Descrição de chapéu Financial Times América Latina Rússia

EUA pedem à indústria de petróleo aumento na produção para frear inflação

Colômbia critica sinal do governo Biden à retomada de importação da Venezuela

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Houston e Bogotá | Financial Times

Os Estados Unidos estão envolvidos numa busca cada vez mais intensa para substituir o suprimento de petróleo que recebiam da Rússia, enquanto tentam reparar as divergências diplomáticas no exterior e aumentar a produção interna para impedir que o preço dos combustíveis saia de controle.

Jennifer Granholm, secretária de Energia dos EUA, disse na quarta-feira (9) a uma plateia de executivos do setor que o país estava em "pé de guerra", acrescentando: "Isso significa produzir mais agora, onde e se for possível".

Seu apelo para que as companhias de petróleo nacionais ampliem a oferta é uma meia-volta para o governo Biden, que vinha polindo suas credenciais verdes, e ressalta a nova realidade política depois que os EUA proibiram as importações de petróleo e gás da Rússia, nesta semana.

Jennifer Granholm, secretária de Energia dos EUA, em Washington - Andrew Harnik - 7.fev.2022/AFP

Em mais um sinal dos problemas causados por essa proibição, os EUA foram criticados pela Colômbia, um de seus principais aliados sul-americanos, por parecerem lançar as bases para retomar as importações de petróleo da Venezuela.

No último fim de semana, diplomatas americanos viajaram para a Venezuela, com a qual Washington rompeu relações diplomáticas em 2019, e especialistas disseram que isso poderia indicar uma redução das sanções ao país.

O preço da gasolina atingiu novos recordes, a mais de US$ 4,25 o galão (cerca de R$ 5,60 o litro) nos EUA, arriscando danos políticos para o presidente Joe Biden à medida que as eleições para o Congresso se aproximam.

A produção doméstica de petróleo dos EUA, que despencou durante a crise do petróleo na pandemia, permanece bem abaixo de suas máximas históricas, em parte porque os investidores disseram às empresas para priorizarem dividendos e fluxo de caixa, mais que novas campanhas de prospecção.

Granholm, falando na conferência CERAWeek em Houston (Texas), apelou ao setor petrolífero dos EUA para fechar uma nova parceria com o governo federal. "Neste momento de crise, precisamos de mais oferta", disse ela.

O Brent, referência internacional do petróleo, subiu para US$ 139 o barril, o maior valor desde 2008, no início desta semana. O preço caiu para US$ 111 na quarta-feira, parcialmente pressionado depois que os Emirados Árabes Unidos disseram que incentivariam outros membros da Opep a aumentar a produção de petróleo. Foi o primeiro membro da aliança de produtores a fazer isso desde que as tropas russas invadiram a Ucrânia.

Os comentários de Granholm foram feitos um dia depois que Amos Hochstein, alto funcionário do Departamento de Estado dos EUA, disse que os produtores de petróleo de xisto deveriam fazer "o que for preciso" para aumentar a oferta.

A abertura dos EUA para Caracas despertou a preocupação de autoridades do governo colombiano, que disseram ao Financial Times que recrutar o regime de Nicolás Maduro, da Venezuela, para fornecer mais petróleo seria politicamente problemático e tecnicamente inviável.

"Não cabe a mim julgar nem justificar", disse Iván Duque, presidente da Colômbia. "Mas nada vai mudar minha opinião sobre Maduro ser um criminoso de guerra ou ser o equivalente a um [Slobodan] Milosevic latino-americano, porque ele brutalizou seu próprio país", acrescentou, referindo-se ao falecido líder da Sérvia.

Duque acrescentou que os EUA, juntamente com muitos outros governos ocidentais, não reconhecem Maduro como presidente legítimo da Venezuela depois que Washington rotulou as eleições de 2018 como fraudulentas.

"Se você acaba de banir o petróleo do que eles chamam de ditador russo, é difícil explicar por que vai comprar petróleo do ditador venezuelano", disse Diego Mesa, ministro de Energia da Colômbia, em entrevista paralela à conferência CERAWeek.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

Myles McCormick , Justin Jacobs , Derek Brower e Gideon Long
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