A reação de empresários aos atos golpistas, o plano B do PT para venda de refinarias e o que importa no mercado

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Empresários condenam atos golpistas

Entidades e empresários manifestaram neste domingo sua preocupação com os atos golpistas promovidos em Brasília. Eles afirmam que a ação pode ter fortes implicações na economia e elevar o risco institucional do país.

Veja a repercussão:

  • Analistas de investimentos ouvidos pela Folha dizem que os atos dão uma nova dimensão da tensão política em curso no país e tendem a afugentar o capital estrangeiro. O resultado já deve aparecer nos indicadores do câmbio e da Bolsa nesta segunda (9).
  • A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) disse em nota que "repudia com veemência as agressões ao patrimônio público nacional e a violência contra as instituições que representam o Estado Democrático de Direito".
  • A CNI (Confederação Nacional da Indústria) afirmou que "a vontade da maioria do povo brasileiro deve ser respeitada. Tais atos violentos são manifestações antidemocráticas e ilegítimas que atacam os três Poderes".
  • A nota da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) falou que "a resposta de repúdio da sociedade tem que ser contundente, apoiando a aplicação mais severa dos termos da lei aos agressores da democracia e da civilização. Todos, sem exceção, que tomaram parte nesta absurda sedição precisam ser punidos".
  • Para Fábio Barbosa, CEO da Natura&Co, o caso é absolutamente inaceitável. "Que os invasores sejam punidos rigorosamente, na forma da lei".
  • O dono da rede Havan, Luciano Hang, um dos maiores apoiadores de Bolsonaro no empresariado, disse em nota que "manifestações são legítimas quando ocorrem de maneira pacífica. Lamentável ver patrimônios públicos serem depredados desta maneira".

Sinal amarelo: a FUP (Federação Única dos Petroleiros) emitiu uma nota alertando para possíveis ataques de manifestantes extremistas a refinarias da Petrobras, o que representaria uma nova escalada dos atos golpistas deste domingo (8).

  • O objetivo alardeado por bolsonaristas seria interromper o fornecimento de combustíveis no país.
  • O MME (Ministério de Minas e Energia) disse que monitora a situação e que o abastecimento está garantido.

PT estuda alternativa para refinarias

O futuro presidente da Petrobras, senador Jean Paul Prates (PT-RN), avalia uma alternativa para cumprir o acordo da estatal com o Cade de venda das refinarias e, ao mesmo tempo, cumprir a promessa de campanha de Lula de ampliar a produção local de combustíveis para forçar a queda de preço.

Entenda: em 2019, a estatal e a autarquia firmaram um acordo para a venda de oito das 13 refinarias, o que reduziria a participação da companhia no mercado a cerca de 50%. Hoje ela detém 98% do mercado, segundo o Cade.

  • O prazo para o desinvestimento era 2021, mas até agora a Petrobras só conseguiu vender duas refinarias, uma no Amazonas e outra na Bahia.
  • Se interromper o processo de venda de suas subsidiárias, as chances de a petroleira ser condenada pelo Cade por suposto abuso de poder econômico são grandes.
  • A multa, especulam os técnicos do tribunal, pode ser muito elevada, e o desgaste na imagem da companhia, incomensurável.

A alternativa: uma das saídas analisadas é vender as refinarias, e, com o dinheiro arrecadado, construir outras unidades.

  • Além de cumprir com o acordo e aumentar os investimentos no setor, como deseja o governo, a medida também ampliaria a concorrência no setor.

Empresas públicas perdem R$ 15,4 bi em uma semana

As empresas da Bolsa com participação da União perderam R$ 15,4 bilhões em valor de mercado na primeira semana de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em números: do total, quase R$ 12,7 bilhões correspondem à desvalorização da Petrobras.

  • Desde o máximo histórico de valorização da estatal, de R$ 520 bilhões, em 21 de outubro, a companhia perdeu R$187 bilhões, nos cálculos da plataforma TradeMap.

O que explica: as estatais foram mais penalizadas pelos investidores pela expectativa de que o retorno aos acionistas tende a ser menor com uma gestão que pretende intensificar a participação dessas empresas nas políticas públicas.

  • O sentimento de intervenção política nas companhias foi reforçado após a aprovação da mudança da Lei das Estatais na Câmara.
  • O projeto que reduz para 30 dias a quarentena de indicados a ocupar cargos de presidente e diretor das empresas públicas aguarda apreciação do Senado.

Mais sobre mercado financeiro:

  • Governo faz 'declarações estapafúrdias' e afasta setor privado, diz gestora Verde.


A retomada do Fies

O Fies, programa de financiamento estudantil, deve ser retomado com o novo governo.

Para o empresário Daniel Castanho, presidente do conselho de administração da Ânima, o programa deve ser atualizado e considerar um risco de crédito para as faculdades que seja ligado ao sucesso dos alunos.



A Ânima é um dos maiores grupos de educação privada do ensino superior no Brasil. A entrevista é mais uma da série da Folha Entrevistas com o Empresariado. Veja abaixo alguns trechos (a íntegra está aqui):

  • Antigo Fies

"O problema foi que 98% das pessoas eram elegíveis. Tem que ser para quem realmente precisa e para que essas pessoas estudem nas melhores instituições. E até, quem sabe, para alguns cursos específicos, que são aqueles importantes para a sociedade como um todo".

  • Alternativa para o financiamento

" Os alunos de uma instituição poderiam ter uma taxa menor se naquela instituição se formaram alunos que aprenderam mais e que pagaram antes. É como a análise de risco de crédito em banco. Com isso, quem se forma contribui para quem está entrando pague uma taxa menor " .

  • Futuro

" EAD, para mim, é moda. Eu acho que o futuro da educação é híbrido. O que eu acredito que vai acontecer agora é a entrada na era do pós-emprego. Os trabalhos vão trabalhar agora por projetos e para solucionar problemas " .

Outras entrevistas da série da Folha:

Fabricio Bloisi, CEO do iFood; João Doria, ex-governador de São Paulo; João Camargo, presidente do grupo de empresários Esfera Brasil; Abilio Diniz, membro dos conselhos do Carrefour Global e Brasil; Antonio Carlos Pipponzi, presidente do conselho da RaiaDrogasil; Roberto Fulcherberguer, presidente da Via (Casas Bahia e Ponto).

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