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'Mestres do Ar' leva ação de 'Band of Brothers' para os céus da Segunda Guerra

Minissérie do Apple TV+ com Austin Butler e Barry Keoghan conta histórias dos pilotos que mais bombardearam os nazistas

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Mestres do Ar

Cena da minissérie 'Mestres do Ar', do Apple TV+ Divulgação

São Paulo

Aviões voando são uma constante na minissérie "Mestres do Ar". São as aeronaves grandes e típicas da Segunda Guerra, que impressionam pela quantidade de peças e armas distribuídas ao longo de toda a sua extensão. Como todo veículo de combate, essas aeronaves prendem a atenção quando entram em ação —em especial por sua vulnerabilidade.

Um exemplo é o clímax do primeiro episódio da produção, um bombardeio em território inimigo. Durante a ofensiva, um dos aviões explode e vira uma bola de chamas em pleno ar após um tanque de gás ser atingido por tiros inimigos.

Como a tragédia nunca é pouca, logo antes da explosão vemos um dos pilotos da aeronave morto em sua cadeira, com o rosto dilacerado —a carne viva, do nariz até a boca, revela até a sua caveira.

Momentos como esse definem o suspense que cerca a história do programa. A produção, que estreia nesta sexta no Apple TV+, recria os dias de sufoco do 100° grupo de bombardeio, principal divisão da Força Aérea americana no conflito e que conseguiu o maior número de ataques aéreos contra os nazistas. Por consequência, a tropa sofreu perdas consideráveis, com mais de 170 aviões —e tripulações— destruídos em combate.

Mestres do Ar
O ator Austin Butler em cena da minissérie 'Mestres do Ar', do Apple TV+ - Divulgação

Para dar vida à história, o seriado tem doses cavalares de ambição. O orçamento é tão gordo e vistoso que permitiu aos produtores construir do zero duas aeronaves B-17, o modelo usado pelos soldados na época. O elenco tem atores do momento, incluindo Austin Butler, o Elvis Presley da cinebiografia de Baz Luhrmann, e Barry Keoghan, de "Saltburn".

O grande investimento acompanha ainda os nomes de Steven Spielberg e Tom Hanks, produtores que com "Mestres do Ar" concluem uma trilogia de séries sobre o conflito. A minissérie encerra um panorama da atuação das tropas americanas na Europa, mostrando o combate aos nazistas em terra, água e, agora, o ar. Uma ideia nascida na esteira do sucesso do filme "O Resgate do Soldado Ryan", de 1998, dirigido por Spielberg e protagonizado por Hanks.

O projeto começou em 2001 com "Band of Brothers" na HBO, que antecipou a era de superproduções na TV reencenando os movimentos de uma tropa de paraquedistas. O sucesso do programa ajudou os produtores a lançar "O Pacífico", que fez barulho parecido em 2010 ao acompanhar diferentes regimentos da Marinha do país.

"Eu assistia a essas séries com meu pai quando era pequeno", diz Austin Butler. Como quase todo o elenco de "Mestres do Ar", o ator tinha dez anos na época da exibição de "Band of Brothers", e a experiência como espectador o ajudou a topar quase que imediatamente o papel.

"Essas produções me impactaram quando era muito jovem e por isso eu sempre fui fascinado por essa época da história. Quando li os roteiros e descobri a história que inspirou a série, me encheu de honra a oportunidade de fazer parte disso."

"Mestres do Ar" é desenvolvida desde 2013, e a demora para sair do papel passa pelo desafio de contar uma história passada no espaço aéreo. Além de trocar de casa, da HBO para a Apple, a minissérie adapta o livro homônimo de Donald Miller, um calhamaço de quase mil páginas.

"Eu e o Tom gostamos de tocar as coisas com calma", diz o produtor executivo Gary Goetzman, que trabalhou nos três programas. Apesar de parecer o parceiro silencioso da empreitada com Spielberg e Hanks, o veterano é considerado uma lenda na indústria —suas histórias de vida foram a base para o filme "Licorice Pizza", de Paul Thomas Anderson.

"O livro de Donald Miller é muito grande e precisávamos entender o que a gente queria mesmo usar na série. Isso consumiu muito tempo na pré-produção e, entre ver centenas de aviões no ar e mostrar a camaradagem dos soldados, a gente precisou refazer toda a abordagem."

