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Coulthard comemora vitória no GP da França


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Sábado, 8 de julho de 2000

Cinema

José Henrique Mariante
     
Diego Medina


David Coulthard proporcionou ao público francês uma grande corrida no último final de semana. Com vigor e segurança, ultrapassou duas Ferraris e ignorou o companheiro de equipe para alcançar sua nona vitória na categoria, talvez a mais sólida, mais importante de sua carreira.
Coulthard nunca esteve entre os preferidos da coluna, a meia dúzia que a acompanha sabe muito bem disso. Mas quando um piloto realiza performance como a do escocês, no domingo, é necessário prestar atenção ao fato.
Se não tivesse trocado o pano de fundo de seu filme, Stallone hoje teria uma excelente história para o enredo de sua produção, em curso na América: piloto considerado mediano, mas que confia em seu potencial e se sente injustiçado, cai de avião (com a namorada), quebra algumas costelas e decide correr mesmo assim alguns dias depois; saudado como herói pelo público, ganha a atenção da mídia, cava espaço no time, supera o dick vigarista do filme (claro, um alemão de frieza nazista) e ganha o campeonato aplaudido pelos adversários ou qualquer coisa assim, um final idiota, como são os finais da maioria dos filmes norte-americanos e como vem sendo os de alguns dos últimos campeonatos.
Assim como a chuva, enredos hollywoodianos ainda não fazem parte do regulamento técnico _apesar de crer que não estamos longe disso depois que a F-1 virou produto de consumo, fadada a ocupar prateleiras de lojas ao lado de Garibaldos e Pokemóns.
E por isso ainda restam dúvidas sobre a capacidade de Coulthard neste campeonato. Primeiro, óbvio, porque seu adversário é o tal alemão, o sujeito que daqui a pouco vai ter mais vitórias que todo o resto do grid somado.
Segundo, porque Coulthard terá que manter o ritmo demonstrado na França pelo resto do ano, algo que ainda não fez em sua carreira, marcada por altos e baixos _aliás, a tônica de todos os rivais do alemão desde 1994.
E, por último, preponderante, porque a McLaren prefere e continua preferindo apostar em Mika Hakkinen, por mais que isso pareça uma sandice neste momento.
Ao contrário dos últimos anos, quando o finlandês deixava claro na pista os motivos pelos quais a equipe inglesa o favorecia, Hakkinen, neste campeonato, vem tendo um desempenho quase medíocre para quem ostenta o título de bicampeão a bordo de um dos melhores carros da categoria.
Sempre reservado, Hakkinen merece uma enorme condescendência da mídia, que o enxerga como um sujeito dividido entre dúvidas existencialistas, a perspectiva de uma precoce e milionária aposentadoria e o impacto da primeira paternidade.
Pior, a McLaren não parece disposta a desistir do finlandês. Além de confirmar o piloto para o ano que vem (talvez apenas uma estratégia para animá-lo), vem lhe concedendo folgas sistemáticas entre as corridas, como aconteceu nesta semana, quando Coulthard e Panis ficaram encarregados dos testes em Mugello.
Enfim, o escocês, naquele que parece ser seu melhor momento, vai ter que se desdobrar. Com o agravante de seu principal rival, com plena noção dessa situação, saber muito bem como usar isso.


NOTAS

F-1
A "Motoring News" escancarou os planos de Bernie Ecclestone para os testes no ano que vem. Basicamente, banir os ensaios entre as corridas e engordar a sexta-feira, com seis horas de atividade. Em um primeiro momento, os times se entusiasmaram com a potencial economia. Logo, porém, as primeiras críticas começaram a aparecer. Para Frank Williams, por exemplo, mais profícuo seria agregar os tempos de sexta e sábado, idéia que não é nova, mas que parece sensata. Qualquer mudança precisa da anuência de todos os times.

Indy
Além de manter a liderança do campeonato, Roberto Pupo Moreno confirmou o excelente momento ao vencer, no último domingo, a corrida em Cleveland, a da pista no aeroporto. Melhor para ele. Pior para os picaretas.




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