Crianças voltam à Folhinha para lembrar a 'fama' depois de aparecer no jornal

Em homenagem ao aniversário do caderno, personagens antigos falam sobre como foi dar entrevista e fazer fotos

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Guido guardou a edição em que apareceu em 2022 Zanone Fraissat/Folhapress

São Paulo

Em julho de 2022, Guido T. ficou chateado quando soube que uma menina em Minas Gerais tinha sofrido racismo por causa de seu cabelo cacheado. Guido ainda era pequenininho, tinha só 5 anos de idade. Mas, mesmo assim, falou ao pai, Fernando, que gostaria de ajudar a menina.

"Eu não gosto que falem mal do meu cabelo. Se falassem, eu ia falar 'não gostei!'", disse Guido naquela época, em entrevista à Folhinha. Ele foi personagem de uma matéria chamada "Cabelo afro, alvo de comentários racistas nas redes, é motivo de orgulho para crianças" (23 de julho de 2022), publicada na Folhinha online e no caderno impresso, que sai aos sábados.

A avó de Guido mandou fazer camisetas com a estampa da capa da Folhinha em que o neto apareceu - Zanone Fraissat/Folhapress

Naquele dia em que o jornal estampava na primeira página uma foto de Guido nos braços de seu pai, eles foram juntos à banca comprar brinquedos e um exemplar da Folha. Foi a primeira vez que ele se viu ali, em um meio de comunicação que um monte de gente acessa.

"Eu achei mais ou menos legal. Eu fiquei com muita vergonha", lembra Guido, que ainda não aprendeu a ler, então naquela ocasião também não conseguiu ler o que foi escrito a seu respeito.

Foto de Guido e seu pai, Fernando, que foi parar na primeira página do jornal em 2022 - Zanone Fraissat/Folhapress

Mas, ainda que não saiba decifrar as palavras escritas, ele entendeu que, para os adultos, aquele era um momento especial. Seu pai e sua mãe guardaram a edição com o filho na capa, e na escola também houve um movimento diferente. "Até a outra turma pediu pra ler a reportagem na sala", conta.

"Meu pai e minha mãe ficaram muito animados. Minha avó mandou fazer uma camiseta com a capa do jornal", diz Guido, que agora, na segunda visita da Folhinha à sua casa, vestiu a blusinha com sua foto na Folha para aparecer nos novos retratos.

Helena C. M., 8 anos, foi entrevistada para a matéria "Leitores escalam seleção dos sonhos e craques lembram suas copas" (13 de novembro de 2022). Naquele momento ainda havia esperanças de que o Brasil fosse campeão da Copa do Mundo, e Helena estava animada, mesmo achando que foi um erro do técnico Tite não ter escalado seu tio Paulinho, que é um excelente meio campista.

Helena aos 7 anos em matéria da Folhinha, em novembro de 2022 - Danilo Verpa/Folhapress

"Eu pude fazer minha própria escalação e muitas pessoas conseguiram ver", lembra Helena. No dia da publicação, ela foi à aula de piano e, quando voltou para casa, sua avó tinha trazido edições compradas na banca. "Eu li no papel e na internet. Gostei mais do papel, porque mais pessoas viram e dá pra guardar."

Depois da publicação, ela chegou a ler outras reportagens em outras edições. Mas, mesmo que tenha sido uma boa experiência, Helena acha que no futuro, quando ficar adulta, não vai ter o hábito de ler jornais. "Eu não aguento! No máximo um livro", justifica.

Os irmãos gêmeos de Liv K. contaram à Folhinha sobre como receberam a notícia de que mais uma criança ia entrar para a família. Depois de muito choro em pleno restaurante, comendo batatas fritas, Tomás e Vitor mudaram o pensamento e se apaixonaram pela ideia de uma irmã.

A história deles três foi contada em "Sentir ciúme é normal quando chega um novo irmãozinho" (20 de março). Liv não se lembra de como foi se ver no jornal porque era muito pequena. Agora, aos 6 anos, ela entende que foi legal participar.

"É uma coisa muito legal porque muitas pessoas ficam vendo você. Pessoas de vários lugares. Eu não lembro e não sei se guardaram [a edição]. Mas é uma grande coisa incrível, você tá lá e aparece no jornal de repente", diz.

Na casa em que mora com a família, o jornal chega por assinatura. "Vem um entregador aqui, a gente desce a escada, pega, tira do plástico e lê. Quando vou ler jornal, eu leio no papel. É importante, é bom pra saber as notícias", comenta. Ela diz que talvez seja uma leitora de jornais quando crescer.

Mais recente foi a participação de Francisco, que desde o começo do ano, quando apareceu na Folhinha, já completou 11 anos —quer dizer, quando apareceu na Folhinha e em todos os jornais do Brasil. É que ele foi o menino escolhido para subir a rampa ao lado do presidente Lula no dia da sua posse, em Brasília.

"No dia que saiu a matéria a gente tava no Rio de Janeiro, mas a gente viu pela internet. Eu li uma vez, duas vezes, três vezes, ficou muito legal. E as fotos dessa matéria ficaram muito legais, exatamente do jeito que eu queria, muito bonitas", diz Francisco, lembrando as imagens feitas pela fotógrafa Karime Xavier.

"Minha avó até fez quadros na casa dela com as fotos. Dei alguns pros parentes também. Tem uma pasta na minha casa com as entrevistas que dei, e a Folha é a principal", conta. Ele também diz preferir ver sua história no papel do que no computador. "Quando vi o papel eu gostei mais dele, confesso, porque me senti mais famoso e importante. Só tinha visto pessoas importantes nesses jornais."

Francisco pediu para ser fotografado com suas medalhas - Karime Xavier/Folhapress

A matéria em que Francisco apareceu se chamava "'Não é todo dia que a gente sobe a rampa', brinca menino que participou da posse de Lula" (7 de janeiro de 2023). Ele faz planos para sua relação com a mídia quando crescer.

"Eu vou ler bastante jornal, sim, quando eu ficar mais velho, até porque vou ter mais tempo. Eu já gosto de ler, mas não dá tempo porque tem escola, natação…".

TODO MUNDO LÊ JUNTO

Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança

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