Segundo os atores, essa atmosfera foi crucial para refazer os passos dos pilotos na guerra. "O papel de todo mundo impacta a série de alguma forma, mesmo se você estivesse no set por um ou dois dias", diz Barry Keoghan. O ator irlandês vive um dos poucos soldados não americanos, um piloto bastante sincero que gosta de se meter em encrenca.

"Essa é a beleza do projeto, porque todo mundo se sentiu importante na história do outro. Parecia que estávamos ali, vivendo aquele conflito."

Mestres do Ar
O ator Barry Keoghan em cena da minissérie 'Mestres do Ar', do Apple TV+ - Divulgação

Segundo Callum Turner, que junto de Austin Butler vive um dos líderes da tropa, o trabalho coletivo do elenco visava reproduzir o esforço dos personagens para combater o nazismo. "Foi aquele grupo inteiro que salvou o mundo, e por isso todos eles mereciam ter as suas histórias contadas, dos artilheiros aos que coordenaram a partida e aterrissagem dos aviões", diz o ator britânico.

Na minissérie, isso é perceptível no horror da guerra aérea. A primeira cena de combate, o tal bombardeio, revela o quão vulnerável estavam as tripulações confinadas naqueles aviões enormes. A passagem de uma aeronave inimiga atirando a esmo poderia arrebentar metade da equipe em segundos, que ainda sofria com equipamentos danificados.

"As cabines são muito desconfortáveis e você entende a magnitude da coragem desses homens de estar ali dentro", afirma Turner. "Elas são latas imensas com uma camada muito fina de proteção. Se uma bala atinge o avião, era muito fácil ele explodir e levar todo mundo junto."

Para dar conta de tudo, a produção investiu em diretores de renome. Os primeiros quatro capítulos, por exemplo, são assinados por Cary Joji Fukunaga, que dirigiu a primeira temporada de "True Detective" e o filme mais recente de James Bond, "Sem Tempo para Morrer".

O programa conta ainda com a dupla Anna Boden e Ryan Fleck, do primeiro "Capitã Marvel"; Dee Rees, cineasta que estourou em 2017 com o drama "Mudbound"; e Tim Van Patten, veterano que fez diversos episódios das séries "Família Soprano", "The Wire" e "Deadwood".

A oportunidade de trabalhar com esses nomes numa produção como a de "Mestres do Ar" deu novo sentido à operação de Goetzman, que coordenou até quatro sets simultâneos para a minissérie.

"Todos eles se acostumaram a trabalhar com orçamentos pequenos do cinema independente, e por isso foi divertido dar equipamentos a eles que nunca puderam sonhar", diz o produtor. "Foi engraçado, parecia algumas vezes que você estava mimando eles."

Mestres do Ar
Cena da minissérie 'Mestres do Ar', do Apple TV+ - Divulgação

As filmagens foram turbulentas, porém. Primeiro porque a produção começou no início de 2021, quando a pandemia desacelerava o trabalho nos sets e inflacionava os custos. Segundo Goetzman, o calendário de quase um ano e as mais de 1.250 pessoas envolvidas fizeram a minissérie pausar a produção algumas vezes.

Mais delicado, contudo, foram as acusações de assédio moral envolvendo Fukunaga. Uma reportagem da Rolling Stone em maio de 2022 acusou o diretor de práticas trabalhistas inapropriadas nas filmagens de "Mestres do Ar", incluindo a perseguição de mulheres. Ele não se pronunciou até o momento sobre as acusações.

A existência do caso explica porque o elenco e o produtor não citaram o nome de Fukunaga em qualquer momento das entrevistas. Quando questionados sobre o trabalho com os diretores, os artistas preferiram destacar outros envolvidos.

Austin Butler e Gary Goetzman, por exemplo, elogiam Anna Boden e Ryan Fleck, dupla de que o ator se diz fã desde o filme "Encurralados", de 2006. Já Callum Turner lembra com carinho de Dee Rees, que diz ter escrito algumas de suas cenas favoritas.

Mestres do Ar

  • Quando Estreia no Apple TV+ nesta sexta (26)
  • Classificação 16 anos
  • Elenco Austin Butler, Callum Turner e Barry Keoghan
  • Produção Estados Unidos, 2024
  • Criação John Shiban e John Orloff
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