A partir desta quarta (15) e até o dia 31 de maio, os adultos precisam entregar a sua declaração do Imposto de Renda —você ainda vai ouvir falar bastante sobre isso nos rádios e canais de televisão, e também dentro de casa. É que este assunto costuma deixar muita gente confusa, e outras também um pouco tensas.
Mas, afinal, o que é esse tal imposto de sobre o qual tanto se conversa?
"Todo ano as pessoas precisam declarar tudo que pagaram e ver se ficou faltando alguma coisa. O governo precisa de dinheiro para garantir que todo mundo tenha saúde, educação, segurança. E, para conseguir esse dinheiro, o governo cobra um pedaço do que os adultos ganham", explica Gabi Valente, jornalista especializada em economia e dona do canal B-POP no Youtube.
Ela ensina que o Imposto de Renda (que desde os anos 1980 tem o leão como símbolo, desde que uma campanha do governo escolheu o animal por ele representar força e impor respeito) é uma das formas que o governo tem de conseguir dinheiro para atender à população, e que quem ganha mais tem que pagar mais imposto do que quem ganha menos.
Pessoas que têm emprego fixo formal e carteira de trabalho assinada, no geral já têm um desconto no próprio salário, quando o imposto é retirado antes de ser depositado na conta do banco. "Ela nem vê esse dinheiro", comenta Gabi.
Quem trabalha de outras maneiras, por conta própria ou empregos temporários, por exemplo, tem outras formas de ser tributado, ou seja, cobrado por esse imposto. "Se sua família tem uma aplicação financeira que não seja a poupança, que é isenta [liberada] de tributação, também é preciso pagar imposto sobre o que foi ganho com essa aplicação", diz.
A declaração do Imposto de Renda, fala Gabi, é uma prestação de contas. Os adultos entram no site da Receita Federal, e lá preenchem os formulários com números de documentos, comprovantes etc.
"O sistema vai dizer se você pagou a mais e vai te devolver essa quantia, ou se você pagou a menos e você precisa completar. É como se fosse um ajuste de contas", compara. "Com a internet e o tanto de informações que o governo tem, ele já sabe mais ou menos o quanto o adulto recebeu e pagou."
"Temos tanta tecnologia que o governo já chega e mostra, e a pessoa confirma ou corrige. É um avanço tecnológico e de transparência, e está cada vez mais difícil que pessoas com más intenções enganem o governo."
"Se seus pais venderam algum bem, eles têm que avisar ao governo. Isso é importante para o governo saber quanto tem de riqueza, porque tem bandidos que usam imóveis de outras pessoas para disfarçar dinheiro do crime, é a 'lavagem de dinheiro'", completa Gabi.
"Essa prestação de contas funciona como transparência do que toda a sociedade tem e como está usando esses recursos de forma legal."
Tudo isso tem uma época certa do ano para acontecer porque é agora, em março, que o governo já tem os dados mais ou menos fechados de tudo que aconteceu no ano passado —sim, a declaração do Imposto de Renda que os adultos entregarão até dia 31 de maio diz respeito a tudo que receberam em 2022, e não em 2023.
E o que acontece se alguém perder esse prazo limite?
"Essa pessoa vai queimar um pouquinho o filme com o governo, vai 'cair na malha fina', como se diz. Daí vai pagar uma multa para regularizar a situação depois. Entregar na data é bom porque se for para pagar já se livra disso, e se for para receber já recebe", analisa. E quem não pagar na data nem fizer essa regularização depois é procurado pelo governo, que não desistirá de cobrar.
"Como o governo precisa desse dinheiro e tem pessoas que não pagam, os outros ficam sobrecarregados. Quando todo mundo paga imposto, a gente pode no futuro cobrar menos."
Para Gabi, o sistema tributário, ou seja, o sistema de impostos obrigatórios aos cidadãos, é "uma bagunça, talvez o pior do planeta". "Precisamos de mudanças, e os políticos estão discutindo há bastante tempo isso. A gente criou tanta regra que deixou tudo mais complicado, em vez de simplificar", acredita.
Em seu canal B-POP, Gabi tenta ensinar economia de uma maneira mais fácil de entender. Ela fala de temas como a alta do preço da gasolina ou taxa de juros, por exemplo. "São temas muito densos, e acho que faltava um espaço para que a geração Z se interessasse por isso", explica.
"Quando a gente entende economia e o que está acontecendo no país, a gente consegue entender os problemas, ser um profissional melhor, criar uma startup etc. O Brasil não é um país fácil de entender, pelo contrário, somos um país bem complicado."
TODO MUNDO LÊ JUNTO
Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança
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