O preço do petróleo no mercado internacional alcançou o maior valor desde outubro de 2014. O barril do Brent, referência mundial, encerrou esta terça-feira (18) cotado a R$ 87,90 (R$ 485,26). No ano, a alta acumulada chega a 13%.
Já a commodity classificada como WIT (West Texas Intermediate), usada como parâmetro para um tipo de óleo menos denso, também encostou nas altas registradas há quase oito anos.
Analistas atribuem a escalada do petróleo à combinação de tensões geopolíticas em regiões produtoras e à decisão dos principais países fornecedores em não elevar a oferta, mesmo em um cenário de demanda crescente.
Na Europa, movimentos militares da Rússia na fronteira da Ucrânia estão elevando a tensão entre Moscou e Washington.
No Oriente Médio, um ataque realizado com drone na manhã desta segunda-feira (17) pelo grupo rebelde houthi, do Iêmen, contra Abu Dhabi provocou um incêndio próximo ao aeroporto da capital dos Emirados Árabes Unidos e a explosão de três caminhões-tanque. Três pessoas morreram.
A principal perturbação em relação à oferta, porém, está relacionada à decisão da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e aliados, como a Rússia, em não acelerar a oferta da commodity.
Em meio a incertezas sobre os efeitos da variante ômicron sobre a economia, a estratégia dos maiores exportadores é manter o atual ritmo de crescimento da produção para evitar desvalorizações repentinas devido a eventuais paralisações de atividades econômicas para a contenção da pandemia.
Apesar do avanço global da ômicron, a vacinação tem evitado um crescimento de internações proporcional ao aumento das infecções.
A retomada das atividades econômicas segue em curso e a demanda por combustível em um cenário de escassez, sobretudo durante o inverno no hemisfério norte, vem pressionando a alta da inflação.
Brent deve quebrar barreira de US$ 100 com demanda firme, diz Goldman Sachs
Os preços do petróleo Brent devem superar os US$ 100 (R$ 550) por barril neste ano, afirmaram analistas do Goldman Sachs, acrescentando que o mercado de petróleo continua em um "déficit surpreendentemente grande", já que o golpe da variante ômicron do coronavírus na demanda pela commodity é, até agora, menor do que o que era esperado.
O impacto da ômicron na demanda provavelmente será compensado pela substituição do petróleo pelo gás, por aumentos nas interrupções de demanda, pela escassez do produto em países da Opep e aliados e pela produção abaixo do esperado no Brasil e na Noruega, apontaram analistas em uma nota na segunda-feira (17).
A demanda global por petróleo cresce 3,5 milhões de barris por dia em 2022, no comparativo anual, com a demanda no quarto trimestre atingindo 101,6 milhões de barris diários.
O Goldman espera que os balanços da OCDE caiam para o menor nível desde 2000 até o verão no hemisfério Norte, e a capacidade sobressalente dos principais exportadores deve cair para níveis historicamente baixos, dada a diminuição da perfuração nos principais países da Opep e com as dificuldades da Rússia para aumentar a produção.
Os preços mais altos vão permitir que a Opep diminua seu caminho mensal de alta para preservar a capacidade sobressalente, com a aceleração no crescimento da produção de xisto oferecendo um tampão necessário nos estoques, acrescentou o Goldman Sachs.
O banco também empurrou suas expectativas de aumento na produção iraniana para o segundo trimestre de 2023, citando o fracasso nos avanços das negociações pelo acordo nuclear.
Com Reuters
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