suas palavras, a Fidelity admite que a MetroRED fez pagamentos no exterior que podem ter beneficiado, irregularmente, pessoas no Brasil. Ela culpa funcionários e diz que a direção do grupo denunciou o fato assim que tomou conhecimento.

Desde que o caso foi revelado pela Folha, em abril passado, duas dúvidas básicas ficaram no ar. A primeira, cada vez mais frequente num país como o Brasil, diz respeito à incapacidade das autoridades brasileiras de investigar casos de corrupção mesmo quando companhias admitem que fizeram "pagamentos indevidos". Até o momento, a polícia brasileira e o Ministério Público parecem não ter avançado um milímetro nas investigações. Ainda não descobriram quem recebeu o dinheiro e para quem ele foi repassado. Os brasilerios estão tomando um baile do FBI, que também negocia o mesmo fato porque, nos EUA, empresas norte-americanas são proibidas de corromper funcionários estrangeiros.
A segunda dúvida diz respeito às razões pelas quais companhias tradicionais estrangeiras, quando se instalam em países como o Brasil, deixam de lado critérios rígidos de conduta e adotam posturas altamente controversas.

No caso da MetroRED, diretores da empresa usaram, como intermediários nos contatos com a prefeitura de São Paulo, o mesmo grupo de brasileiros em Miami que negociaram o Dossiê Caribe, aqueles documentos sem autenticidade comprovada que sugerem a existência de conta e de empresa dos tucanos em paraísos fiscais.

É importante dizer que esses brasileiros estão presos em Miami por suspeita de envolvimento com o narcotráfico. Portanto, numa análise altamente exagerada (embora não totalmente distante da realidade lógica), podemos dizer que diretores de uma empresa controlada pela Fidelity pagaram supostos lavadores de dinheiro do narcotráfico para obter favores de funcionários públicos paulistanos.

O caso demonstra como a globalização, apesar de levar investimentos para cantos remotos do planeta, é um processo que não exporta necessariamente bons padrões de comportamento.

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