Descrição de chapéu transporte público

Metrô de Belo Horizonte é privatizado e será gerido pelo Grupo Comporte

Leilão foi alvo de ofensiva da equipe de Lula e motivou greve de metroviários

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Salvador

O grupo Comporte Participações SA arrematou em leilão a estatal federal CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) em Minas Gerais e será a responsável pela gestão do sistema de metrô de Belo Horizonte.

O leilão foi realizado na manhã desta quinta-feira (22) na sede da B3 em São Paulo e teve uma única concorrente. A Comporte fez uma oferta de R$ 25,7 milhões, o que representa ágio de 33% em relação ao valor inicial do leilão, que era de R$ 19 milhões.

Retrato mostra duas janelas do vagão do metrô, que está lotado de passageiros internamente
Metrô de Belo Horizonte passará a ter gestão privada - Amanda Dias / Portal BHAZ

Holding que atua no setor de mobilidade há mais de 70 anos, o grupo Comporte tem origem na cidade de Patrocínio, em Minas Gerais. Em nota, a empresa informou que está entusiasmada com o resultado do certame e destacou que o leilão é a primeira fase da licitação, que ainda inclui outras etapas

Realizado no apagar das luzes do governo Jair Bolsonaro (PL), o leilão foi alvo de uma ofensiva da base de apoio ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que buscou travar a privatização.

A venda da CBTU de Minas também motivou uma greve de metroviários em Belo Horizonte que chega ao sétimo dia nesta quinta-feira.

A assinatura do contrato está prevista para março, já no governo Lula, depois da apresentação de documentação pela empresa vencedora, que ficará encarregada da obra de expansão do metrô da capital mineira. O volume total de investimentos é de R$ 3,7 bilhões ao longo de 30 anos de concessão.

As tentativas de travar o leilão incluíram o envio de um ofício ao ministro da Economia, Paulo Guedes, pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), que alegou que o projeto terá impacto na sociedade e que os próximos passos do processo serão tocados pelo governo eleito.

Nesta terça-feira (20), Alckmin enviou outro documento a Guedes recuando da solicitação, sem informar as razões. O gesto foi bem recebido pelo governador Romeu Zema (Novo), que apoiou Jair Bolsonaro na eleição e defendia a realização do leilão.

Outra ofensiva havia sido realizada logo após a vitória de Lula pelo senador Alexandre Silveira (PSD-MG), que atuou como membro da equipe de transição no setor de Infraestrutura. Ele apresentou projeto de lei que proibia governos derrotados nas urnas de privatizar bens ou empresas públicas após a eleição, mas a proposta não foi adiante.

Em entrevista à imprensa após o leilão desta quinta-feira, Zema afirmou que as pressões políticas foram elemento central para que houvesse apenas uma concorrente no certame.

"Os investidores ficaram um tanto quanto receosos, talvez com os movimentos que aconteceram recentemente de partidos e de algumas entidades tentando inviabilizar ou impedir esse leilão" afirmou o governador mineiro.

Sem citar o governo Lula, ele ainda creditou a falta de apetite dos investidores ao "futuro do Brasil" por sinalizar uma tendência de "não concordar com privatizações."

A privatização da CBTU de Minas está atrelada ao projeto de expansão do metrô de Belo Horizonte. A linha 2 do metrô, que ainda será construída, ligará a única linha existente da cidade até a região do Barreiro, uma das mais populosas da capital. O novo ramal terá dez quilômetros e sete estações.

Aguardada há mais de 20 anos, a obra de expansão do metrô de Belo Horizonte só deverá ser concluída em 2029, conforme cronograma do projeto.

A privatização do sistema de metrô de Belo Horizonte foi aprovada pelo TCU (Tribunal de Contas da União) em 24 de agosto. A área técnica da corte, porém, apontou necessidade de redução de R$ 245 milhões no aporte previsto pelo BNDES a ser feito no sistema depois da privatização.

A expansão do sistema se arrasta há mais de 20 anos e é constantemente citada por políticos do estado, sobretudo em períodos de eleição.

Os R$ 3,7 bilhões previstos serão aplicados na reforma de trens e estações da linha 1, a única da cidade, que liga a região norte ao município vizinho de Contagem, e na construção da linha 2.

Do total de investimentos previstos, R$ 3,2 bilhões (86%) sairão dos cofres públicos —sendo R$ 2,8 bilhões do governo federal e R$ 400 milhões do governo de Minas Gerais. Os demais 400 milhões ficam por conta da empresa vencedora.


RAIO X DO METRÔ DE BH

Linha 1:

  • Tem 19 estações e 28,1 km
  • Liga Venda Nova, na região norte, ao bairro Eldorado, no município vizinho de Contagem
  • Transporta cerca de 210 mil passageiros por dia
  • Começou a operar em 1986

Linha 2:

  • Terá dez quilômetros e sete estações
  • Ligará a a linha 1 até a região do Barreiro
  • Previsão de conclusão das obras em 2029
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