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Setores de varejo e de pagamentos correm para se adaptar ao open banking

Sistema possibilita melhores experiências para clientes e redução das taxas de juros

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Florianópolis e São Paulo

Se grandes instituições bancárias e fintechs correram para adaptar seus serviços para o início da implementação do open banking no Brasil, movimento semelhante ocorreu nas maiores redes de varejo, pagamentos e soluções.

O reforço do time de engenharia de dados e as novas estratégias de segurança da informação mudaram a dinâmica das empresas que querem aproveitar a chegada do open banking para ampliar o leque de serviços oferecidos aos consumidores.

O relato é de participantes do seminário virtual Open Banking, realizado pela Folha na quinta-feira (26), com apoio da Mastercard.

Transmissão do seminário sobre open banking, que reuniu representantes de bancos, fintechs, varejo e universidade; Alexa Salomão, editora de Mercado, foi a mediadora do evento
Transmissão do seminário sobre open banking, que reuniu representantes de bancos, fintechs, varejo e universidade; Alexa Salomão, editora de Mercado, foi a mediadora do evento - Reinaldo Canato/Folhapress

No caso da multinacional de pagamentos, as adaptações começaram há cinco anos, influenciadas pelo calor da discussão sobre a proteção de dados e o sistema financeiro aberto na Europa. “Vínhamos nos preparando para isso porque sabíamos que o momento chegaria”, diz João Pedro Paro, presidente da Mastercard Brasil e Cone Sul.

Buscar conhecimento em tecnologia foi a primeira etapa, explica. Mudar o manejo de dados foi essencial. No caso da empresa, uma cláusula interna garante que os dados dos clientes sejam apenas numéricos, sem a informação de nome e documento pessoal.

“Mudamos a empresa de A a Z”, diz Paro. “A Mastercard de antes representava mais ou menos um terço do tamanho que tem hoje.”

Com o open banking em um horizonte próximo, o executivo relata que a multinacional planeja um pacote de soluções para oferecer aos clientes —tanto empresas, quanto consumidor final. Ferramentas de mais transparência nas transações financeiras e para evitar fraudes estão nos planos.

Já no varejo, a chegada do open banking tende a acelerar um movimento emplacado entre as grandes redes de lojas: a financeirização. Muitas delas já têm instituições financeiras que atuam como bancos digitais e, se autorizadas pelo Banco Central, poderiam aderir ao sistema de compartilhamento de dados.

É o caso da Renner, grupo com mais de 600 lojas em operação e proprietário da instituição financeira Realize.

O diretor-presidente, Fabio Faccio, diz que o open banking é visto com bons olhos. “Quando algo tende a melhorar a concorrência, isso gera um custo mais baixo e uma economia para os clientes, o que é o nosso objetivo.”

A possibilidade de a empresa acessar o histórico bancário do cliente, afirma, permite oferecer melhores taxas. “Podemos ter uma gama maior de clientes e um risco menor.”

Mesmo as varejistas que não tiverem expandido seus serviços para o financeiro têm como aproveitar o open banking, diz Davi Cunha, diretor de fintech, pagamentos e open banking na SouthRock Lab e fundador da Comunidade Open Banking Brasil.

A SouthRock Lab nasceu como o braço de inovação da SouthRock Capital, holding que opera no Brasil as empresas Brazil Airports Restaurantes, Starbucks e TGI Friday´s.

“É possível fazer acordos bilaterais entre a instituição autorizada pelo Banco Central e a varejista, por exemplo, e se estabelecem regras para acesso aos dados”, explica. O acesso, mesmo que indireto, deverá ser autorizado pelo cliente.

Cunha afirma que o momento é de fortalecer parcerias para acelerar a experiência digital dos clientes, como entre fintechs e empresas de varejo.

Segundo ele, há uma tendência de verticalização —quando uma companhia concentra todas as etapas de um produto, unificando o serviço.

“O cliente está no aplicativo do varejista e, além de comprar, pode acessar serviços financeiros e mesmo conseguir crédito para adquirir algo que deseja”, exemplifica.

Faccio, da Lojas Renner, afirma que outro possível benefício do open banking e das demais transformações do sistema financeiro, como a digitalização e o Pix, é a diminuição da taxa de juros, estimulando a competitividade.

“São movimentos conjuntos que tendem a forçar essa queda, tanto pela maior disponibilidade de informação com os dados fornecidos pelos clientes, o que mitiga riscos para as empresas, quanto pela livre concorrência que é estimulada”, explica.

Apesar de os custos e desafios para a adaptação ao novo sistema onerarem as empresas, Davi Cunha diz que é preciso olhar o outro lado da moeda. Os benefícios para os clientes e novas possibilidades de receita para as empresas compensam.

“Não podemos encarar o open banking somente como custo, mas como uma janela para novos negócios. É natural haver aumento de gasto com infraestrutura, mas é possível reverter o custo em oportunidades.

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