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Nervosa, banda de metal só de mulheres, traz novo disco para festival Summer Breeze

Grupo que desponta na cena apresentará sua música corrosiva na segunda edição do festival dedicado à música pesada

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A banda Nervosa, que se apresenta no Summer Breeze Brasil

A banda Nervosa, que se apresenta no festival Summer Breeze Divulgação Summer Breeze

São Paulo

Que a plateia e as bandas de metal são mais masculinas, é um fato, mas isto parece estar mudando ano a ano. Aumentou bastante a presença feminina na cena de metal de 1999 para cá, observa Prika Amaral, a vocalista e guitarrista da Nervosa, um conjunto só de mulheres que leva sua mistura corrosiva de thrash e death metal para o palco do festival Summer Breeze Open Air, em São Paulo, no final de abril.

"É muito legal ver que tem uma geração mais jovem do final dos anos 1990, começo dos anos 2000, que está muito inserida no metal. A gente fica muito feliz porque isso perpetua o metal e a presença da mulher na cena, também", afirma Prika, com a experiência de quinze anos na Nervosa, banda que surgiu em São Paulo mas que hoje está baseada na Europa e tem mulheres de vários países na sua formação.

Prika Amaral, vocalista e guitarrista da Nervosa
Prika Amaral, vocalista e guitarrista da Nervosa - Gregory Dourtonis

O grupo trará o show de "Jailbreak", seu mais recente disco, lançado no ano passado e que é o mais diversificado musicalmente na história da banda, segundo Prika, por misturar, em suas 13 músicas, diversos tipos de metal. A faixa título, por exemplo, é um thrash com traços de heavy metal tradicional, enquanto "Gates to the Fall" está mais para o lado do death metal. Afora isso, há elementos de punk salpicados pelo álbum, que tem um senso de velocidade e urgência nas composições.

Se Prika tivesse que escolher uma única música para representar o álbum, seria a própria "Jailbreak", pelo significado da letra, que ela conta ter escrito para que os fãs de metal possam se unir, se sentirem orgulhosos de quem são e terem coragem de confiar em si mesmos. O título da faixa faz alusão à fuga de presidiários, à quebra de amarras, e Prika canta, em vocal gutural, que é para os metaleiros navegarem rios de sangue para se libertarem do que os prende.

"Jailbreak", quinto disco da banda, marca a estreia de Prika nos vocais, depois de 25 anos tocando guitarra, primeiro como uma garota de Bragança Paulista que sonhava em ter uma banda e a partir de 2010 como integrante da Nervosa, grupo hoje respeitado na cena, com uma sólida carreira internacional.

"Eu vou me descobrindo, cantar é um desafio novo. De alguma forma eu fiquei um pouco mais próxima do público, dos fãs, por ter mais voz, conversar mais, isso me conecta com as pessoas", ela conta, acrescentando que está gostando da experiência. Antes, o posto era ocupado por Fernanda Lira, hoje vocalista da Crypta, banda de death metal só de mulheres.

A tese de Prika de que a presença feminina no metal está cada vez maior fica clara no Summer Breeze, festival onde se apresentam outras bandas de formação mista, com homens e mulheres —as holandesas Within Temptation e Epica, ambas de metal sinfônico com forte apelo melódico; a italiana Lacuna Coil, que pende para o gótico; a brasileira Torture Squad, de death e thrash; e a finlandesa Battle Beast, que mistura power metal com heavy metal.

Festival surgido em 1997 na Alemanha, onde ocorre anualmente, o Summer Breeze Open Air chega agora à sua segunda edição no Brasil. No ano passado, 36 bandas se apresentaram em dois dias para um público de 25 mil pessoas, que formaram um formigueiro de camisetas pretas no Memorial da América Latina, em São Paulo. Neste ano, a produção foi mais ousada —aumentou para três os dias de shows e chamou 59 bandas, de diversas vertentes do metal.

Os shows se dividem em quatro palcos, mas há uma comodidade para o público —os dois maiores ficam grudados lado a lado, de modo que enquanto uma banda se apresenta em um, o outro é preparado para a atração seguinte. "A troca é muito rápida de uma banda para outra", diz Claudio Vicentin, CEO do festival e um dos responsáveis por trazer o Summer Breeze ao país. No ano passado, o intervalo era entre cinco e dez minutos, apenas.

Vicentin conta que a proposta do festival é trazer alguns clássicos —como Merciful Fate, Anthrax e Gene Simons do Kiss— com bandas que estão despontando na cena —exemplo do Cultura Três, projeto paralelo de Paulo Xisto, o baixista do Sepultura. O Summer Breeze não se preocupa em ir atrás dos grandes medalhões, como Iron Maiden e Metallica, ele acrescenta. A escolha dos nomes é dividida entre uma equipe no Brasil e outra na Alemanha.

O festival terá neste ano algo já presente na edição anterior, e que facilita para matar o tempo entre uma banda e outra —atrações paralelas aos shows. Há uma feira de tatuagem com dezenas de profissionais, lojinhas de CD, vinil e camiseta, um mercado com produtos geek, sessões de autógrafos com parte das bandas do line-up e até um espaço para crianças, onde elas ficam enquanto seus pais assistem aos shows. "Mais de quinhentas crianças já compraram ingresso para esse ano", diz Vicentin.

Summer Breeze Open Air

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