FMI diz que política monetária dos EUA deveria focar mais riscos de inflação

Para economista-chefe, ressurgimento da pandemia e ômicron aumentaram incerteza sobre perspectivas econômicas globais

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Andrea Shalal Ann Saphir
Washington | Reuters

O FMI (Fundo Monetário Internacional) alertou nesta sexta-feira (3) sobre a intensificação de pressões inflacionárias, especialmente nos Estados Unidos, e também novas incertezas causadas pela variante ômicron do coronavírus, afirmando que o banco central norte-americano deveria focar mais os riscos de inflação.

Em texto publicado num blog nesta sexta-feira (3), a economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, e Tobias Adrian, chefe da divisão de mercados monetários e de capitais do Fundo, alertaram que o ressurgimento da pandemia e a variante ômicron aumentaram com força a incerteza em torno das perspectivas econômicas globais.

Mas eles disseram que a força da recuperação e a magnitude das pressões inflacionárias variam muito entre os países, e que as respostas podem ser calibradas para as circunstâncias únicas de economias individuais.

placa com inscrição International Fund Monetary em azul espelhado
Logotipo do FMI (Fundo Monetário Internacional) na fachada do prédio da instituição, em Washington (EUA). - Brendan SMIALOWSKI / AFP

Nos EUA, onde os preços ao consumidor atingiram máxima de 31 anos em outubro, há bases, segundo eles, para que a política monetária coloque maior peso sobre os riscos de inflação em comparação com outras economias avançadas, incluindo a zona do euro.

"Seria apropriado para o Federal Reserve acelerar a redução das compras de ativos e antecipar a trajetória de altas dos juros", escreveram eles, ecoando comentários feitos nesta semana pelo chair do Fed, Jerome Powell.

Ao longo do tempo, escreveram, outros países podem precisar apertar a política monetária mais cedo que o esperado se as pressões inflacionárias se tornarem mais generalizadas.

Eles pediram que as autoridades permaneçam ágeis, focadas em dados e comuniquem cuidadosamente suas ações de política monetária "para não provocar pânico no mercado, que teria efeitos prejudiciais", especialmente a economias emergentes e em desenvolvimento.

Para Bullard, do Fed, é preciso remover política monetária expansionista

O presidente do Fed (Federal Reserve) de St. Louis, James Bullard, pediu nesta sexta-feira (3) que o Fed comece a endurecer sua política monetária, mencionando a inflação inesperadamente alta, o forte crescimento econômico e um mercado de trabalho muito apertado e em posição de se fortalecer ainda mais.

"Essas considerações sugerem que o Fomc nas próximas reuniões pode querer considerar remover a acomodação (monetária) em um ritmo mais rápido", disse Bullard em comentários preparados para entrega à Associação dos Banqueiros de Missouri, referindo-se ao Comitê Federal de Mercado Aberto, que define a política monetária dos EUA no Fed.

Eles foram redigidos antes da divulgação do relatório do governo norte-americano mostrando um crescimento do emprego mais fraco do que o esperado em novembro.

Autoridades do Fed se reunirão em 14 e 15 de dezembro e vão considerar acelerar a redução de seu programa de estímulos, que atualmente está em vias de encerrar em junho de 2022. Mesmo com os cortes, o Fed ainda tem mantido ativamente a política monetária flexível com a compra de títulos; os juros permanecem perto de zero, onde estão desde março de 2020.

Dado o choque inesperado da inflação neste ano, e apesar dos riscos remanescentes da pandemia, Bullard disse, "o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) deve remover a política monetária expansionista".

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