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Clube de strippers homens com histórias rocambolescas faz rir em podcast

Em oito episódios, 'Welcome to your Fantasy' recupera trama de sucessos e crimes nos anos 1980 do americano Chippendales

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São Paulo

Welcome to your Fantasy

  • Onde Oito episódios em inglês já disponíveis no Spotify
  • Produção Pineapple Street Studios and Gimlet
  • Direção Natalia Petrzela

Nos anos 1990, em São Paulo, foi um sucesso enorme o Clube das Mulheres, uma casa de striptease masculino que existe até hoje. O lugar chegou a inspirar uma das tramas da novela global "De Corpo e Alma", de 1992, na qual Victor Fasano vivia um stripper.

Os shows do local e o visual de homens que trajavam apenas gravatas borboletas sobre torsos nus não eram, porém, exatamente originais. A febre vinha dos Estados Unidos.

O podcast americano "Welcome to your Fantasy" conta, em oito episódios que já estão disponíveis, a história do Chippendales, um grupo de dançarinos de striptease que surgiu nos anos 1980 em Los Angeles e se espalhou por canecas, calendários e teatros do país.

E inspirou não apenas Gloria Perez em sua novela, como também filmes como "Magic Mike", de 2012, e comédia britânica "Ou Tudo ou Nada", de 1997.

O empresário indiano-americano Steve Banerjee e o coreógrafo e produtor vencedor de dois prêmios Emmy Nick de Noia são os personagens centrais dessa história rocambolesca que envolve crimes de racismo, assassinato, acordos feitos em guardanapo de restaurante e um calendário em que todos os meses têm 31 dias.

A apresentadora e criadora do podcast é a historiadora Natalia Petrzela, que diz, no início, ter se interessado pelo grupo de strippers ao pensar sobre a sexualidade nos anos 1980 e ao se deparar, pesquisando os Chippendales, que havia uma morte na história toda.

Ela faz um bom trabalho em nos conduzir entre um sem fim de entrevistados, personagens que viram o grupo nascer e crescer, como a gemóloga e advogada que conduzia a trupe em turnês ou o stripper que largou o mercado financeiro para fazer um número no qual ele se esfregava em uma moto.

Mas essa "Disney para adultos", como a definiu Banerjee, dono da boate onde o show nasceu, era mais soturna do que se pode imaginar.

Os dançarinos se afundavam em drogas e álcool para lidar com um trabalho exaustivo, que envolvia não apenas os shows, mas também sexo com clientes dos espetáculos, e com a desumanização que a mídia e os patrões promoviam em programas de auditório na TV.

O clube estimulava uma política de exclusão de clientes e dançarinos negros, motivo pelo qual acaba sendo processado.

Nick de Noia, sócio de Banerjee e criador do espetáculo e dos números, morre assassinado em 1987 em seus escritório em Nova York, onde mantinha uma filial dos Chippendales. E o principal suspeito é justamente Banerjee, um homem paranoico hipnotizado pelo dinheiro que vai ensaiar outros assassinatos.

Embora sinistra, essa história acaba sendo, graças a Petrzela, muitas vezes engraçada. Alguns dos personagens, como Candace Mayeron, a gemóloga, são capazes de lembranças hilárias, como quando De Noia obrigava Mayeron a ir ao banheiro feminino para recolher opiniões, secretamente, sobre os dançarinos. Ou como quando um dos strippers descobre, como que por acaso, que pode ganhar dinheiro cobrando por sexo das clientes que os procuram após os shows.

Sendo um programa sobre strippers homens para um público feminino, o podcast não poderia deixar de abordar também a possibilidade de que aquilo fosse feminista. As conversas sobre como os sócios do show achavam que entendiam o desejo das mulheres são de rolar de rir.

O resultado final de um podcast sobre strippers é, porém, um tanto decepcionante. Ainda que Petrzela descreva homens de bigode molhados num fundo que remete a uma praia tropical ou um dançarino alto e forte todo vestido de prateado sob luzes coloridas enquanto lavo a louça ou espano a prateleira, o leitor, ou leitora, há de convir que o melhor num striptease é ver.

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